Durante
muitas décadas, o sucesso profissional no Brasil esteve ligado diretamente ao
diploma. Um histórico que teve início no século 19, quando as famílias ricas
mandavam seus filhos estudar na Europa. De lá, voltavam médicos, engenheiros e
advogados. Desde então, mais do que o status social, um curso superior sempre
foi considerado uma ferramenta fundamental para uma vida melhor em um país
subdesenvolvido. Isso realmente fazia sentido, pois o sonhado diploma abria as
portas do mercado de trabalho possibilitando salários melhores, promoções
frequentes e, principalmente, estabilidade profissional.
Mas, em
pleno ano de 2017, o que tem evoluído nos cursos superiores? Considerando que a
maioria das profissões que conhecemos irá desaparecer em menos de uma década,
que nesse mesmo tempo mais da metade dos postos de trabalho existentes hoje
serão exercidos por máquinas e que todo o conhecimento acadêmico do mundo está
online e acessível na palma da mão, como as faculdades estão formando seus
alunos?
As
universidades, engessadas em modelos tradicionais, serão capazes de se
reinventar para formar uma mão de obra ainda inexistente? Nos Estados Unidos e
em países europeus e asiáticos, grandes empresas internacionais estão
priorizando cada vez mais aqueles com capacidade de encontrar soluções e de se
reinventar, que tenham responsabilidade social, talento, criatividade e vontade
de empreender, deixando em segundo plano a formação superior.
Desde o
início dos anos 1990 a competitividade exige dos profissionais um aprendizado
continuado. Somos provocados a mudar de área de atuação para seguir as melhores
oportunidades do mercado. Por esse motivo, não é coerente cursar uma nova
faculdade sempre que o mercado tomar novos rumos. Há, inclusive, o risco da
nova profissão deixar de existir antes da conclusão do curso.
As
escolas de formação rápida e prática, com os cursos mais inovadores e que
incentivam o aluno a ir além do que já foi feito, escrito, ou descoberto,
formam os profissionais capacitados a se adaptarem às mudanças e às
instabilidades de um mercado de trabalho em constante transformação. A
liberdade didática e conceitual dessas instituições permite que elas se moldem
às principais necessidades e tendências, direcionando cursos para atender as
mais variadas demandas. Essa dinâmica chegou ao Brasil nas últimas décadas e
vai ganhando espaço. A hiperespecialização, que exige conhecimentos
aprofundados em áreas bem específicas, tem movido o segmento e exigido muita
agilidade.
Você já
parou para pensar, por exemplo, quanto tempo uma universidade tradicional
demoraria para adaptar o seu programa e adicionar temas do momento, como os tão
falados drones? Até o final de 2017 serão comercializados mais de três
milhões de drones em todo o mundo, e várias profissões serão impactadas por
eles. É um instrumento transformador em logística, mapeamento e topografia, agricultura,
meio ambiente, construção civil, mineração, publicidade, eventos e jornalismo.
Esse é só um exemplo de uma nova habilidade profissional que não era nem
imaginada há poucos anos.
Com a
inteligência artificial, que será responsável por uma fase de grandes
transformações, as instituições de ensino superior vão precisar atingir um novo
patamar e quebrar paradigmas seculares. Os avanços científicos estarão sendo
desenvolvidos nos grandes laboratórios e em empresas como Google, Microsoft,
Apple, Amazon e Facebook. As áreas que necessitarem de precisão ou de repetição
não terão mercado de trabalho em escala. O mercado de trabalho será para
pessoas com talentos diferenciados. Exatidão, rotina e previsibilidade serão
qualidades para as máquinas. O mercado mais promissor será o da economia
criatividade e das várias modalidades de hospitalidade.
Os alunos das instituições de
ensino superior e aqueles que se preparam para ingressar nelas, dificilmente
terão suas expectativas atendidas. Tudo está mudando rapidamente, mas as
faculdades caminham com uma lentidão preocupante. É fundamental percebermos que
existem formas muito mais eficientes e dinâmicas para o desenvolvimento de
habilidades profissionais. Nos próximos anos, cada ser humano construirá seu caminho
profissional extremamente personalizado, passando pelo ensino formal, informal
e vivenciando experiências realmente transformadoras.
Carlos Rodolfo Sandrini - arquiteto e urbanista. No início da
década de 1990, fundou o Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br), primeira escola de
economia criativa do Brasil.
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