Essa é a primeira vez que a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher analisa, de forma aprofundada, o cenário de violência de gênero no ambiente digital
A Pesquisa Nacional de Violência
contra a Mulher, feita pelo DataSenado e pela Nexus, em parceria com o
Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal, revela que 8,8
milhões de brasileiras — o equivalente a 10% da população feminina de 16 anos
ou mais — sofreram algum tipo de violência digital nos últimos 12 meses. O dado
marca a primeira vez em que o levantamento, na sua 11ª edição, amplia de forma
consistente o monitoramento de agressões mediadas por tecnologia, incluindo
desde mensagens ofensivas recorrentes até invasões de contas e uso de imagens
íntimas para chantagem.
As formas mais comuns de agressão
digital passam por práticas já naturalizadas no cotidiano online. A agressão
mais relatada por essas mulheres nos últimos 12 meses foi o envio de mensagens
ofensivas e ameaçadoras de forma recorrente, realidade para 5% da população, cerca
de 4,8 milhões de mulheres. Em seguida aparecem invasão de contas e
dispositivos pessoais (4%) e espalhar mentiras sobre a vítima em redes sociais
(4%), compondo um cenário de assédio que se espalha pelos principais ambientes
digitais utilizados pelas brasileiras.
Uma das situações permite comparação
entre essa edição da pesquisa e a edição anterior, de 2023: houve aumento
significativo no uso de fotos ou vídeos íntimos com objetivo de chantagear a
vítima que passou de 1% para 2%. Embora pareça um percentual pequeno, ele
representa mais de 1,4 milhão de brasileiras expostas a um tipo de coerção que
combina violência psicológica, sexual e tecnológica.
No geral, mulheres mais novas, de 16
a 29 anos, tendem a vivenciar mais tipos de violências digitais do que mulheres
mais velhas. O recebimento de mensagens ofensivas e ameaçadoras de forma
recorrente, por exemplo, que atinge 5% das brasileiras, chega a 9% nessa faixa
etária. Ao todo, 15% das brasileiras mais jovens afirmaram terem sofrido algum
tipo de violência digital nos últimos 12 meses, contra 10% da média brasileira.
“Os dados mostram a violência digital que ocorre com parceiros íntimos, familiares ou pessoas próximas. Essa dinâmica reforça que a tecnologia, em vez de criar um novo agressor, amplia o alcance de violências já existentes”, destaca Maria Teresa Firmino Prado Mauro, coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal.
Metodologia da Pesquisa Nacional de Violência contra Mulheres
Criada em 2005 para subsidiar a elaboração da Lei Maria da Penha, a pesquisa é
realizada a cada dois anos e ouviu, nesta edição, 21.641 mulheres com 16 anos
ou mais em todo o país. É uma das principais referências nacionais para
formulação e monitoramento de políticas públicas voltadas à proteção das
mulheres.
As amostras do DataSenado e da Nexus
são totalmente probabilísticas, permitindo calcular a margem de erro para cada
resultado com nível de confiança de 95%. Para estimativas simples envolvendo
todas as 21.641 mulheres entrevistadas, a margem de erro média foi de 0,69
ponto percentual, com desvio padrão de 0,45 ponto percentual. As entrevistas
foram distribuídas por todas as unidades da Federação, por meio de ligações
para telefones fixos e móveis, com alocação uniforme por estado e Distrito
Federal.
SOBRE O INSTITUTO DATASENADO
O Instituto de Pesquisa DataSenado tem mais de 20 anos de história e foi criado
pelo Senado Federal para reforçar a representação parlamentar federativa do
Senado Federal. Este levantamento integra série histórica iniciada em 2005 e
tem por objetivo ouvir cidadãs brasileiras acerca de aspectos relacionados à
desigualdade de gênero e a agressões contra mulheres no país. Essa e outras
pesquisas sobre os mais diversos temas estão disponíveis no site do DataSenado.
SOBRE O OBSERVATÓRIO DA MULHER CONTRA A VIOLÊNCIA
Criado em 2016 pelo Senado Federal, o
Observatório da Mulher contra a Violência reúne, analisa e divulga dados sobre
a violência de gênero no Brasil. Em parceria com o Instituto DataSenado, atua
na produção e integração de informações que subsidiam políticas públicas e
fomenta o intercâmbio entre as principais instituições envolvidas no
enfrentamento à violência contra mulheres.
Nexus

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