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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Artrite Reumatoide: doença marcada pela dor atinge cerca de 2 milhões de brasileiros[1]

Tratamento adequado garante qualidade de vida, mas o longo caminho até ele é um dos desafios do paciente de doença crônica

 

Outubro é o mês de Conscientização da Artrite Reumatoide (AR), doença autoimune inflamatória e crônica que afeta as articulações gerando dores intensas e que pode provocar desgaste ósseo, limitações físicas e até comprometimento psíquico como transtornos de ansiedade e depressão, ocasionados principalmente pelo fator incapacitante da doença[2]. É importante estar atento aos principais sintomas para não demorar a procurar o médico. Entre eles destacam-se: dores intensas, inchaço e vermelhidão nas articulações, especialmente nas mãos, e dificuldade em se mexer ao acordar, durando pelo menos uma hora. Os sintomas também podem aparecer separadamente. 

“Conhecer melhor a jornada do paciente de AR é importante para compreender os principais obstáculos enfrentados durante esse percurso desafiador e marcado pela dor. A demora no diagnóstico e sua luta até chegar ao tratamento adequado, em alguns casos pode levar anos, e isso acaba impactando fortemente a qualidade de vida de quem tem AR”, afirma a Dra. Ana Cristina Medeiros, reumatologista Ana Cristina de Medeiros Ribeiro, pós-doutora e coordenadora do ambulatório de artrite reumatoide do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. 

O especialista responsável pelo tratamento da AR é o reumatologista, peça fundamental na jornada do paciente, o que já derruba um dos mitos que rondam a doença, como o de que reumatologista cuida apenas de idosos. A percepção de que a AR afetaria exclusivamente idosos é um dos mitos frequentes sobre a doença contribuindo para o atraso no diagnóstico[3]. Os primeiros sintomas costumam se manifestar em plena idade produtiva, ameaçando a realização das atividades diárias. “A doença pode começar a se manifestar ainda antes 40 anos, por volta de 35 a 55 anos em mulheres, e um pouco mais tarde em homens, mas pode atingir qualquer faixa etária. Quanto mais demorar para fazer o diagnóstico e o tratamento, maior é a perda da qualidade de vida”, declara a especialista. 

Dores nas juntas, sobretudo das mãos, também é sinal de alerta. “Os médicos precisam reconhecer a necessidade de encaminhar o paciente para o reumatologista quando a queixa for dores nas mãos. O especialista precisa saber fazer o diagnóstico precoce e conhecer todas as opções de tratamento para a doença”, afirma a reumatologista. 

 

A AR não tem cura, mas tem tratamento 

O tratamento da AR pode variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade. Além das medidas não-farmacológicas, o tratamento inclui os fármacos antirreumáticos modificadores da doença (Disease Modifying Anti-rheumatoid Drugs - DMARD) e terapia alvo com agentes biológicos[4]

De acordo com especialistas, o tratamento com imunobiológicos é um dos últimos avanços no campo da saúde para tratar as doenças autoimunes trazendo mais qualidade de vida ao paciente. Fisioterapia e terapia ocupacional também contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades do dia a dia[5]. 

“Identificar os sintomas, buscar o especialista correto para ter o diagnóstico precoce e ter acompanhamento médico que indique o tratamento adequado é a jornada que esse paciente deveria percorrer para ter mais qualidade de vida e conseguir realizar atividades básicas como se alimentar, se higienizar, trabalhar, entre outras”, afirma a reumatologista. 

 

Artrite Reumatoide além das dores 

Aderir ao tratamento adequado o quanto antes possibilita evitar também o desenvolvimento de outras doenças. A AR é sistêmica, ou seja, ela afeta todo o corpo humano, ao invés de apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados. Ela também é autoimune e outras doenças desencadeadas pelo mesmo mecanismo são mais frequentes nestes pacientes quando comparados com quem não tem a doença. Por isso, elas também são associadas a comorbidades[6].

Complicações comuns em pacientes com artrite reumatoide são doenças que estão relacionadas a deposição de placas de gordura (colesterol) nos vasos sanguíneos. Assim, doença coronariana, aterosclerose nas artérias carótidas, doença vascular periférica e acidente vascular cerebral (AVC), em especial o tipo isquêmico, podem ocorrer[7]. “Outras condições frequentemente associadas são insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus tipo 2, osteoporose com fraturas, distúrbio dos lipídios (colesterol e triglicerídeos) e doenças respiratórias associadas ao tabagismo. É importante que essas doenças sejam reconhecidas e tratadas de forma adequada. Por isso, a abordagem multidisciplinar é fundamental”, complementa a reumatologista.

 

Artrite reumatoide e saúde mental 

O afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o abalo na vida profissional, podem impactar também a saúde mental dessas pessoas[8]. Achados científicos reforçam a ligação entre a enfermidade e quadros depressivos, por exemplo. Estudos revelam que a prevalência de transtornos depressivos em portadores da doença varia entre 13% e 47%[9]. 

Alguns trabalhos apontam que a depressão teria um efeito direto sobre as citocinas, substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite reumatoide. Um artigo recente, publicado no Arthritis Care & Research diz que 1/3 dos adultos norte-americanos com artrite, com mais de 45 anos de idade, relatam ter ansiedade ou depressão. Também há grande impacto no trabalho: um terço das pessoas com AR tem afastamento do emprego nos primeiros 5 anos[10]. “A dor crônica e o prejuízo da capacidade funcional facilitam o aparecimento de depressão e ansiedade, que também podem interferir na adesão ao tratamento, agravando o quadro. A AR também pode ser um perpetuador de síndromes de amplificação de dor, como a fibromialgia. Por isso é tão importante o olhar integral para o paciente”, finaliza a especialista. 

Para mais informações sobre a Artrite Reumatoide: https://www.janssen.com/brasil/blog/viveremovimentar

 

Janssen

 https://www.janssen.com/brasil/.

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Referências

https://www.reumatologia.org.br/noticias/sociedade-brasileira-de-reumatologia-promove-campanha-nacional-de-conscientizacao-sobre-as-doencas-reumaticas-com-medicos-e-pacientes-nas-ruas-no-dia-16-de-outubro/

https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/depressao-e-ansiedade-podem-atingir-quem-tem-artrite-reumatoide-2/

Sociedade Brasileira de Reumatologia. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/

https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/06/905463/medicamentos-biologicos-para-el-tratamiento-de-artritis-reumatoide.pdf

https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/https://www.reumatologia.org.br/download/artrite-reumatoide/?tmstv=1695299462

https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/comorbidades-doencas-associadas-em-pacientes-com-artrite-reumatoide/

 

Fonte: Ipsos, Patient Journey Imunobiológicos. 2021

Dickens C, Creed F: The burden of depression in patients withrheumatoid arthritis. Rheumatology 40: 1327-30, 2001. /  Velasquez X, Pizarro C, Pizarro P, Massardo L: La depresion em artritis reumatoidea. Reumatologia 18(2): 49-52, 2002

Fonte: Ipsos, Patient Journey Imunobiológicos. 2021

[10]  Fonte: Ipsos, Patient Journey Imunobiológicos. 2021



[1] https://www.reumatologia.org.br/noticias/sociedade-brasileira-de-reumatologia-promove-campanha-nacional-de-conscientizacao-sobre-as-doencas-reumaticas-com-medicos-e-pacientes-nas-ruas-no-dia-16-de-outubro/

[3] Sociedade Brasileira de Reumatologia. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/

[5] https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/

[6] https://www.reumatologia.org.br/download/artrite-reumatoide/?tmstv=1695299462

[7] https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/comorbidades-doencas-associadas-em-pacientes-com-artrite-reumatoide/

[8]   Fonte: Ipsos, Patient Journey Imunobiológicos. 2021

[9] Dickens C, Creed F: The burden of depression in patients withrheumatoid arthritis. Rheumatology 40: 1327-30, 2001. /  Velasquez X, Pizarro C, Pizarro P, Massardo L: La depresion em artritis reumatoidea. Reumatologia 18(2): 49-52, 2002

 

Problemas de saúde mental materna são desafio para saúde pública

Psicóloga da equipe Livre Maternagem, Camila Barros, e diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, abordam a importância da discussão sobre prevenção, diagnóstico e o tratamento da depressão pós-parto     


Dados recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estimam que 25% das mães de recém-nascidos no Brasil são diagnosticadas com depressão pós-parto. O alto número de puérperas identificadas com a doença acendeu um alerta sobre a necessidade de se discutir sobre a saúde mental maternal, especialmente durante o puerpério. Considerado pela medicina obstétrica como o período que vai do momento logo após o parto até 40 dias que se seguem, o puerpério é o tempo em que, fisiologicamente, a mulher retoma seu estado mais próximo do anterior ao da gestação.  

Para Camila Barros, psicóloga especializada em saúde mental materna e que faz parte da equipe Livre Maternagem,do ponto de vista psíquico, o puerpério está relacionado ao tempo necessário para que a fusão primária mãe-bebê reduza significativamente sua intensidade e a mulher se sinta reequilibrada em seus diferentes papéis sociais – mulher, mãe, profissional, companheira, etc”.  

A nova configuração hormonal somada a um período de vulnerabilidade da mulher contribui para o aparecimento da doença. “Nesse período, a mulher é submetida a transformações radicais em seu estilo de vida e precisa tomar uma série de decisões que dizem respeito não apenas a ela. Também é preciso lidar com pressões sociais e ainda elaborar psiquicamente uma nova vida que dependerá absolutamente dela e a quem ela deve um compromisso eterno”, explica Camila.   

 

Para a diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, a prevalência da depressão pós-parto no Brasil é bem mais elevada do que a estimada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para países de baixa renda. “Uma pesquisa da Fiocruz mostrou que as mães que mais apresentaram sintomas de depressão pós-parto, de acordo com o modelo final da análise, não tinham planejado a gravidez, eram de cor parda, tinham baixa condição socioeconômica, apresentavam antecedentes de transtorno mental e praticavam hábitos não saudáveis, como o uso excessivo de álcool. A grande prevalência dessa condição no Brasil é um alerta de que é preciso se ter uma política específica para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da depressão pós-parto”, relata.  

Em tramitação na Câmara dos Deputados está o Projeto de Lei Nº 1.704, de 2019 que Institui a Política Nacional de Diagnóstico e Tratamento da Depressão Pós-Parto e seu substitutivo.  “É evidente e necessária a aprovação dessa proposta. É um passo importante e dá amparo legal para que o executivo regulamente a política no Sistema Único de Saúde e na relação com as operadoras privadas de saúde”, defende Heloisa. 

 

Segundo o Centro de Pesquisa em Saúde Materna e Infantil da City University, em Londres, o suicídio é a principal causa de morte materna até o 1º ano após o parto, no mundo. “Mais de 90% dos suicídios poderiam ser evitados com diagnóstico e tratamento adequados”, salienta Camila. Falar sobre saúde mental ainda é um tabu na sociedade, especialmente quando são as mães que estão adoecidas mentalmente. “Muitas mulheres não falam sobre seus sofrimentos, não buscam ajuda e são invisibilizadas nessa dor, seja na normalização desse sofrimento, seja por medo. A Saúde Mental Materna deveria ser pauta nos Sistemas de Saúde desde a educação sexual passando pela tentativa de engravidar, a gestação em si e o atendimento de mulheres até o 2º ano após o parto’, afirma a psicóloga.  

 

Alguns sintomas são sinais de alerta para buscar ajuda especializada: perda de interesse em assuntos relacionados ao bebê, diminuição dos autocuidados no pré-natal, vergonha da gestação, preocupação excessiva com aborto, maior isolamento social, entre outros. “É importante dizer que a gestação e o puerpério são momentos que normalmente a mulher apresenta sinais de vulnerabilidade emocional e, por isso, é tão comum as pessoas normalizarem sentimentos vistos como mais negativos. Por isso é crucial que toda e qualquer reação que seja intensa demais ou que dure tempo demais e/ou tire a mulher de seu funcionamento habitual seja olhado com cuidado”, aconselha Camila.  

Para apoiar mulheres que estão em processo de redescoberta pós-maternidade, a psicóloga criou uma cartilha, disponível gratuitamente no site https://www.livrematernagem.com.br/).    

“A Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalha com um conceito de saúde que é bem mais abrangente que a simples ausência de doença: Saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e, por isso é importante cuidar de todas essas dimensões da saúde. Nesse contexto, a promoção da saúde mental é essencial para que o indivíduo tenha a capacidade necessária de se manter em equilíbrio e assim viver de forma saudável”, conclui Heloisa. 

 

Absorção da luz por moléculas tem aplicações em microscopia, medicina e armazenamento de dados

Representação da molécula orgânica estudada,
com moléculas de água ao redor
(
imagem: Tárcius Nascimento Ramos)
Método alternativo proposto por físico brasileiro reduz de vários dias para algumas horas o tempo de simulação computacional do espectro de absorção


Conhecer a energia da luz absorvida por uma molécula possibilita entender sua estrutura, seus estados quânticos, sua interação com outras moléculas e suas possíveis aplicações tecnológicas. Moléculas com alta probabilidade de absorver simultaneamente dois fótons de luz de baixa energia apresentam uma ampla gama de aplicações: em sondas moleculares em microscopia de alta resolução, como substrato para armazenamento de dados em estruturas tridimensionais densas ou vetores em tratamentos medicinais.

O estudo do fenômeno por meios experimentais diretos apresenta, porém, dificuldades. Por isso, simulações computacionais têm sido feitas em complemento à caracterização espectroscópica. Além disso, as simulações propiciam uma visão microscópica de difícil acesso em experimentos. O problema é que simulações envolvendo moléculas relativamente grandes demandam vários dias de processamento em supercomputadores ou meses de processamento em computadores convencionais.

Para contornar essa dificuldade, um método alternativo de cálculo foi proposto pelo físico Tárcius Nascimento Ramos e colaboradores em artigo publicado em The Journal of Chemical Physics.

Doutorado em 2020 no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) com bolsa da FAPESP, Ramos é atualmente pesquisador do Fonds de la Recherche Scientifique (F.R.S.-FNRS) na Université de Namur, na Bélgica.

“Avaliamos a performance de um método semiempírico que foi muito utilizado nas décadas passadas, mas, devido ao seu caráter aproximativo, passou a ser negligenciado por parte da comunidade científica. Com ele, conseguimos reduzir o tempo de cálculo para quatro horas em computador convencional. O baixo custo computacional permitiu considerar uma ampla amostragem estatística para simulações de moléculas em soluções, algo inviável com o método atualmente hegemônico”, diz Ramos à Agência FAPESP.

O método atualmente hegemônico a que o pesquisador se refere é a Teoria do Funcional da Densidade (DFT, da expressão em inglês Density Functional Theory). Trata-se de uma ferramenta teórica amplamente utilizada em mecânica quântica, que permite descrever as propriedades eletrônicas de sistemas complexos por meio da densidade eletrônica do sistema, sem que seja necessário recorrer às funções de onda individuais de cada elétron.

“O método alternativo que utilizamos foi o INDO-S [sigla em inglês para negligência intermediária de sobreposição diferencial com parametrização espectroscópica]. Ele se baseia na função de onda do sistema molecular, mas a resolve de forma aproximada. Partes dos complexos e custosos cálculos computacionalmente são substituídos por valores tabelados obtidos por ajustes com dados espectroscópicos experimentais. Isso torna o método altamente eficiente para o estudo teórico de grandes compostos moleculares”, afirma Ramos.

Para avaliar a praticidade de utilizar um método como esse, é preciso considerar que a molécula estudada, derivada do estilbeno, possui mais de 200 átomos – de carbono, oxigênio e hidrogênio. Além do número de componentes, que por si só tornaria as simulações convencionais extremamente trabalhosas e caras, essas grandes moléculas apresentam uma complicação adicional. Elas são flexíveis e suas mudanças conformacionais (como torções, por exemplo) modificam suas propriedades eletrônicas.

“No final do estudo, nós preenchemos a lacuna experimental, caracterizando, em nível microscópico, o espectro de absorção de um e dois fótons para essa classe de moléculas. E verificamos que o método semiempírico que testamos, frequentemente negligenciado devido ao seu caráter aproximativo, é a forma mais recomendada para prever os espectros de absorção de um fóton e dois fótons por grandes moléculas em solução. Isso abre espaço para engenheiros moleculares desenvolverem novos compostos com maior eficiência nos seus diversos ramos de aplicações”, comenta Ramos.

Aqui é necessário levar em conta as diferenças entre a absorção de um fóton e a absorção de dois fótons. O princípio geral é que as moléculas absorvem fótons apenas quando podem assumir estados excitados que sejam compatíveis com as energias dos fótons. Mas as regras de seleção para absorção de um fóton ou de dois fótons não são as mesmas. Por isso, estados excitados proibidos para a absorção de um fóton podem ser permitidos para a absorção de dois fótons. Essas características diferenciais – somadas à alta resolução espacial da excitação por dois fótons, resultante de sua natureza óptica não linear – fazem com que moléculas capazes de absorver dois fótons se prestem a utilizações muito mais refinadas.

“No caso da microscopia, o imageamento apresenta resolução muito maior, possibilitando caracterizar tecidos profundos com menor dano para as estruturas do entorno. No caso do armazenamento de dados, a alta resolução permite que estruturas tridimensionais sejam criadas com grande precisão e detalhes, viabilizando codificar pontos no interior dos materiais com alta densidade de dados por volume”, informa o pesquisador.

A modelagem computacional do fenômeno de absorção de dois fótons por moléculas orgânicas em solução foi o principal tema de Ramos durante sua pesquisa de doutorado. O presente artigo é um passo adiante nessa investigação. Além da bolsa de doutorado conferida ao pesquisador, o estudo foi apoiado pela FAPESP por meio de outros dois projetos (14/50983-3 e 15/20032-0). Colaboraram Leandro Franco (Karlstad University, Suécia), Daniel Luiz da Silva (Universidade Federal de São Carlos) e Sylvio Canuto (USP).

O artigo Calculation of the one- and two-photon absorption spectra of water-soluble stilbene derivatives using a multiscale QM/MM approach pode ser lido em: https://pubs.aip.org/aip/jcp/article-abstract/159/2/024309/2902110/Calculation-of-the-one-and-two-photon-absorption?redirectedFrom=fulltext.



José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/absorcao-da-luz-por-moleculas-tem-aplicacoes-em-microscopia-medicina-e-armazenamento-de-dados/49848

 

CBD, THC e drogas K: desvendando a sopa de letrinhas

O mundo científico tem um dialeto próprio, com regras de escrita para os nomes de espécies animais, vegetais e substâncias químicas, que são oficialmente aceitas em todo o mundo. Por exemplo, Leucanthemum vulgare é o nome científico da flor popularmente conhecida como margarida e 1,3,7-Trimetilpurina-2,6-diona é o nome químico da cafeína. Além desses nomes complicados, é comum os cientistas utilizarem jargões próprios, como o acrônimo DDT, que se refere ao dicloro-difenil-tricloroetano, um inseticida antigo e bastante conhecido. Essa sopa de letrinhas muitas vezes causa confusão e interpretações falsas.

Um exemplo claro dessa confusão são as novas drogas chamadas “drogas K”. Conhecidas pela ciência há pelo menos três décadas, essas substâncias foram inicialmente desenvolvidas e estudadas como tratamentos para várias doenças, como dores crônicas, mas acabaram sendo comercializadas no mercado ilegal como entorpecentes potentes, com efeitos imprevisíveis. E, para piorar, são frequentemente confundidas e associadas ao canabidiol, que no mundo científico é chamado pelo acrônimo CBD.

Segundo o DEA, órgão de controle de entorpecentes nos Estados Unidos os produtos podem ser encontrados com várias nomenclaturas, tais como: Spice, K2, K4, K9, RedX Dawn, Paradise, Demon, Black Magic, Spike, Mr. Nice Guy, Ninja, Zohai, Dream, Genie, Sence, Smoke, Skunk, Serenity, Yucatan, Fire, Skooby Snax, and Crazy Clown (DEA, 2023).

É fundamental esclarecer que tais drogas não apresentam nenhuma relação com formulações produzidas com Canabidiol obtido através da planta, nem com Canabidiol sintético utilizado na produção de medicamentos. Como descrito acima, a droga possui moléculas específicas “fabricadas” para ocasionar alteração de sistema nervoso central, alterações sensoriais e de percepções de uma droga de abuso ilícito. Já medicamentos são desenvolvidos com moléculas com segurança e eficácia comprovadas através de inúmeros ensaios de performance, não-clínicos e clínicos.


Vamos então esclarecer?

O CBD (canabidiol) é um dos principais compostos encontrados na planta cannabis sativa, conhecida como maconha ou marijuana. Essa substância faz parte de um grupo de compostos chamados fitocanabinoides. Além do CBD, outro fitocanabinoide encontrado na planta é o THC (acrônimo de tetrahidrocanabinol). O CBD e o THC são substâncias químicas diferentes e agem de forma distinta no organismo humano: o THC tem efeito psicotrópico ou psicoativo, alterando o estado mental e afetando a função psicológica do indivíduo, enquanto o CBD não apresenta esse efeito.

Na década de 1980, John W. Huffman, professor de química da Universidade de Clemson, Estados Unidos, estudava substâncias químicas produzidas em laboratório que poderiam substituir o THC no desenvolvimento de tratamentos para dor, inflamação e alguns tipos de câncer de pele. Ele e sua equipe criaram mais de 470 compostos sintéticos diferentes para testes em animais de laboratório.

O pesquisador comparou os efeitos desses compostos sintéticos com os efeitos já conhecidos do THC, que seria como referências nesses estudos, e descobriu que alguns deles eram até 100 vezes mais potentes. Ele reuniu os resultados de sua pesquisa e os publicou em revistas científicas. Essas substâncias produzidas em laboratório, por interagirem de maneira semelhante ao THC no organismo humano, foram chamadas de canabinoides sintéticos.

Mas após a publicação do trabalho da equipe de Huffman, foi percebida a possibilidade de produzir drogas ilícitas misturando os compostos sintéticos, seguindo a “receita” divulgada pelo professor em seus artigos científicos, com ervas inofensivas para criar uma semelhança com a maconha. Assim surgiram as chamadas “drogas K”, que são compostos ilícitos “fabricados” para causar alteração de sistema nervoso central, alterações sensoriais e de percepções. Importante destacar que são completamente diferentes e não apresentam nenhuma relação com produtos farmacêuticos à base do canabidiol, que tem estudos demonstrando sua segurança e eficácia terapêutica para síndromes de epilepsia e epilepsia refratária e que apresentam potencial terapêutico para várias outras indicações como Alzheimer, dor, ansiedade, entre outras.

Além de possuir seu próprio dialeto, o mundo científico exige responsabilidade. É nos laboratórios que são descobertas formas de atenuar dores, curar doenças e garantir uma melhor qualidade de vida. Anos de estudos e testes têm permitido que pessoas ao redor do mundo tenham oportunidades de tratamento e novas chances de viver com saúde. Somente com informação e valorização da ciência conseguiremos evitar e combater os usos inadequados dessas descobertas.

 

Liberato Brum Junior - farmacêutico e gerente de Inovação e Pesquisa Clínica da Prati-Donaduzzi

Nelson Ferreira Claro Junior - Diretor de farmoquímicos da Prati-Donaduzzi

 

Cinco ações para proteger o coração

 Nosso coração está pedindo socorro! Segundo o Cardiômetro, indicador criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, o cenário é preocupante, pois só no Brasil são 1.100 mortes por dia, uma média de 46 por hora e 1 a cada 90 segundos.  

Sou médico assistente do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo, desde 1977, e atuo na Unidade de Cardiogeriatria. Com essa experiência, de quem, há quase 50 anos, tem a missão de cuidar da saúde cardíaca de homens, mulheres e suas famílias, atesto que: está em nossas mãos a grande chance de combater as doenças cardiovasculares.

 

Na minha prática clínica, tenho verificado os fatores responsáveis pela ocorrência das doenças cardíacas nos meus pacientes. Todo mundo quando fala de infarto pensa que ele ocorre somente de maneira fulminante, do dia para noite. Só que não é assim! Não se trata de estar andando e, do nada, um infarto “cai na sua cabeça”. O infarto de amanhã foi construído por todas as escolhas erradas que você fez hoje. 

 

As principais doenças da atualidade estão relacionadas ao infarto: obesidade, diabetes tipo 2, depressão e insônia. Não faltam estudos científicos publicados por instituições renomadas que apontem: o estilo de vida atual é muito mais determinante para um infarto do que a genética.

 A ciência nos mostra hoje que somente 20% dos problemas é culpa dos genes que recebemos de nossos pais. A boa notícia é que os outros 80% estão em nossas mãos. Ou seja, são os nossos hábitos de vida, os alimentos que escolhemos, a forma como gerenciamos o estresse e abrimos espaço para a espiritualidade que nos protegem ou nos adoecem.  

Nós vivemos hoje um estilo de vida altamente inflamatório, cercados de químicos tóxicos da poluição, dos agrotóxicos, dos cosméticos. 

 

O corpo fica tão sobrecarregado que torna-se ainda mais fundamental seguir os passos essenciais para sair da rota do infarto. Por isso, cinco recomendações são essenciais para proteger o coração: alimentação do estilo mediterrâneo, com mais frutas, legumes, vegetais, azeite de oliva, oleaginosas, mais peixes do que carnes vermelhas e sem industrializados e ultraprocessados; movimentar-se (caminhar, passar menos tempo sentado), afinal o sedentarismo hoje é o “novo cigarro” e usar o corpo é a forma mais eficiente que existe de proteger o coração; aprender a respirar de forma consciente e a gerenciar as emoções, pois o estresse adoece o coração da mesma forma que o tabagismo e alcoolismo: pavio curto é igual a vida curta; viva em comunidade, isto é, faça conexões profundas - elas já foram mapeadas como o fator mais decisivo para a longevidade ativa e saudável -, trabalho voluntário, estabeleça uma rede de apoio e boas relações familiares, pois trazem sentido para a existência; pratique a espiritualidade: o exercício da fé e a espiritualidade, além de preencherem o vazio interno que é gatilho de doenças, também acionam mecanismos anti-inflamatórios no organismo que são protetores do coração e do cérebro, influenciando até na redução da mortalidade.

 

Melhore seus hábitos e tenha um coração saudável e uma vida longa! 


Dr. Roque Savioli - cardiologista, médico assistente do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo, desde 1977, e integra o corpo clínico do Hospital Sírio Libanês e do Hospital Israelita Albert Einstein. Já escreveu 15 livros, sendo um deles “Um Coração de Mulher”, um dos títulos publicados pela editora Canção Nova.


Como a atividade física pode ajudar na qualidade de vida de idosos com Parkinson?

Divulgação
 Home Angels
Especialista aponta dicas para manter uma rotina saudável para os idosos acometidos pela doença


De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1% da população mundial é acometida pelo Parkinson,  doença que consiste em uma degeneração do sistema nervoso central, que é crônica e progressiva. Essa condição apresenta um sintoma muito característico: o tremor, que acarreta em um maior grau de dificuldade na realização de tarefas, comprometendo a autonomia do idoso. Os exercícios físicos podem ser grandes aliados para auxiliar no tratamento e promover melhor qualidade de vida para os acometidos pela doença.

Cada vez mais aceito como parte fundamental do tratamento, os exercícios podem incluir atividade aeróbica, treino de equilíbrio, alongamento e força.  “Antes de iniciar qualquer atividade é necessária uma avaliação, que deve ser feita por um especialista preparado para identificar condições clínicas que podem interferir na segurança e desempenho desse idoso”, afirma a coordenadora técnica da Home Angels, rede de cuidadores de pessoas supervisionadas, Janaína Rosa,  

Além dos benefícios físicos, os exercícios auxiliam diretamente na saúde emocional dos idosos.  “A atividade física traz para esse assistido um estímulo a mais, que age diretamente em seu humor. Uma dica é priorizar atividades físicas feitas em grupo, pois essa é também uma oportunidade de manter um ciclo social ativo para esse idoso, já que interagir com outras pessoas pode servir como um estímulo  mais para a constância das atividades”, ressalta.

"Para auxiliar a família nesse processo, Janaína afirma que o acompanhamento profissional pode ser um grande aliado. “O Parkinson traz alguns desafios diários e a presença de um cuidador de idosos capacitado contribui significativamente com os familiares e faz toda a diferença na rotina de cuidados. Por ser um profissional especializado, cabe a ele a responsabilidade pela administração correta dos medicamentos, assistência na locomoção, alimentação, acompanhamento dos exercícios e diversas outras atividades”, completa a coordenadora técnica".



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Outubro Rosa: Psiquiatra do CEUB aponta impactos psicológicos do câncer de mama

Consequências do diagnóstico na saúde mental demandam abordagens terapêuticas para obter resiliência durante o tratamento


O diagnóstico de câncer de mama afeta profundamente a vida de pacientes física e emocionalmente. A ansiedade, a depressão, a perda da autoestima, o medo e a incerteza são alguns dos impactos psicológicos comuns que a maioria das mulheres enfrenta após receber a notícia da doença. Lucas Benevides, psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), aponta que, para o êxito do tratamento, os desafios emocionais devem ser enfrentados com empatia, seriedade e ajuda profissional. 

De acordo com o especialista, de 20% a 25% das pacientes experimentam sintomas significativos de depressão durante o tratamento da neoplasia. Em estudo publicado no British Medical Journal, até 45% das mulheres relataram algum grau de depressão ou ansiedade dentro de um ano após o diagnóstico. “Este número varia com base em vários fatores, incluindo o estágio do câncer, o tratamento e o apoio social disponível para a paciente. A depressão pode afetar adversamente a qualidade de vida, a adesão e os resultados do tratamento, sendo fundamental o seu reconhecimento e manejo adequado em pacientes com câncer de mama.” 

Como o estigma social e os mitos relacionados ao câncer podem levar ao isolamento e resistência em buscar apoio, o psiquiatra recomenda total vigilância, tanto da paciente, quanto das famílias em combater informações incorretas e oferecer apoio emocional. Para lidar com o estresse e a ansiedade associados ao tratamento, o docente do CEUB recomenda terapias baseadas em evidências, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia de aceitação e compromisso (ACT). Sobretudo nos casos de abandono do cônjuge durante o tratamento do câncer de mama, para ajudar as pacientes a lidar com a perda, o luto, a reconstrução da autoestima e resiliência. “O apoio de terapias em grupos de pacientes e aconselhamentos desempenham um papel fundamental”, recomenda. 

De acordo com o professor, o suporte emocional familiar adequado pode melhorar significativamente a qualidade de vida, a adesão ao tratamento e o prognóstico das pacientes. Ele afirma que o atendimento psicológico pós-cirurgia resultam em menos sintomas depressivos e melhor qualidade de vida, benefícios se estendem por anos após a intervenção. “É fundamental amigos e familiares estarem atentos a sinais de alerta, como mudanças de humor, isolamento social, distúrbios de sono e apetite, e expressões de desesperança. Eles podem indicar problemas de saúde mental e requerem apoio.”

 

Outubro Rosa e conscientização

Tanto no Brasil quanto no exterior, o Outubro Rosa é dedicado a disseminar informações e criar consciência sobre o câncer de mama. O objetivo principal é contribuir para a redução da incidência da doença e da sua taxa de mortalidade. No Brasil, o câncer de mama também acomete homens, embora seja mais raro, representando menos de 1% do total de casos da doença. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo.  

As estimativas do INCA para o biênio 2020-2022 apontaram que o Brasil teria cerca de 66.280 novos casos de câncer de mama por ano, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres - podendo variar de acordo com a região, sendo mais alta nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Lucas Benevides valoriza o impacto positivo da conscientização promovida pela campanha Outubro Rosa na saúde mental das pacientes com câncer de mama. “A conscientização pode levar a um maior apoio comunitário, reduzindo o estigma e promovendo a empatia”, completa.

 

ARTESP e concessionárias de rodovias do Estado de São Paulo reforçam a campanha Outubro Rosa

Iniciativa tem o objetivo de incentivar o autocuidado para prevenir o câncer de mama



A ARTESP - Agência de Transporte do Estado de São Paulo e as 20 concessionárias que fazem parte do Programa de Concessões Rodoviárias apoiam a campanha “Outubro Rosa”, que tem como objetivo incentivar o autocuidado para prevenir o câncer de mama.

A iniciativa é uma parceria com a ONG Orientavida, que com a campanha Pense Rosa, já realizou mais de 11,7 mil mamografias, doadas a pessoas com menos acesso aos serviços de saúde, como comunidades ribeirinhas, quilombolas, entre outras.

Durante todo o mês as concessionárias exibirão nos painéis eletrônicos (PMVs) distribuídos ao longo dos 11,1 mil quilômetros da malha concedida a seguinte mensagem:

“Pense Rosa!

Previna-se contra o câncer de mama!

Procure seu médico e faça a mamografia”


“A conscientização para este tipo de causa é muito importante, por isso, a ARTESP, junto com as concessionárias do Estado devem fazer a sua parte, para que mais pessoas sejam informadas e saibam como prevenir ou descobrir a doença ainda no início, quando as chances de cura são maiores”, comenta Milton Persoli, diretor geral da ARTESP.

O câncer de mama é o tipo que mais atinge mulheres em todo o mundo e por isso, deve ser discutido e combatido com ajuda do auto exame. Os principais sintomas suspeitos deste tipo de câncer são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Além disso, também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região das axilas.

A sede da agência reguladora e as concessionárias também receberão iluminação especial em referência à campanha e publicações nas redes sociais sobre o tema serão feitas.



ONG Orientavida

A Orientavida capacita, emprega e gera renda para mulheres, em situação de vulnerabilidade social, através da costura e artesanato. Com 24 anos de história, a ONG já capacitou mais de 4 mil mulheres e beneficiou mais de 1,5 mil famílias, além de mais de 20 mil pessoas impactadas indiretamente.

Desde 2009, a Orientavida expandiu os seus eixos de atuação e iniciou a campanha Pense Rosa, visando conscientizar o maior número de mulheres sobre a importância da mamografia para a detecção precoce do câncer de mama.

"A Orientavida está profundamente grata pela parceria com a ARTESP e suas 20 concessionárias no apoio à campanha 'Outubro Rosa'. Com esses parceiros comprometidos, estamos transformando vidas e fazendo a diferença. Essa colaboração é um exemplo poderoso de como a união de forças pode salvar vidas e criar um impacto positivo duradouro”, comenta Ana Eliza Angelieri, voluntária da ONG.

De outubro até dezembro a carreta de mamografia da Orientavida estará rodando em todo o Estado, para garantir que mais pessoas sejam atendidas.



Outubro Rosa

O mês de conscientização para o controle do câncer de mama é um movimento internacional, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, nos Estados Unidos.

Celebrado anualmente, o Outubro Rosa tem o intuito de colocar o assunto em pauta na sociedade, estimular a participação da população, empresas e entidades com ações que contribuam no combate à doença, além de compartilhar informações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento para a redução da mortalidade.


Outubro Rosa: mês da prevenção ao câncer de mama

Diagnóstico precoce aumenta chances de cura


Como surgiu o “Outubro Rosa”? O movimento, hoje internacional, foi criado nos Estados Unidos na década de 90. Vários estados americanos adotaram ações isoladas visando a prevenção do câncer de mama no mês de outubro. Posteriormente, com a aprovação do Congresso Americano, outubro tornou-se o “mês nacional”. Em 1997, entidades da cidade de Yuba e Lodi começaram efetivamente a fomentar ações voltadas à conscientização, denominadas “Outubro Rosa”. Para sensibilizar a população, inicialmente, as cidades se enfeitavam com laços rosa, especialmente em locais públicos. O símbolo, mundialmente conhecido, foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, durante a primeira Corrida pela Cura, realizada em 1990, na cidade de Nova York. Na época, os corredores receberam o laço para usar durante a corrida e, depois disso, eles passaram a ser distribuídos em locais públicos, desfiles de moda e em outros eventos. 

No Brasil, a campanha chegou em 2002, ano em que o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado com a cor rosa. A partir de 2008, o movimento ganhou força e foi abraçado por todo o país, cobrindo de luzes cor de rosa os principais monumentos durante a noite.  Assim, o “Outubro Rosa” se expandiu e se tornou popular, unindo o mundo em prol de uma causa. 

A recomendação é que todas as mulheres realizem o exame clínico das mamas, no mínimo uma vez por ano, complementado pela mamografia, conforme a idade. Com o exame, consegue-se detectar nódulos muito pequenos, que não são sentidos ou observados durante a palpação. Quando o tumor é detectado precocemente, a chance de cura é de 95%.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, o câncer de mama atinge mulheres de todas as regiões do Brasil. Ele só perde para o câncer de pele como o mais incidente entre as mulheres, chegando a 66.280 novos casos por ano, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres.

O câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada de células anormais, o que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Há vários tipos de câncer de mama, alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, apresentam bom prognóstico.

Com os avanços da medicina, desde que seja realizado um diagnóstico precoce, o câncer de mama tem cura. Dentre as novas ferramentas que proporcionam maiores chances de sucesso está o modelo “Organoides Derivados de Pacientes” (PDOs) - um cultivo celular que melhor reflete in vitro as condições observadas in vivo. O teste Onco-PDO, trazido para o Brasil pela Invitrocue, permite que as células do próprio paciente sejam cultivadas e testadas para diferentes drogas quimioterápicas, e analisa como as células respondem aos diferentes tratamentos.

A novidade dos testes de organoides, como o ONCO-PDO da Invitrocue, é que pela primeira vez oferece-se uma plataforma padronizada para testar o efeito que diferentes drogas podem ter nas células tumorais de cada paciente, como alternativa às previsões clínicas de como o câncer pode responder a uma terapia. Esses exames representam um avanço tecnológico de grande relevância.

O Teste Onco-PDO permite experimentar os diferentes tratamentos em laboratório sem que o paciente sofra os efeitos secundários gerados por este tipo de medicamentos, que geralmente são muito agressivos. Disponível para coletas em todo o Brasil para câncer de mama, pulmão, colorretal, pancreático, gástrico, próstata e ovário, o Teste Onco-PDO permite que o médico escolha 8 de 60 drogas para testagem e o resultado demonstrará como as células responderam em laboratório, representando uma ferramenta de alto valor para a continuidade do tratamento. O relatório, gerado em até 21 dias, fornece informações de como os organoides derivados do paciente responderam aos diferentes tratamentos testados. 

Para mais informações, consulte a Invitrocue Brasil. Para que a nova ferramenta possa ser utilizada, converse com o seu médico para uma avaliação precisa e análise das opções de tratamento! 



Invitrocue Brasil
www.invitrocuebrasil.com.br


Sintomas intensos de TPM podem estar relacionados à menopausa precoce no futuro

Mulheres com Síndrome Pré-Menstrual (SPM)
têm mais chances de desenvolver menopausa precoce
Créditos: Envato
Cólicas fortes, dores de cabeça frequentes e irritabilidade exacerbada podem dobrar chances de último ciclo menstrual antes dos 40 anos



Mulheres que possuem a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) têm o dobro de chances de desenvolver menopausa precoce, de acordo com um estudo realizado com mais de 3 mil mulheres, divulgado em setembro. A Síndrome Pré-Menstrual é um transtorno que ocorre na fase lútea do ciclo e que é caracterizado pela irritabilidade, ansiedade, dor de cabeça, mau humor, fadiga, insônia, ganho de peso e mamas doloridas, entre outros. 

Além da SPM, há também o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), que é ainda mais grave e severo. Ele é caracterizado principalmente por sintomas que podem interferir nas atividades rotineiras da mulher, comprometendo tanto a vida pessoal quanto profissional. Alguns exemplos comuns são: instabilidade emocional, mau humor extremo, ansiedade intensa e humor deprimido. O diagnóstico do TDPM deve ser feito por um médico, levando em conta a exclusão de outras condições médicas, como transtorno de ansiedade, depressão, endometriose e problemas de tireoide, por exemplo.

A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual de uma mulher e normalmente ocorre entre os 45 e 55 anos. Quando a última menstruação ocorre antes dos 40 anos, é considerada precoce. A menopausa antes dos 45 anos é incomum, mas não é considerada precoce. 


Duas décadas de pesquisa

O estudo foi realizado com 3.635 mulheres, entre junho de 1991 e junho de 2017. Desse total, 1.220 delas apresentavam distúrbios pré-menstruais, enquanto 2.415 não apresentavam. As participantes foram avaliadas a cada dois anos para relatar a gravidade dos sintomas da TPM e registrar a data da última menstruação. Entre as mulheres com SPM, 17 relataram ter tido menopausa precoce, e entre as mulheres sem SPM, 12 relataram o mesmo. Os cálculos demonstraram uma incidência de menopausa precoce de 7,1 para cada 1.000 pessoas por ano entre as pacientes com SPM, em comparação com 2,7 casos para cada 1.000 pessoas por ano entre as pacientes sem Síndrome Pré-Menstrual. 

A pesquisa foi publicada pela revista médica Jama Network Open, que é produzida pela Associação Médica Americana. Os pesquisadores ressaltaram que o estudo tem caráter observacional, ou seja, não é possível afirmar que os sintomas graves da TPM causem menopausa precoce, mas há uma correlação entre os dois. 

Para a ginecologista Renata Mieko Hayashi, coordenadora do setor de Saúde da Mulher do Hospital São Marcelino Champagnat, é importante que as mulheres façam acompanhamento ginecológico e estejam bem informadas sobre seus corpos. “Cólicas muito intensas não são normais. Sangramento excessivo não é normal. Ter que mudar completamente a rotina devido à TPM ou ao período menstrual não é algo normal. Ter um profissional de confiança e atencioso é essencial para identificar problemas ginecológicos e considerar o melhor tratamento para cada caso”, recomenda. 


Exames de rotina para cada fase

Adolescência

- A primeira consulta com um médico ginecologista deve ser realizada na adolescência, especialmente após a menarca, que é a primeira menstruação da mulher. É importante que o acompanhamento com um especialista seja feito nessa fase da vida, fornecendo orientações sobre saúde íntima, informações sobre métodos contraceptivos e como se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.

Início da vida sexual

- A partir da primeira relação sexual, é importante que a mulher esteja atenta à necessidade de realizar o exame de Papanicolau anualmente, além de exames de sangue recomendados pelo especialista.

Exames periódicos

- O Papanicolau é feito para detectar lesões precursoras do câncer do colo do útero e infecções pelo HPV, e deve ser realizado anualmente, a menos que haja um(a) parceiro(a) fixo(a); nesse caso, a frequência pode ser reduzida para a cada três anos.

Entre 30 e 40 anos

- A partir dos 30 anos, é recomendada a mamografia para mulheres que tenham histórico de câncer de mama na família. Para as demais, a recomendação vale a partir dos 40. Além disso, um ultrassom pélvico é realizado para verificar o estado do útero, ovários e trompas. Exames de sangue são solicitados pelo médico especialista, dependendo das necessidades individuais.

Entre 40 e 50 anos

- A atenção à saúde das mamas é ainda mais importante, com a mamografia sendo realizada anualmente. Além dos exames mencionados anteriormente (que devem ser mantidos), é aconselhável uma avaliação cardíaca com um especialista. O ginecologista também deve monitorar o funcionamento da tireoide e avaliações hormonais para verificar a necessidade de reposição devido à menopausa.

Entre 50 e 60 anos

- Além dos exames citados na faixa etária anterior, recomenda-se uma avaliação da densidade óssea para verificar o risco de desenvolvimento de osteoporose.

A partir dos 60 anos

- É importante realizar um acompanhamento anual, com todos os exames relacionados acima e, se possível, agendar uma consulta com um neurologista para identificar eventual doença neurológica.

 

Seconci-SP lança a Campanha Saúde Mental – Cuidado de Todos

Objetivo é cuidar da saúde psíquica do trabalhador da construção

 

O Seconci-SP (Serviço Social da Construção) lançou em 26 de setembro, em evento híbrido, a Campanha Saúde Mental – Cuidado de Todos. Ao abrir o evento, Maristela Honda, presidente do Seconci-SP, destacou que a entidade se preocupa com a saúde mental dos colaboradores das empresas.

“Pressão no trabalho, insegurança nas ruas, violência doméstica e outros fatores têm contribuído para o aumento de casos de desestabilização emocional. Isso é muito preocupante. Chegou a hora de nossas construtoras enfrentarem essa questão e não varrê-la para debaixo do tapete”, afirmou a presidente do Seconci-SP, que também é vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP (Sindicato da Construção).

Segundo Maristela, “para contribuir, o Seconci-SP lança a Campanha Saúde Mental – Cuidado de Todos. Nós nos propusemos a orientar os diversos setores responsáveis pelas obras a identificar, acolher e ajudar aqueles que apresentem evidências de sofrimento psíquico que tem aparecido com muita frequência. Vamos também levar essas orientações para todas as nossas Regionais do Interior. E ainda contamos com o trabalho permanente dos psiquiatras, psicólogos e grupos de apoio do Seconci-SP. Com isso, além de tratar daqueles que sofrem, estaremos promovendo um ambiente de trabalho mais solidário e produtivo em nossas obras”.

Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP e membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP, afirmou que a entidade decidiu realizar a campanha para “abrir o coração do trabalhador. Não podemos ficar cegos nessa questão, temos que cuidar de sua saúde psíquica. Se houvesse no país um trabalho mais aberto, não teríamos contido episódios como o suicídio da jogadora de vôlei Walewska Oliveira?”, indagou.


Enfrentando as doenças mentais

O dr. Giancarlo Rodrigues Brandão, superintendente Ambulatorial do Seconci-SP, destacou que as patologias mentais como depressão, ansiedade e burnout, se não tratadas, podem resultar em suicídios, e alertou para a importância de combate ao estigma que leva muitas pessoas a não procurarem tratamento. Mostrou os sinais que esses pacientes dão de seu sofrimento psíquico e a necessidade de eles serem devidamente cuidados.

O superintendente explicou como funcionará a campanha. O Seconci-SP disponibiliza psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e grupos de apoio. A entidade também está lançando um programa para combater a dependência digital, com recomendações para as pessoas não se tornarem “escravas” da internet.

Cartazes e folders da nova campanha para as obras serão disponibilizados. O material estimula os trabalhadores da construção que desejarem tratamento a buscarem a Unidade do Seconci-SP mais próxima. Também serão divulgados vídeos sobre saúde mental pelas redes sociais.


Estigmatização

O enfermeiro Paulo Barros, gerente do Centro de Atenção Psicossocial Adulto (Caps) III Vila Matilde, administrado pela organização social de saúde SAS Seconci-SP, comentou que a estigmatização de quem tem sofrimento psíquico gera discriminação, e lembrou como antigamente os pacientes eram internados em manicômios, sofrendo violências físicas e psíquicas.

Ele mostrou como esse modelo foi sendo questionado, com a criação do primeiro Caps em 1987, e a criação da legislação moderna de tratamento dos pacientes, com a implementação de um novo modelo de cuidados. Elencou ainda os diversos distúrbios psíquicos que acometem os pacientes e requerem o tratamento por psiquiatras e psicólogos.

Assista ao evento, clicando aqui. https://www.youtube.com/watch?v=ofWg0umhkfY

 

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