Experiências em escolas públicas ajudam a desenhar caminhos para que a educação ambiental ganhe mais espaço e efetividade no planejamento pedagógico de 2026
Debater educação ambiental na escola tem se mostrado insuficiente
quando o tema permanece restrito a conteúdos teóricos ou ações pontuais. Cada
vez mais, iniciativas pedagógicas indicam que o aprendizado ganha força quando
as crianças participam ativamente do processo, aplicam o conhecimento no
cotidiano e levam a experiência para dentro de casa, envolvendo também suas
famílias.
Em um cenário de aumento no consumo e no descarte de
resíduos, comum nos meses de fim de ano, o período de férias escolares também
se torna estratégico para refletir sobre o próximo ciclo letivo. É justamente
nesse momento que gestores, redes de ensino e escolas estruturam projetos e
definem prioridades para o ano seguinte, abrindo espaço para iniciativas que
transformem a educação ambiental em prática contínua.
“Quando o aprendizado é construído a partir da
vivência, o aluno deixa de ser apenas receptor de informação e passa a atuar
como agente de mudança. Atividades que envolvem desafios, acompanhamento de
resultados e ações práticas estimulam o engajamento e ajudam a consolidar novos
hábitos, especialmente quando a escola cria pontes com a rotina familiar”,
afirma Claudia Pires, especialista em ESG e ciência do comportamento e CEO da
startup SO+MA.
Um exemplo positivo nesse sentido é o Missão
Reciclar, programa desenvolvido pela SO+MA e aplicado em escolas públicas de
Campo Largo, no Paraná, que uniu aprendizagem digital, desafios educativos e
práticas reais de reciclagem. Ao longo do processo, os alunos avançaram por
missões educativas mediadas por tecnologia, que combinaram conteúdo digital,
desafios práticos e acompanhamento contínuo. A realização do Dia da Prática da
Reciclagem representou a consolidação desse aprendizado, conectando escola,
famílias e cooperativas locais responsáveis pela destinação adequada dos
materiais. O volume de quase 157 quilos de recicláveis arrecadados foi
consequência direta do engajamento construído ao longo das missões e da
aplicação do conteúdo no cotidiano dos estudantes.
“Educação ambiental precisa ir além do discurso. A
criança aprende quando vive a experiência, quando percebe que sua atitude tem
impacto real e se sente parte de algo maior. O protagonismo infantil é um
fator-chave nesse processo porque as crianças levam o aprendizado para casa,
mudam a dinâmica da família, questionam hábitos e acabam mobilizando adultos.
Esse efeito multiplicador é um dos grandes potenciais da educação ambiental”,
explica Claudia Pires.
Para a professora Kesly dos Santos Ferreira Gelatti,
da Escola Municipal Policarpo Miranda, o diferencial desse tipo de abordagem
está na forma como o conteúdo é absorvido. “Quando o estudante aprende e
pratica ao mesmo tempo, o conhecimento ganha outra força. A separação dos
resíduos passa a fazer parte da rotina da casa, não fica restrita à sala de
aula”, relata.
Ela destaca que o engajamento aumenta quando a escola
acompanha o processo e reconhece o esforço dos alunos. “Acompanhar resultados,
pontuações e evolução gera entusiasmo. Eles se sentem parte de algo maior e
entendem que pequenas atitudes geram grandes mudanças”.
Aprender fazendo e compartilhando
Outro aspecto relevante dessas iniciativas é o
caráter coletivo. A prática da reciclagem deixa de ser individual para se
tornar uma ação comunitária, assim como o Missão Reciclar que também se
conectou às cooperativas e à cadeia da economia circular. Ao entender para onde
vai o resíduo e quem é impactado por ele, o aluno amplia sua visão sobre
responsabilidade socioambiental. “No fim, o mais importante não é o prêmio ou o
reconhecimento material. É a compreensão de que fazer o bem gera impacto
positivo e beneficia toda a comunidade. Isso fica como aprendizado para a
vida”, observa a professora.
Para Claudia Pires, esse modelo revela um caminho promissor
para políticas educacionais nos próximos anos. “Projetos como o Missão Reciclar
mostram que é possível ensinar sustentabilidade de forma prática, mensurável e
envolvente. Pensar em 2026 com mais iniciativas desse tipo é investir na
formação de cidadãos mais conscientes e preparados para os desafios ambientais
do futuro”.
À medida que escolas e gestores públicos buscam novas
formas de trabalhar a educação ambiental, experiências que conectam tecnologia,
prática cotidiana e participação familiar se consolidam como ferramentas
essenciais para transformar conhecimento em ação, começando pela infância e se
espalhando por toda a sociedade.

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