A U.S. Energy
Information Administration (EIA), agência dos Estados Unidos responsável por
monitorar o setor de energia, projeta que o preço médio do diesel nos Estados
Unidos será de US$3,50 por galão em 2026, o que representa uma queda de cerca
de 4% em relação a 2025. Essa expectativa reflete, principalmente, a tendência
de baixa no custo do petróleo bruto, além de ajustes nas margens de refino e
nos padrões globais de demanda.
A agência também
prevê uma queda de aproximadamente 20% no preço do barril de petróleo Brent em
2026, com média anual estimada em US$55. Essa tendência está ligada ao aumento
dos estoques globais, à desaceleração da demanda por petróleo e à expansão da
oferta liderada pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo e aliados (OPEP+).
Mesmo assim, ainda
que os preços do diesel e do petróleo caiam no mercado internacional, isso não
garante por si só que o preço do diesel vá recuar na mesma velocidade e
proporção no Brasil.
O comportamento do
mercado interno depende de vários fatores adicionais. Embora existam outros
agentes no abastecimento, como refinarias privadas e importadores, é a
Petrobras quem ainda exerce a maior influência sobre a formação dos preços no
país. A companhia tem forte presença no mercado e sua política de preços atual
é menos previsível, na prática, do que o modelo de paridade adotado
anteriormente.
Desde maio de
2023, a companhia abandonou a política de paridade internacional, que antes
seguia as cotações do petróleo no mercado externo e o câmbio. No modelo atual,
os reajustes são baseados em dois critérios: o custo alternativo do cliente, ou
seja, quanto custaria importar o combustível, e o valor marginal para a
Petrobras, considerando seus custos internos de produção e refino. A companhia
também passou a adotar uma postura mais flexível, mencionando a possibilidade
de usar um mecanismo de amortecimento para suavizar oscilações de curto prazo.
No entanto, esse “colchão” não tem regras públicas definidas, o que aumenta a
incerteza sobre se, quando e como ele será aplicado.
Com isso, surgem
dúvidas importantes. Se o petróleo cair, e os outros fatores que impactam no
diesel se mantiverem constantes, será que a Petrobras reduziria os preços do
diesel quando o PPI (Preço de Paridade de Importação) estivesse a patamares
próximos do preço doméstico? Existiria uma demora nos anúncios das reduções ou
seria feito de imediato, beneficiando o consumidor? Será que manteria os preços
artificialmente mais altos por algum tempo, usando “o colchão” como
justificativa? Ou vai seguir com a prática de operar abaixo do PPI por mais
tempo, como tem feito nos últimos meses?
A realidade é que
prever o comportamento da Petrobras nesse cenário é complexo. Ainda que o
petróleo bruto represente em torno de 50% da composição do preço final do
diesel, existem muitos outros fatores que influenciam o valor cobrado nos
postos. O câmbio, biodiesel, impostos, os níveis de estoques, os riscos
geopolíticos como guerras, sanções ou decisões da OPEP, além das margens de
refino, impactam diretamente no custo do produto. Hoje, a estatal já está há
vários meses sem reajustar o preço do diesel, operando com valores abaixo do mercado
internacional, o que acende um alerta no setor sobre a previsibilidade e a
coerência dessa política no médio prazo.
Além de tudo isso,
2026 é ano eleitoral no Brasil, e nós sabemos bem o peso que a política já
exerceu sobre decisões na Petrobras. Isso adiciona mais uma camada de incerteza
ao cenário e levanta dúvidas sobre possíveis interferências ou decisões
estratégicas voltadas para manter os preços artificialmente controlados.
Mesmo com a
previsão de queda do petróleo e do diesel no mercado internacional, o cenário
brasileiro carrega muitas particularidades e incertezas. A forma como a
Petrobras irá atuar diante desse contexto, somada às tensões políticas e
econômicas do ano que vem, tanto internas quanto externas, pode fazer com que
os preços no Brasil não necessariamente acompanhem a tendência internacional.
Fato é que, no início de janeiro, já temos previsto o primeiro aumento no
diesel... R$0,05 por litro, culpa do reajuste do ICMS.
Vitor Sabag - especialista em combustível da Gasola by nstech
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