No Dia Mundial da Infância
Sociedade Brasileira de Patologia alerta sobre câncer infantojuvenil
Dia 21 de março, é
celebrado o Dia Mundial da Infância. O câncer entre crianças e jovens é o
principal motivo de morte por doença entre pessoas de 1 a 19 anos. Mesmo com a
alta probabilidade de cura, o câncer infantojuvenil, quando descoberto tarde, é
tão nocivo quando acomete um adulto.
Dados do
Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da
UFMG mostram que o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil ainda é o
principal agravante da doença entre os jovens. A pesquisa, com jovens entre
2004 e 2012, mostrou que 42% dos casos confirmados eram de tumores do sistema
nervoso central, que só foram identificados entre quatro e seis meses depois dos
sintomas. Para tumores de partes moles (vísceras e epiderme), o tempo foi de
sete meses. Há casos que o diagnóstico demora até oito anos para ser
confirmado.
“Nos tumores
do Sistema Nervoso Central pacientes mais jovens podem ter o atraso diagnóstico
justificado pela incapacidade da criança em descrever sintomas como cefaleia ou
alterações visuais. Os sintomas inespecíficos podem confundir o quadro clínico
e contribuir para o atraso do diagnóstico. Técnicas modernas de neuroimagem,
como a tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, devem ser
usadas precocemente em pacientes com sintomas suspeitos”, comenta o
patologista e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Ricardo
Artigiani Neto.
Os
patologistas são determinantes no diagnóstico definitivo dos cânceres.
Participam desde a determinação exata do seu diagnóstico (existem dezenas de
diagnósticos diferenciais com sintomas semelhantes), estabelecem subtipos
prognósticos (muito comum em tumores pediátricos a divisão em diversos subgrupos
de diagnóstico e tratamento) e pesquisando na amostra tecidual retirada
marcadores (muitas vezes moleculares) relacionados a tratamento e prognóstico.
“O
diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é mais complicado, pois na criança
há maior dificuldade de diagnóstico de câncer pela superposição de diagnósticos
(tipos de câncer) com características semelhantes, comuns nesta idade, maior
velocidade de crescimento tumoral e sintomatologia menos evidente. Além disso,
na criança dificilmente observamos a presença de lesões pré-malignas. Neste
grupo etário usualmente o diagnóstico se faz com o câncer já instalado”,
comenta o patologista.
Segundo o médico, deve-se ficar atento as alterações
clínicas das crianças e jovens. “O câncer infantil é um grupo muito heterogêneo
de tumores, que se originam desde o Sistema Nervoso Central até tumores
hematológicos, ósseos e viscerais. Esta grande variação de localização e
variedade de tumores prejudicam e muito métodos de detecção precoce. O que se
deve fazer é observar alterações clínicas que indiquem o mais precocemente
possível a existência destes tumores”, completa o Neto.
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