A doença de Alzheimer foi
descrita pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, em 1906. Trata-se de um
processo degenerativo do sistema nervoso central que atinge, em geral, pessoas
acima dos 65 anos de idade. Essa é a forma mais comum de demência no idoso. O
desenvolvimento da doença acontece quando o cérebro produz a proteína tau
(intracelular) e o peptídeo beta-amiloide. Essas substâncias são tóxicas para
os neurônios e estes acabam morrendo com o tempo. A perda neuronal leva à
progressiva redução da massa cerebral e, consequentemente, aos sintomas da
doença.
Nas fases iniciais, os
sintomas mais importantes são as falhas progressivas de memória em relação a
fatos recentes. Já os fatos antigos, ficam preservados. A pessoa pode se
lembrar detalhadamente de algo que ocorreu há 50 anos, mas não se lembra de
algo que ocorreu ontem, ou há poucas horas. Muitas vezes, faz a mesma pergunta
repetidamente, ouve a resposta, mas logo se esquece e pergunta de novo.
A medida que a doença
progride, a pessoa começa a ter dificuldade para se orientar no tempo e no
espaço. Ela pode se perder ao sair na rua para ir a um lugar conhecido, e
depois não achar o caminho de volta. Outros sintomas são alterações do sono,
agitação ou apatia, e até quadros psicóticos. Na fase final da doença, o
paciente perde a capacidade de se expressar, não reconhece nem os familiares e
não consegue mais cuidar de si mesmo, demandando a presença de cuidadores em
tempo integral.
Ainda há dúvidas e
controvérsias sobre as causas da doença de Alzheimer. Uma das certezas é que a
genética é um dos fatores influenciadores. O sistema nervoso central produz uma
proteína chamada apolipoproteína E (ApoE). Essa proteína tem algumas
sub-formas, e a presença do alelo E4 do gene da apolipoproteína E (ApoE4) é
considerado fator de risco elevado para o desenvolvimento da doença. Outros
fatores que podem estar envolvidos na doença de Alzheimer é a presença de
radicais livres (chamado stress oxidativo), diabetes, traumatismos cerebrais e
elevação da homocisteína, um aminoácido presente no sangue que está relacionado
com o surgimento de doenças cardiovasculares.
Na doença de Alzheimer, há
uma redução importante de um neurotransmissor chamado “acetilcolina”. A maioria
dos medicamentos usados no Alzheimer aumenta a quantidade deste
neurotransmissor no cérebro. Estes medicamentos não recuperam o que já foi
perdido (ou recuperam muito pouco), mas são úteis para reduzir a velocidade da
progressão da doença. Além do tratamento medicamentoso, os cuidados com a saúde
física, com a organização do ambiente do paciente e com a aplicação de
atividades que auxiliem na memória (leituras, jogos e informações que irão incentivar
o exercício mental) contribuem para manter a qualidade de vida do paciente.
Prof. Dr. Mario Louzã -
médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha.
Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de
Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)
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