O Dezembro Laranja marca, em todo o país, o mês de conscientização
sobre o câncer de pele, o tipo mais frequente no Brasil. Apesar da alta
incidência, a doença ainda é cercada por desinformação, o que dificulta a
prevenção e faz com que muitos casos sejam diagnosticados em fases mais
avançadas.
Entre os mitos mais comuns está a ideia de que pessoas pretas e
pardas não desenvolvem câncer de pele. De acordo com a oncologista Nadia Yumi
Hatamoto, médica do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), isso não
corresponde à realidade. “Embora tenham menor risco, pessoas pretas e pardas
também podem apresentar a doença, incluindo o melanoma acral, que surge em
regiões como palmas das mãos, plantas dos pés e unhas", explica.
Outro equívoco frequente é associar o risco apenas à praia ou ao
verão. Na prática, a maior parte da exposição solar acontece no dia a dia, em
deslocamentos curtos, atividades profissionais e tarefas rotineiras ao ar
livre. Também não é verdade que o protetor solar aplicado apenas uma vez ao dia
seja suficiente ou que apenas lesões dolorosas indiquem perigo. De acordo com a
especialista, a maioria dos melanomas não dói e seu principal sinal de alerta é
a mudança visual.
Grupos de risco
Alguns grupos populacionais exigem atenção redobrada. Pessoas de pele clara, olhos claros e cabelos claros possuem menos melanina, que funciona como uma proteção natural contra a radiação ultravioleta. Trabalhadores que passam longos períodos sob o sol, como agricultores, pescadores, pedreiros, entregadores e profissionais do trânsito, acumulam exposição intensa ao longo da vida. Também fazem parte do grupo de maior risco pessoas com muitas pintas, histórico pessoal ou familiar de câncer de pele, indivíduos imunossuprimidos e aqueles que já utilizaram câmaras de bronzeamento artificial.
É preciso estar atento
De acordo com a oncologista, existem diferentes tipos de câncer de
pele, com comportamentos distintos. O carcinoma basocelular é o mais comum e
geralmente cresce lentamente. O carcinoma espinocelular é mais agressivo e pode
se espalhar, sobretudo em pessoas imunossuprimidas. Já o melanoma, embora menos
frequente, é o mais letal devido à sua rápida capacidade de crescimento e
disseminação.
O reconhecimento precoce das lesões é determinante para o sucesso
do tratamento. No caso do melanoma, especialistas utilizam a regra do ABCDE,
que avalia assimetria, bordas irregulares, cores variadas, diâmetro acima de 6
milímetros e evolução da lesão. Já outros tipos de câncer de pele apresentam
sinais distintos, como feridas que não cicatrizam, lesões peroladas ou áreas
ásperas com crostas persistentes. “Toda lesão nova, que muda ou que não
cicatriza merece avaliação dermatológica", alerta Dra. Nadia.
O impacto do diagnóstico precoce é direto no prognóstico. Lesões
iniciais costumam ter altas taxas de cura e tratamentos menos invasivos. Em
contrapartida, tumores avançados, especialmente o melanoma, apresentam maior
risco de metástase e podem exigir terapias mais complexas.
Tratamento e prevenção
O tratamento depende do tipo e do estágio da doença. A cirurgia é
a abordagem mais utilizada, podendo variar de uma excisão simples à cirurgia
micrográfica de Mohs, indicada principalmente para áreas delicadas do rosto. Em
alguns casos, também são empregados tratamentos não cirúrgicos, como
crioterapia, terapia fotodinâmica e medicamentos tópicos. Nos estágios
avançados, a imunoterapia e as terapias-alvo têm transformado o cenário do
melanoma, ampliando significativamente a sobrevida dos pacientes.
Ainda assim, a principal arma contra o câncer de pele continua
sendo a prevenção. O uso diário de protetor solar com FPS 30 ou superior, a
reaplicação ao longo do dia, a adoção de barreiras físicas — como roupas,
chapéus e óculos escuros — e a não exposição ao sol entre 10h e 16h são medidas
fundamentais. O autoexame regular da pele e as consultas periódicas ao
dermatologista completam essa estratégia.
Instituto de Oncologia de Sorocaba
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