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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Exposição solar responde por até 90% dos casos de câncer de pele no Brasil

 

Campanha Dezembro Laranja reforça importância da fotoproteção, do diagnóstico precoce e da observação de sinais na pele


A chegada do verão reacende um dos alertas mais importantes da saúde pública brasileira: o câncer de pele. O tumor cutâneo é o mais frequente do país e representa cerca de 30% de todos os casos de câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A maioria deles — até 90% — está diretamente relacionada à exposição solar excessiva e desprotegida.

Para a médica Débora Cadore, dermatologista e especialista em Oncologia Cutânea, o Dezembro Laranja é um momento estratégico para reforçar hábitos simples que literalmente salvam vidas. “Proteger a pele do sol previne câncer, manchas, envelhecimento e mantém a saúde cutânea por décadas”, afirma.

A médica que atende em  Florianópolis explica que a fotoproteção eficiente começa pela quantidade correta de protetor solar. A chamada “Regra da Colher”, validada internacionalmente, orienta as medidas ideais para cobrir o corpo todo: uma colher de chá para rosto e pescoço, duas para o tronco, duas para costas, uma para cada braço e duas para cada perna, totalizando aproximadamente 30 mL para o corpo todo. 

Para o dia a dia, o FPS 30 já é adequado, mas exposições prolongadas exigem FPS 50+ e reaplicação a cada duas horas. A escolha da textura do produto deve considerar o tipo de pele: oil-free para peles oleosas, fórmulas mais hidratantes para peles secas.

Crianças também precisam de atenção redobrada: produtos específicos são recomendados a partir dos seis meses, e antes disso o ideal é não se expor ao sol direto. Chapéus de aba larga, roupas com proteção UV, óculos adequados, sombra sempre que possível e evitar o sol entre 10h e 16h completam a defesa contra radiação.


Diagnóstico precoce salva vidas

A Dra. Débora reforça ainda a importância da atenção às pequenas mudanças na pele. A Regra do ABCDE — Assimetria, Bordas, Cor, Diâmetro e Evolução — auxilia na identificação de sinais suspeitos. Exames como dermatoscopia, fotodermatoscopia e mapeamento corporal total permitem o diagnóstico precoce, especialmente em pessoas com muitas pintas, pele clara ou histórico familiar.


Um alerta pessoal: “Uma manchinha que não sumia mudou meu olhar para sempre

Em 2024, a dermatologista viveu na própria pele o impacto da detecção precoce. “Notei uma manchinha vermelha no braço. Não coçava, não doía, não sangrava — mas também não sumia. Como eu conheço minha pele, aquilo me chamou atenção imediatamente”, relata.

O colega dermatologista Dr. Robson Kaczmarck, que também integra o corpo clínico da Cadore Clínica Dermatológica, realizou a dermatoscopia e identificou estruturas típicas de tumor cutâneo, como crisálides e vasos polimórficos. A lesão foi retirada em consultório, com margem de segurança, e enviada para análise. O resultado confirmou o diagnóstico: carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele.

“Foi um procedimento simples, com anestesia local, cerca de 40 minutos. Recebi quatro pontos, retirei após 15 dias e hoje sigo com acompanhamento regular. Estou completamente curada. Eu conto essa história porque o diagnóstico precoce muda destinos — e observar a própria pele é um gesto de autocuidado real”, afirma.


Dezembro Laranja reforça que prevenção é atitude diária

A médica destaca que campanhas de conscientização ganham ainda mais força quando associadas a relatos reais. “O câncer de pele tem tratamento e alta taxa de cura quando identificado cedo. Mas ele também é, em grande parte, prevenível. A soma de fotoproteção correta, hábitos consistentes e avaliação especializada transforma completamente o risco individual”, explica Débora Cadore, que é   membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.


 

Débora Cadore - médica dermatologista, CEO e diretora técnica da Cadore Clínica Dermatológica, em Florianópolis. É graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e possui especialização em Dermatologia pela Santa Casa de São Paulo e em Oncologia Cutânea pelo A.C.Camargo Cancer Center. É membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e atua em Medicina Capilar, Terapias Regenerativas e Gerenciamento do Envelhecimento. Realizou fellowships internacionais em cabelos, unhas, dermatoscopia digital e microscopia confocal nas universidades de Bologna, Miami e Modena e Reggio Emilia. Preceptora da residência médica em dermatologia no Ambulatório de Cabelos e Unhas da UFSC, é autora de capítulos de livros e artigos científicos no Brasil e no exterior, além de palestrante em congressos nacionais e internacionais.

 

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