Adaptações para o cinema são uma forma de relembrar ou criar o interesse por obras literárias
O Dia do Cinema Brasileiro é comemorado hoje, dia 19 de junho. A data celebra as primeiras imagens realizadas no País, em 1898, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, pelo italiano radicado no Brasil, Afonso Segreto. A bordo do navio Brésil, ele voltava da França, onde tinha concluído curso sobre a operação do cinematógrafo – aparelho que projetava cenas animadas por meio de fotografias.
Desde
então, o cinema produzido no Brasil oferece ao público muitas produções que
marcaram época, retratando a cultura e costumes do povo. Entre elas, diversos
clássicos da literatura foram adaptados para a telona. Assistir essas obras
audiovisuais pode ser uma excelente forma para que estudantes se apropriem das
histórias de grandes escritores nacionais, seja relembrando os enredos ou
criando o gosto por essas leituras.
“A
adaptação cinematográfica de obras literárias é uma ponte poderosa entre o
texto escrito e o imaginário dos estudantes. Ao verem os personagens ganharem
voz, rosto e contexto, os alunos se sentem mais motivados a ler os livros
originais, pois compreendem melhor a trama e se conectam emocionalmente com a
narrativa", diz a bibliotecária do Brazilian
International School, Aline Souza.
Os
filmes continuam sendo um convite envolvente ao universo da leitura,
especialmente quando associados aos livros. “Eles ampliam as perspectivas sobre
as narrativas, despertam a curiosidade, contextualizam os períodos
sócio-históricos retratados e enriquecem a experiência literária por meio de
recursos visuais e sonoros que facilitam a compreensão do enredo — respeitando
as diferentes formas com que cada aluno acessa o conteúdo das obras”, destaca o
coordenador pedagógico da Escola Bilíngue
Aubrick, Paulo Rogerio Rodrigues de Souza.
O
audiovisual transcende os métodos tradicionais, ampliando não apenas o
aprendizado formal, mas também o repertório cultural. "Quando levamos o
cinema para a sala de aula, criamos oportunidades de discussão mais profundas
sobre linguagem, estética, intenções do autor e até as diferenças entre os
formatos. Isso amplia o senso crítico dos estudantes e valoriza o conteúdo
literário com uma abordagem atual e envolvente", acrescenta Letícia
Cabral, professora de cinema do colégio Progresso Bilíngue de
Indaiatuba.
A seguir, os educadores elencam 14 filmes inspirados em obras literárias
brasileiras.
1.
A hora da estrela
Direção: Suzana Amaral, 1985. Classificação Indicativa: 12 anos.
Macabéa, uma migrante nordestina semianalfabeta, trabalha como datilógrafa em
São Paulo. Certo dia, conhece o metalúrgico Olímpico e os dois iniciam um casto
e desajeitado namoro. Inspirado no romance de Clarice Lispector, um dos mais
lembrados e elogiados da escritora.
2.
Ainda estou aqui
Direção: Walter Salles, 2024. Classificação indicativa: 14 Anos.
Eunice Paiva é forçada a se reinventar quando sua família sofre um ato violento
do estado brasileiro. É inspirado na história real da família do ex-deputado
Rubens Paiva - assassinado pelo regime militar – que virou livro pelo filho e
escritor Marcelo Rubens Paiva. Foi o primeiro filme brasileiro vencedor do
Oscar de Melhor Filme Internacional.
3.
Capitães da Areia
Direção: Cecília Amado, 2011. Classificação indicativa: 14 anos.
Pedro Bala, Professor, Gato, Sem-Pernas, Boa Vida e Dora são personagens
imortais de Jorge Amado e um grupo de crianças abandonadas por suas famílias,
obrigadas a lutar pela sobrevivência nas ruas de Salvador, Bahia. Inspirado no
livro de mesmo nome do escritor baiano.
4.
Cidade de Deus
Direção: Fernando Meirelles, 2002. Classificação indicativa: 16 anos.
Buscapé, um jovem que foi criado em uma favela do Rio de Janeiro, usa a paixão
pela fotografia para registrar a vida no morro e escapar do mundo do crime.
Inspirado no romance de Paulo Lins, é um dos filmes brasileiros mais conhecidos
no exterior.
5.
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Direção: Pedro Vasconcelos, 2017. Classificação indicativa: 16 anos.
Neste remake do filme clássico de 1976 dirigido por Bruno Barreto, a viúva Dona
Flor se casa com um homem metódico, mas a saudade do falecido Vadinho é tanta que
o fantasma do malandro aparece para viver com o casal. Filme inspirado na obra
de Jorge Amado.
6.
Inocência
Direção: Walter Lima Jr., 1983. Classificação indicativa: 12 anos.
No Brasil imperial, um médico itinerante conhece uma moça com malária por quem
se apaixona, sendo correspondido. Entretanto, o pai da jovem a prometeu para um
rico fazendeiro. Inspirado no romance regionalista do escritor Alfredo Maria
Adriano d'Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay.
7.
Macunaíma
Direção: Joaquim Pedro de Andrade, 1969. Classificação indicativa: 12 anos.
Nascido na Amazônia, um menino negro cresce habituado a malandragens. Certo
dia, chega a São Paulo, onde, já adulto e branco, mostra ser um herói
preguiçoso e sem caráter. Inspirada em uma das obras mais importantes do
modernismo brasileiro, de Mário de Andrade.
8.
Memórias do Cárcere
Direção: Nelson Pereira dos Santos, 1984. Classificação indicativa: 14 anos.
Baseado no romance de Graciliano Ramos. A história mostra a violenta repressão
política do governo de Getúlio Vargas e a perseguição a opositores, dentre eles
o próprio escritor.
9.
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Direção: André Klotzel, 2001. Classificação indicativa: 14 anos.
Após ter morrido, Brás Cubas decide por narrar sua história e revisitar os fatos
mais importantes de sua vida, a fim de se distrair na eternidade. A partir de
então ele relembra amigos, amores e o privilégio de nunca ter precisado
trabalhar em vida. Inspirado na obra prima de Machado de Assis.
10.
Meu Pé de Laranja Lima
Direção: Marcos Bernstein, 2013. Classificação indicativa: 10 anos.
Zezé é um garoto de oito anos e de bom coração, que tem o costume de ter longas
conversas com um pé de laranja lima que fica no quintal de sua casa. Até que um
dia conhece um senhor que passa a ajudá-lo e logo se torna seu melhor amigo.
Inspirado em um dos romances infantojuvenis mais conhecidos da nossa
literatura, escrito por José Mauro de Vasconcelos.
11.
Morte e Vida Severina
Direção: Walter Avancini, 1981. Classificação indicativa: 16 anos.
O especial produzido pela TV Globo conta, através de uma narrativa poética, a
trajetória de um homem que migra da estéril caatinga para a cidade. Inspirado
no poema do escritor João Cabral de Melo Neto, com músicas compostas por Chico
Buarque, e conquistou o Emmy Internacional.
12.
O auto da Compadecida
Direção: Guel Arraes, 2000. Classificação indicativa: 12 anos.
João Grilo, um sertanejo pobre e mentiroso, e Chicó, o mais covarde dos homens,
lutam pelo pão de cada dia e enganam a todos do pequeno vilarejo de Taperoá, no
sertão da Paraíba. Baseado na peça teatral de Ariano Suassuna.
13.
O tempo e o Vento
Diretor: Jayme Monjardim, 2013. Classificação indicativa: 14 anos.
Amores, perdas, mudanças. A saga de duas famílias inimigas ao longo de 150 anos
de história no sul do Brasil. Baseado na série literária de romances históricos
do escritor brasileiro Erico Verissimo, que conta a história do Rio Grande do
Sul.
14.
Vidas secas
Diretor: Nelson Pereira dos Santos, 1963. Classificação indicativa: 14 anos.
No árido sertão nordestino, uma família de retirantes luta pela sobrevivência
em meio a injustiças sociais, corrupção e seca contínua. Baseado no livro
homônimo de Graciliano Ramos.




