O ano começa e sempre temos as várias previsões de todos os tipos na área econômica, política, social, empresarial, enfim, em todas as especialidades temos muitos palpites, mas também alguns argumentos mais sólidos.
Neste ano, em que tanto esperamos pela reabertura e
normalização, como os “gurus” da área da saúde vêm comentando, a economia
mundial tem uma tendência de melhoria, e as empresas começam a planejar novos
focos de investimento, reestruturações e desenvolvimento da gestão de uma forma
assertiva.
No Brasil, ainda teremos algumas variáveis a serem
pesquisadas, como as eleições e a Copa do Mundo, que sempre acabam alterando os
planos empresariais.
No caso da sustentabilidade empresarial e ESG, já
neste começo de ano tivemos mais um posicionamento da BlackRock, a maior
empresa de investimento, que gerencia o valor de quase 10 trilhões de dólares
no mundo e 102 milhões de dólares na América Latina de investimentos. Se a
empresa fosse um país e o valor que gerencia fosse o PIB, ela estaria somente
atrás do EUA e da China, por isso acaba influenciando a governança global
corporativa.
O mercado global de investimento focados em ESG
movimentou, em 2021, cerca de U$ 30 trilhões, segundo a Bloomberg
Professional Services, sendo que este valor pode chegar a U$ 53 trilhões em
2025.
Anualmente, as cartas do CEO da Black Rock, Larry
Fink para os CEOs de outras empresas têm direcionado para as questões do ESG e
essa avalanche cultural de gestão está afetando também as filiais das
multinacionais, os investidores internacionais e as multinacionais brasileiras.
Além de todo o mercado nacional e internacional.
Agora no começo deste ano houve cinco atualizações
na política de investimentos (2022
Policies Updates) baseado em fatores importantes que são: mudanças
climáticas; cada vez mais a diversidade nos conselhos; métricas específicas e
transparência maior nos relatórios de sustentabilidade; regras mais rigorosas
para incluir a temática do ESG nos bônus dos executivos; e a introdução de uma
posição sobre mudanças no estatuto social, ou seja, colocar nos documentos jurídicos
o propósito do capitalismo de stakeholders. Ou seja, as barras estão
aumentando e as empresas precisam se movimentar!
O público em geral também está sendo atingido
mundialmente, segundo os dados do relatório 2021 da Communicating Impact,
no ano passado foram 98,7 bilhões de alcance potencial de mídia das temáticas
do Desenvolvimento Sustentável do Pacto Global da ONU contra 51,4 bilhões em
2020, estando nos destaques dos principais veículos de mídia do mundo. No
Brasil, uma pesquisa de 2021 com 1597 pessoas pela BrandLoyalty em parceria com
a Kantar, mostrou a percepção de 88% dos brasileiros com seus valores
vinculados à sustentabilidade. Em outra pesquisa de 2020, da Eldeman, com 8 mil
pessoas de vários países, 97% dos brasileiros esperam que as marcas solucionem
problemas sociais, 72% esperam que uma marca deva tomar medidas para ajudar
comunidades em tempos de crise e 83% estão atentas nos que as marcas têm a
dizer. Mostrando a importância que o capitalismo de stakeholders
precisa chegar no dia a dia das corporações.
Mas será que tudo isso é uma revolução (como já
ouvi alguns colegas falarem) ou é um movimento lento e processual?
O significado de revolução é uma transformação
radical de uma determinada estrutura, geralmente, feita de uma forma mais
abrupta, como as Revoluções Francesa e Inglesa. Mas temos também a Revolução
Industrial que teve as suas fases e agora, talvez, estejamos presenciando mais
uma.
O movimento do ESG e da sustentabilidade
empresarial não tem mais volta, sendo ela uma revolução ou não. Nestes últimos
três anos, as temáticas avançaram muito rapidamente se compararmos
historicamente desde o começo da sua implementação. E aí tudo vira uma questão
de referencial temporal para esta definição de revolução.
Mas, para este ano que inicia, precisamos evoluir para mais educação para a sustentabilidade em todas as empresas, consolidação dos indicadores e métricas de ESG, preparação de mais profissionais pelo desenvolvimento sustentável e divulgação sempre, até que todos saibam a importância deste tema.
Marcus Nakagawa - professor da ESPM; coordenador do
Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro
da Abraps; idealizador da Plataforma Dias Mais Sustentáveis; e palestrante
sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros:
Marketing para Ambientes Disruptivos, Administração por Competências e 101 Dias
com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).
www.marcusnakagawa.com,
www.diasmaissustentaveis.com
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@ProfNaka