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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Dezembro Vermelho: ONG revela como a mudança de nome protege crianças no processo de revelação do diagnóstico

Instituição retira o termo “Aids” do nome para evitar exposição precoce e reforça importância da testagem de mulheres no pós-parto, apontada como prioridade pelo Ministério da Saúde


O Dezembro Vermelho marca, anualmente, as ações de conscientização sobre o HIV/Aids no Brasil. Mas, neste ano, o Projeto Criança A.M.A.R. - PCA.m.a.r., traz ao debate dois temas ainda pouco discutidos pela sociedade: a proteção emocional de crianças no processo de revelação e pós revelação do diagnóstico e a urgência da testagem e prevenção de mulheres no período de amamentação, uma lacuna na prevenção da transmissão vertical. 

A decisão de retirar o termo “Aids” do nome fantasia, é uma mudança que vai além da identidade visual, nasceu da necessidade de evitar que crianças descubram sua sorologia de forma abrupta, apenas ao ler a placa da instituição. Para o PCA.m.a.r., a revelação é um processo sensível, que deve ocorrer com preparo, escuta e acompanhamento familiar e profissional. 

“A mudança para PCA.m.a.r. traduz nosso compromisso com práticas atualizadas de cuidado. Entendemos que proteger é também evitar exposição desnecessária e garantir que a revelação diagnóstica aconteça com suporte médico, psicológico e familiar”, afirma Adriana Galvão, presidente do PCA.m.a.r. 

A mudança também acompanha transformações recentes no cenário epidemiológico e nas orientações do Ministério da Saúde. Em um encontro técnico realizado neste ano, profissionais do SUS reforçaram que muitas mulheres deixam de realizar a testagem após o parto, apesar de terem sido acompanhadas durante toda a gestação, e muitas não conhecem a PrEP, profilaxia pré exposição, que pode e deve ser usada durante a aleitamento materno para a proteção contra a infecção contra o vírus HIV. 

Quando estão amamentando e não sabem que adquiriram o HIV após o nascimento do bebê, há um risco real de transmissão pelo leite materno, que pode variar de 15% a 45%. Daí a necessidade do uso de PrEP e de testagem contínua para mulheres com vida sexual ativa no pós-parto e o acompanhamento médico e nos Centros de Referência - CRT IST/Aids. 

O PCA.m.a.r reforça que esse cuidado é essencial para evitar novos casos de transmissão vertical, especialmente em um momento em que a infecção pelo aleitamento materno volta a ser uma preocupação sanitária, devido ao abandono da testagem e proteção após o período gestacional. 

“A atualização coincide com novas orientações do Ministério da Saúde, que têm destacado a importância da testagem no pós-parto. Proteger nossas crianças envolve também reforçar que mulheres com vida sexual ativa, mesmo após o nascimento, precisam continuar testando e se protegendo para evitar risco de transmissão pelo aleitamento”, finaliza Adriana.
 

Mais sobre o PCA.m.a.r. 

Há 34 anos, o então Projeto Criança Aids nasceu para acolher crianças e adolescentes vivendo com HIV em um cenário de desinformação e estigma. Em 2025, passou a se chamar Projeto Criança A.M.A.R. para refletir com mais fidelidade sua missão de cuidado, acolhimento e dignidade. 

A instituição mantém sua atuação centrada no apoio psicossocial, educativo e assistencial, com distribuição de alimentos, roupas e itens de higiene, acompanhamento por psicólogos, assistentes sociais e psicopedagogos, articulação com hospitais e Centros de Referência, além de rodas de conversa, atividades culturais e oficinas. 

A mudança de nome não altera CNPJ ou razão social, mas reforça o compromisso com a proteção emocional das crianças e o apoio às famílias no processo de revelação do diagnóstico.

 

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