Pela primeira vez, estudo traça o perfil da saúde
do idoso, o uso dos serviços de saúde, as limitações funcionais, as causas de
hospitalizações, entre outras condições sociais que vão permitir aprimorar as
políticas públicas para esta população
No Dia Nacional e Internacional do Idoso, celebrado
nesta segunda-feira (1º), o Ministério da Saúde divulga estudo com dados
inéditos sobre o perfil de envelhecimento desta população no Brasil. O Estudo
Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) faz parte de uma
rede internacional de grandes estudos longitudinais sobre o envelhecimento e
traz informações sobre como a população está envelhecendo e os principais
determinantes sociais e de saúde. A ideia é que esse estudo traga subsídios
para a construção e adequação de novas políticas públicas para fortalecer a
saúde do idoso.
O Elsi- Brasil apontou que 75,3% dos idosos
brasileiros dependem exclusivamente dos serviços prestados no Sistema Único de
Saúde, sendo que 83,1% realizaram pelo menos uma consulta médica nos últimos 12
meses. Nesse período, foi identificado ainda 10,2% dos idosos foram
hospitalizados uma ou mais vezes. Quase 40% dos idosos possuem uma doença
crônica e 29,8% possuem duas ou mais como diabetes, hipertensão ou artrite. Ou
seja, ao todo, cerca de 70% dos idosos possuem alguma doença crônica.
“Nós temos
que cuidar da saúde dos brasileiros desde a infância para que eles tenham uma
vida cada vez mais saudável. Isso significa voltar nossas ações para uma
alimentação saudável, para a promoção de atividades físicas, inibir o consumo
do álcool e do tabaco, e ainda para as pessoas com idade acima de 60 anos,
oportunizar o diagnóstico de doenças de forma cada vez mais precoce. É dessa
maneira que podemos oferecer à nossa população um envelhecimento saudável”,
afirmou o Ministro da Saúde, Giberto Occhi.
O estudo apontou também que 85% da população com 50
anos ou mais vivem em área urbanas. E entre os relatos sobre os hábitos de
comportamento, 43% dos idosos acompanhados pelo estudo disseram ter medo de
cair na rua.
“Mais de 80%
da população se diz satisfeita com a atenção que ela recebe.
Então ter um
sistema público de saúde universal é extremamente importante. O SUS possui bons
indicadores de resolutividade, então é necessário que se preserve o sistema que
é modelo para o mundo. Se você melhora a condição de saúde da população, você
também aumenta a longevidade no trabalho", ressaltou a pesquisadora da
Fiocruz Minas Gerais, Maria Fernanda Lima-Costa.
Para a realização do ELSI-Brasil foram investidos
R$ 7,3 milhões. Deste total, R$ 4,2 milhões são do Ministério da Saúde e R$ 3,1
milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A
pesquisa foi coordenada pela professora Maria Fernanda Lima-Costa da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais. Na primeira etapa, participaram da
pesquisa pessoas com 50 anos ou mais entre os anos 2015 e 2016 em 70 municípios
nas cinco regiões do país.
A idade de 50 anos foi utilizada devido ao interesse
em analisar o período de transição do momento produtivo para o início da
aposentadoria dos idosos (60 anos ou mais).
SAÚDE DO
IDOSO
Atualmente, os idosos representam 14,3% dos
brasileiros, ou seja, 29,3 milhões de pessoas. E, em 2030, o número de idosos
deve superar o de crianças e adolescentes de zero a quatorze anos. Em sete
décadas, a média de vida do brasileiro aumentou 30 anos saindo de 45,4 anos, em
1940, para 75,4 anos, em 2015. O envelhecimento da população tem impactos
importantes na saúde, apontando para a importância de organização da rede de
atenção à saúde para a oferta de cuidados longitudinais.
As doenças crônicas não transmissíveis atualmente
afetam boa parte da população idosa. De acordo com pesquisas anteriores
promovidas pelo Ministério da Saúde, 25,1% dos idosos tem diabetes, 18,7% são
obesos, 57,1% tem hipertensão e 66,8% tem excesso de peso. Também são
responsáveis por mais de 70% das mortes do país.
LINHA DE
CUIDADO DO IDOSO
O Ministério da Saúde lança pela primeira vez
documento para orientar a implementação de linha de cuidado integral às pessoas
idosas no SUS. O documento colocado em consulta pública em 2017 e finalizado em
2018 contribui para a garantia do bem-estar desta população. O objetivo é
que o profissional de saúde deixe de olhar somente para o cuidado da doença e
invista na necessidade dos idosos, a partir do diagnóstico de vulnerabilidades
sociais, nível de independência e autonomia e estilo de vida, considerando
alimentação, prática de exercícios e prevenção de quedas, hábitos de saúde e
histórico clínico.
“Para melhorar a saúde do idoso, temos focado muito
na qualificação da atenção primária com a capacitação e atualização dos
profissionais. Principalmente para que eles tenham um olhar diferenciado
voltado às necessidades da população idosa, uma vez que o processo de
envelhecimento é rápido e ainda temos desafios a serem superados. Estamos
preparando o sistemapúblico de saúde para as causas que geram maior
vulnerabilidade dessa população”, ressaltou a coordenadora da Saúde do Idoso,
Cristina Hoffmann.
Com esse novo olhar mais humanizado o Ministério da
Saúde elaborou este documento com orientações técnicas para que os gestores
municipais e estaduais possam construir e implementar essa linha de cuidado da
pessoa idosa. Essa iniciativa deve organizar a Rede de Atenção à Saúde, o que
significa qualificar o acolhimento, evitar internações desnecessárias e
preservar a capacidade funcional do paciente. Além disso, a linha de cuidado
vai possibilitar que o profissional de saúde identifique precocemente e
monitore os casos de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e melhore
também o controle e o rastreio de doenças e agravos como depressão, demência e
quedas.
CADERNETA DA
PESSOA IDOSA
O Ministério da Saúde também oferta gratuitamente,
a nova Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa que, após passar por atualização,
permite conhecer as necessidades de saúde dessa população atendida na Atenção
Básica. As informações contidas nesse documento passarão a ser inseridas no
Prontuário Eletrônico.
Pela Caderneta, é possível identificar o
comprometimento da capacidade funcional, condições de saúde, hábitos de vida,
vulnerabilidades, além de apresentar orientações para o autocuidado como
alimentação saudável, atividade física, prevenção de quedas, sexualidade e
armazenamento de medicamentos. Em 2017, foram distribuídas 3,9 milhões de
exemplares aos municípios com um investimento de R$ 2,9 milhões. Em 2018, mais
3 milhões de unidades devem ser entregues.
Também é ofertado gratuitamente no Google play,
pelo Ministério da Saúde, um aplicativo desenvolvido em parceria com a FIOCRUZ
/BsB chamado Saúde da Pessoa Idosa. Este aplicativo reúne três
ferramentas para ajudar na avaliação dos idosos identificando os mais
vulneráveis.
Alexandre Penido
Agência Saúde