Campanha Dezembro Laranja reforça importância da fotoproteção, do diagnóstico precoce e da observação de sinais na pele
A chegada do verão reacende um dos
alertas mais importantes da saúde pública brasileira: o câncer de pele. O tumor
cutâneo é o mais frequente do país e representa cerca de 30% de todos os casos
de câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A maioria deles — até
90% — está diretamente relacionada à exposição solar excessiva e desprotegida.
Para a médica Débora Cadore, dermatologista
e especialista em Oncologia Cutânea, o Dezembro Laranja é um momento
estratégico para reforçar hábitos simples que literalmente salvam vidas.
“Proteger a pele do sol previne câncer, manchas, envelhecimento e mantém a
saúde cutânea por décadas”, afirma.
A médica que atende em
Florianópolis explica que a fotoproteção eficiente começa pela quantidade
correta de protetor solar. A chamada “Regra da Colher”, validada
internacionalmente, orienta as medidas ideais para cobrir o corpo todo: uma
colher de chá para rosto e pescoço, duas para o tronco, duas para costas, uma
para cada braço e duas para cada perna, totalizando aproximadamente 30 mL para
o corpo todo.
Para o dia a dia, o FPS 30 já é
adequado, mas exposições prolongadas exigem FPS 50+ e reaplicação a cada duas
horas. A escolha da textura do produto deve considerar o tipo de pele: oil-free
para peles oleosas, fórmulas mais hidratantes para peles secas.
Crianças também precisam de atenção
redobrada: produtos específicos são recomendados a partir dos seis meses, e
antes disso o ideal é não se expor ao sol direto. Chapéus de aba larga, roupas
com proteção UV, óculos adequados, sombra sempre que possível e evitar o sol
entre 10h e 16h completam a defesa contra radiação.
Diagnóstico precoce salva vidas
A Dra. Débora reforça ainda a
importância da atenção às pequenas mudanças na pele. A Regra do ABCDE —
Assimetria, Bordas, Cor, Diâmetro e Evolução — auxilia na identificação de
sinais suspeitos. Exames como dermatoscopia, fotodermatoscopia e mapeamento
corporal total permitem o diagnóstico precoce, especialmente em pessoas com
muitas pintas, pele clara ou histórico familiar.
Um alerta pessoal: “Uma manchinha que
não sumia mudou meu olhar para sempre”
Em 2024, a dermatologista viveu na
própria pele o impacto da detecção precoce. “Notei uma manchinha vermelha no
braço. Não coçava, não doía, não sangrava — mas também não sumia. Como eu
conheço minha pele, aquilo me chamou atenção imediatamente”, relata.
O colega dermatologista Dr.
Robson Kaczmarck, que também integra o corpo
clínico da Cadore Clínica Dermatológica, realizou
a dermatoscopia e identificou estruturas típicas de tumor cutâneo, como
crisálides e vasos polimórficos. A lesão foi retirada em consultório, com
margem de segurança, e enviada para análise. O resultado confirmou o
diagnóstico: carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele.
“Foi um procedimento simples, com
anestesia local, cerca de 40 minutos. Recebi quatro pontos, retirei após 15
dias e hoje sigo com acompanhamento regular. Estou completamente curada. Eu
conto essa história porque o diagnóstico precoce muda destinos — e observar a
própria pele é um gesto de autocuidado real”, afirma.
Dezembro Laranja reforça que prevenção
é atitude diária
A médica destaca que campanhas de
conscientização ganham ainda mais força quando associadas a relatos reais. “O
câncer de pele tem tratamento e alta taxa de cura quando identificado cedo. Mas
ele também é, em grande parte, prevenível. A soma de fotoproteção correta,
hábitos consistentes e avaliação especializada transforma completamente o risco
individual”, explica Débora Cadore, que é membro titular da Sociedade
Brasileira de Dermatologia.

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