sexta-feira, 21 de março de 2014


No Dia  Mundial da Infância Sociedade Brasileira de Patologia alerta sobre câncer infantojuvenil

 Dia 21 de março, é celebrado o Dia Mundial da Infância. O câncer entre crianças e jovens é o principal motivo de morte por doença entre pessoas de 1 a 19 anos. Mesmo com a alta probabilidade de cura, o câncer infantojuvenil, quando descoberto tarde, é tão nocivo quando acomete um adulto. 

Dados do Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG mostram que o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil ainda é o principal agravante da doença entre os jovens. A pesquisa, com jovens entre 2004 e 2012, mostrou que 42% dos casos confirmados eram de tumores do sistema nervoso central, que só foram identificados entre quatro e seis meses depois dos sintomas. Para tumores de partes moles (vísceras e epiderme), o tempo foi de sete meses. Há casos que o diagnóstico demora até oito anos para ser confirmado.

“Nos tumores do Sistema Nervoso Central pacientes mais jovens podem ter o atraso diagnóstico justificado pela incapacidade da criança em descrever sintomas como cefaleia ou alterações visuais. Os sintomas inespecíficos podem confundir o quadro clínico e contribuir para o atraso do diagnóstico. Técnicas modernas de neuroimagem, como a tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, devem ser usadas precocemente em pacientes com sintomas suspeitos”, comenta o patologista e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Ricardo Artigiani Neto.

Os patologistas são determinantes no diagnóstico definitivo dos cânceres. Participam desde a determinação exata do seu diagnóstico (existem dezenas de diagnósticos diferenciais com sintomas semelhantes), estabelecem subtipos prognósticos (muito comum em tumores pediátricos a divisão em diversos subgrupos de diagnóstico e tratamento) e pesquisando na amostra tecidual retirada marcadores (muitas vezes moleculares) relacionados a tratamento e prognóstico.

“O diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é mais complicado, pois na criança há maior dificuldade de diagnóstico de câncer pela superposição de diagnósticos (tipos de câncer) com características semelhantes, comuns nesta idade, maior velocidade de crescimento tumoral e sintomatologia menos evidente. Além disso, na criança dificilmente observamos a presença de lesões pré-malignas. Neste grupo etário usualmente o diagnóstico se faz com o câncer já instalado”, comenta o patologista.

Segundo o médico, deve-se ficar atento as alterações clínicas das crianças e jovens. “O câncer infantil é um grupo muito heterogêneo de tumores, que se originam desde o Sistema Nervoso Central até tumores hematológicos, ósseos e viscerais. Esta grande variação de localização e variedade de tumores prejudicam e muito métodos de detecção precoce. O que se deve fazer é observar alterações clínicas que indiquem o mais precocemente possível a existência destes tumores”, completa o Neto.

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