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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Terapia tripla passa a integrar o novo protocolo de tratamento da DPOC aprovado pelo Ministério da Saúde

Atualização do protocolo reforça diagnóstico padronizado com espirometria e aproxima o SUS das recomendações internacionais
 

O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União1 a versão atualizada do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), oficializando a adoção de novas recomendações diagnósticas e terapêuticas para os pacientes atendidos pelo SUS. Entre as mudanças, está a inclusão da terapia tripla em dispositivo único como opção de tratamento para pacientes graves e exacerbadores, a despeito da broncodilatação dupla de longa duração de ação, alinhando o cuidado prestado no sistema público às diretrizes da GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease), referência internacional para diagnóstico e manejo da doença.

Para especialistas, a publicação representa um avanço na modernização do tratamento da DPOC no país e amplia as possibilidades terapêuticas de acordo com o perfil clínico de cada paciente. “A incorporação da terapia tripla representa uma ampliação relevante das opções terapêuticas. O tratamento tende a ser cada vez mais personalizado, considerando o perfil e a evolução clínica de cada pessoa”, afirma o pneumologista Roberto Stirbulov, Coordenador da Comissão de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Mais comum após os 50 anos, a DPOC está relacionada principalmente ao tabagismo, à inalação de fumaça da queima de lenha, poluição ambiental e produtos químicos, além de fatores como prematuridade e baixa função pulmonar no início da vida. Os sintomas mais comuns incluem falta de ar, tosse crônica e produção de muco — quadros que exigem avaliação com pneumologista e confirmação por espirometria, especialmente em fumantes ou ex-fumantes. Um dos pontos reforçados pelo novo PCDT é a padronização do diagnóstico, que deve obrigatoriamente incluir a determinação dos fluxos de ar pelas vias aéreas por meio da espirometria. O exame deve ser realizado precocemente em todos os pacientes sob risco da doença, pois além de determinar o grau do acometimento da função pulmonar, reduz sub e superdiagnósticos e encurta a jornada até o início do tratamento adequado.


O que muda com o novo PCDT

A atualização publicada prevê a recomendação de novas tecnologias, incluindo medicamentos mais modernos para o manejo da doença. As diretrizes seguem princípios atualizados da GOLD, reforçando boas práticas diagnósticas e terapêuticas. O processo de revisão contou com consultas públicas — a mais recente realizada em junho de 2025. O documento também orienta a busca de alternativas terapêuticas quando houver suspensão de medicamentos, sempre de acordo com a conduta médica. Com a publicação no Diário Oficial1, os medicamentos previstos no novo PCDT devem ser disponibilizados no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) e nas redes municipais, conforme a organização local.


Impacto da terapia tripla incorporada ao SUS e aumento de casos em indivíduos jovens

Com a terapia tripla oficialmente contemplada no novo PCDT, pacientes em acompanhamento poderão precisar de reavaliação médica para eventual ajuste da prescrição às diretrizes atualizadas. Essa adequação evita descontinuidade terapêutica e garante que o manejo da doença siga o protocolo vigente. Embora a DPOC seja mais prevalente em pessoas acima dos 40 anos¹, especialistas têm alertado para o aumento de diagnósticos em faixas etárias mais jovens. Alterações no desenvolvimento pulmonar, maior exposição a poluentes, uso de cigarros eletrônicos e o diagnóstico tardio — muitas vezes confundido com asma ou quadros respiratórios inespecíficos — têm antecipado o início dos sintomas. As mudanças no desenvolvimento pulmonar e o envelhecimento precoce do pulmão também podem influenciar a manifestação da doença mais cedo, reforçando a necessidade de protocolos que identifiquem casos fora do perfil tradicional.


Sobre a DPOC

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) engloba o enfisema pulmonar e a bronquite crônica, afetando cerca de 10,1% da população e 15,8% dos adultos acima de 40 anos na cidade de São Paulo. Mais comum após os 50 anos, a doença está ligada principalmente ao fumo e à inalação de outras fumaças, poluição, poeira e produtos químicos, além de fatores como prematuridade e baixa função pulmonar no início da vida adulta. Os sintomas típicos incluem falta de ar, tosse crônica e produção de muco — sinais que exigem avaliação com pneumologista e confirmação por espirometria, especialmente em fumantes ou ex-fumantes. A DPOC é progressiva e pode limitar atividades cotidianas. Entre as medidas essenciais estão interromper a exposição causadora — geralmente o tabagismo — e manter a vacinação em dia, incluindo contra Influenza, pneumococo, VSR, COVID-19 e coqueluche (DTP)¹.

  


Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - SBPT


Referências:

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