Atualização do protocolo reforça diagnóstico
padronizado com espirometria e aproxima o SUS das recomendações internacionais
O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União1 a versão atualizada do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), oficializando a adoção de novas recomendações diagnósticas e terapêuticas para os pacientes atendidos pelo SUS. Entre as mudanças, está a inclusão da terapia tripla em dispositivo único como opção de tratamento para pacientes graves e exacerbadores, a despeito da broncodilatação dupla de longa duração de ação, alinhando o cuidado prestado no sistema público às diretrizes da GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease), referência internacional para diagnóstico e manejo da doença.
Para especialistas, a publicação representa um avanço na modernização do tratamento da DPOC no país e amplia as possibilidades terapêuticas de acordo com o perfil clínico de cada paciente. “A incorporação da terapia tripla representa uma ampliação relevante das opções terapêuticas. O tratamento tende a ser cada vez mais personalizado, considerando o perfil e a evolução clínica de cada pessoa”, afirma o pneumologista Roberto Stirbulov, Coordenador da Comissão de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Mais comum após os 50 anos, a DPOC está relacionada principalmente ao
tabagismo, à inalação de fumaça da queima de lenha, poluição ambiental e
produtos químicos, além de fatores como prematuridade e baixa função pulmonar
no início da vida. Os sintomas mais comuns incluem falta de ar, tosse crônica e
produção de muco — quadros que exigem avaliação com pneumologista e confirmação
por espirometria, especialmente em fumantes ou ex-fumantes. Um dos pontos
reforçados pelo novo PCDT é a padronização do diagnóstico, que deve
obrigatoriamente incluir a determinação dos fluxos de ar pelas vias aéreas por
meio da espirometria. O exame deve ser realizado precocemente em todos os
pacientes sob risco da doença, pois além de determinar o grau do acometimento
da função pulmonar, reduz sub e superdiagnósticos e encurta a jornada até o
início do tratamento adequado.
O que muda com o novo PCDT
A atualização publicada prevê a recomendação de novas tecnologias, incluindo
medicamentos mais modernos para o manejo da doença. As diretrizes seguem
princípios atualizados da GOLD, reforçando boas práticas diagnósticas e
terapêuticas. O processo de revisão contou com consultas públicas — a mais
recente realizada em junho de 2025. O documento também orienta a busca de
alternativas terapêuticas quando houver suspensão de medicamentos, sempre de
acordo com a conduta médica. Com a publicação no Diário Oficial1,
os medicamentos previstos no novo PCDT devem ser disponibilizados no Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) e nas redes municipais,
conforme a organização local.
Impacto da terapia tripla incorporada ao SUS e aumento de casos em
indivíduos jovens
Com a terapia tripla oficialmente contemplada no novo PCDT, pacientes em
acompanhamento poderão precisar de reavaliação médica para eventual ajuste da
prescrição às diretrizes atualizadas. Essa adequação evita descontinuidade
terapêutica e garante que o manejo da doença siga o protocolo vigente. Embora a
DPOC seja mais prevalente em pessoas acima dos 40 anos¹, especialistas têm
alertado para o aumento de diagnósticos em faixas etárias mais jovens.
Alterações no desenvolvimento pulmonar, maior exposição a poluentes, uso de
cigarros eletrônicos e o diagnóstico tardio — muitas vezes confundido com asma ou
quadros respiratórios inespecíficos — têm antecipado o início dos sintomas. As
mudanças no desenvolvimento pulmonar e o envelhecimento precoce do pulmão
também podem influenciar a manifestação da doença mais cedo, reforçando a
necessidade de protocolos que identifiquem casos fora do perfil tradicional.
Sobre a DPOC
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) engloba o enfisema pulmonar e a
bronquite crônica, afetando cerca de 10,1% da população e 15,8% dos adultos
acima de 40 anos na cidade de São Paulo. Mais comum após os 50 anos, a doença
está ligada principalmente ao fumo e à inalação de outras fumaças, poluição,
poeira e produtos químicos, além de fatores como prematuridade e baixa função
pulmonar no início da vida adulta. Os sintomas típicos incluem falta de ar,
tosse crônica e produção de muco — sinais que exigem avaliação com
pneumologista e confirmação por espirometria, especialmente em fumantes ou
ex-fumantes. A DPOC é progressiva e pode limitar atividades cotidianas. Entre
as medidas essenciais estão interromper a exposição causadora — geralmente o
tabagismo — e manter a vacinação em dia, incluindo contra Influenza,
pneumococo, VSR, COVID-19 e coqueluche (DTP)¹.
Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - SBPT
Referências:
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