Estudo realizado no Cancer Research
UK (Reino Unido) e apresentado recentemente num congresso na cidade de
Manchester revela que pacientes com idade entre 50 e 64 anos são muito mais diagnosticados
com câncer de pulmão em estágio avançado do que pacientes mais velhos. Pessoas
em seus 70 anos ou mais costumam ser diagnosticadas nos primeiros estágios da
doença. O estudo tomou como base dados de 34 mil britânicos com
diagnóstico de câncer de pulmão em 2013. Foi a primeira vez que um estudo em
nível nacional relacionou o estágio da doença com a idade dos pacientes que
receberam diagnóstico.
De acordo com um dos pesquisadores, David
Kennedy, novos estudos serão realizados para saber se relação semelhante
acontece com outros tipos de câncer. No Reino Unido, 45.500 novos casos de
câncer pulmonar são diagnosticados todos os anos. Seis de cada dez casos
envolvem pessoas com mais de 70 anos. No Brasil, dados do INCA
(Instituto Nacional do Câncer) preveem mais de 28 mil novos casos da doença
este ano (atingindo cerca de 17 mil homens e 11 mil mulheres). Vale ressaltar
que o câncer de pulmão é uma das principais causas de morte evitáveis, já que
em 90% dos casos está associado ao tabagismo. Tosse, falta de ar, presença de
sangue no catarro, dor no peito e nos ombros são alguns dos sintomas mais
comuns, principalmente quando associados à perda de peso.
Na opinião do radiologista de tórax Moacir
Moreno Junior, do CDB Medicina Diagnóstica, em São Paulo, esse tipo
de câncer, quando dá sinais, geralmente está em fase avançada. Daí a
importância dos exames anuais depois dos 50 anos, principalmente se a pessoa é
fumante ativa, fumante passiva, ou tem história de câncer na família. O médico,
que costuma analisar os exames de mais de mil pacientes por ano com suspeita de
câncer pulmonar, diz que a tomografia computadorizada (TC) é um dos mais
eficientes recursos para detecção e acompanhamento da doença. “A tomografia
computadorizada deve ser realizada em pacientes com histórico de tabagismo
pesado, mas cabe ao médico solicitante tomar essa decisão juntamente com o
paciente, levando em conta outros fatores relacionados ao contexto clínico”.
Moreno explica que a tomografia
possibilita uma visão em fatias milimétricas de todo o pulmão, permitindo
detectar e medir as dimensões de um nódulo, sua posição e relação com as demais
estruturas ao redor. “A TC também pode ser utilizada, quando indicada, como
alternativa para guiar biópsias de lesões pulmonares, que auxiliam a fazer o
diagnóstico de tumores ainda em estágio inicial, aumentando as chances de cura.
É importante dizer que, mesmo quando o exame não identifica um nódulo, isso não
isenta o paciente de vir a desenvolver câncer pulmonar num futuro próximo, principalmente
se continuar a fumar. A adoção de hábitos mais saudáveis é imprescindível em
qualquer fase da vida”.
É importante ficar atento: tumores de
localização pulmonar central podem provocar tosse, ronco e falta de ar. Já os
que estão instalados no ápice pulmonar podem desencadear dores nos ombros e
braços. Mas, há tumores de pequenas dimensões e tipos silenciosos de câncer que
não dão sinais. Esses ou estão localizados em uma região mais periférica do
pulmão, ou têm dimensões tão pequenas que ainda não produzem sintomas. É
justamente nessa fase inicial que as chances de cura são maiores se a lesão for
detectada o quanto antes.
Dr.
Moacir Moreno Junior-
médico coordenador do grupo de radiologia torácica do CDB Medicina
Diagnóstica, em São Paulo – www.cdb.com.br
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