A falta de uso de
capacete representou 40% de traumas e contusões em pessoas que sofreram acidentes
em estudo dos EUA; primeiro atendimento bem feito pode minimizar lesões e
sequelas
A campanha Maio Amarelo, que promove a
conscientização da população em busca da diminuição de acidentes de trânsito,
tem reforços para este ano. O avanço da mobilidade urbana alternativa
(bicicleta e patinetes) é inquestionável, mas também é um desafio porque,
consequentemente, as chances de um acidente aumentam já que nem sempre é
possível utilizar a proteção mais adequada. Por isso, saber como prestar
socorro a esse tipo de vítima é muito importante.
“Infelizmente, é raro vermos pessoas
de bicicleta e patinete que usam acessórios de segurança como o capacete, mas
esses são itens de extrema importância para esse tipo de transporte”, afirma o
Dr.
Renato Poggetti, cirurgião e coordenador do Centro de Trauma do Hospital 9 de
Julho e complementa: “com estes meios de transporte, há maior chance de colisão
na cabeça, dependendo da força da batida pode chegar a um traumatismo craniano,
leve ou até mais grave”, comenta.
Ainda não existem
estudos no Brasil sobre o comportamento dos adeptos desse tipo de transporte,
mas recentemente o JAMA Network Open¹, periódico científico americano, publicou
um artigo com dados de um levantamento realizado em alguns hospitais da
Carolina do Sul (EUA) e constatou que, dos casos analisados, 40% dos pacientes
sofreram traumatismos na cabeça e que apenas 4,4% dos acidentados usavam
capacete.
“Em casos de acidentes,
o mais importante é que o socorro seja prestado o mais rápido possível para
aumentar as chances de sobrevivência e diminuir os riscos de possíveis
sequelas”, explica o Dr. Poggetti. É preciso, porém, saber o que pode ser feito
para não agravar o caso. Por isso, o Dr. Poggetti relaciona dicas do que fazer se
você presenciar qualquer tipo de acidente.
Manter a calma – é uma situação
delicada, mas que exige toda a tranquilidade de quem faz o primeiro socorro.
Normalmente, a vítima está nervosa, procure acalmá-la. Assim, será possível
captar informações sobre o estado de saúde e entender como ocorreu o acidente
até o socorro especializado chegar. Lembre-se que a vítima deve ser movimentada
o menos possível para evitar que qualquer problema seja agravado.
Estar em segurança – sinalizar a região do
acidente para evitar novas colisões e identificar se a vítima está com alguma
parte do corpo presa, ou se há um produto tóxico no local também é importante.
Em caso de contato com substâncias tóxicas, sempre que possível, é indicado o
uso de luvas e máscaras para evitar o aumento da contaminação. Quando o socorro
chegar, informe-se sobre eventuais medidas adicionais.
Avalie as vias aéreas e
respiração
- É importante que a vítima esteja respirando sem dificuldade e que não tenha
nenhum tipo de obstrução nas vias aéreas, como vômito ou língua enrolada, por
exemplo, que podem obstruir as vias aéreas. Nesse caso posicione a vítima
deitada de lado para que as vias sejam desobstruídas e volte a respirar
normalmente.
Conter sangramentos – caso a vítima esteja
sangrando, estancar o sangramento pressionando o local é o primeiro passo para
reduzir os efeitos de hemorragias. O uso de garrotes (ou torniquetes) também
pode conter o sangramento de membros, mas só pode ser feito por pessoas que
tenham sido treinadas para esse tipo de procedimento.
Detalhes do acidente – ao pedir socorro, o
ideal é já informar a gravidade do problema para que, assim, o paciente seja
atendido com a prioridade necessária. E, logo que o atendimento pré-hospitalar
chegar ao local, deve informá-los qual foi o histórico do acidente, o estado do
paciente e quais foram os primeiros socorros prestados até aquele momento.
“Mais do que querer
ajudar, precisamos saber como fazer isso. E informação de qualidade pode salvar
vidas”, finaliza o médico.
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