Com alta incidência entre jogadores,
lesão no ligamento cruzado anterior impõe longos afastamentos e desafia equipes
médicas; SBRATE explica questão
Freepik
IA
Basta um giro em falso, um salto mal calculado ou um simples movimento no jogo para mudar completamente a trajetória de um atleta. A lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das mais temidas no esporte, especialmente no futebol, por exigir cirurgia, reabilitação intensa e meses longe das competições.
O LCA é um dos principais ligamentos do joelho, responsável por garantir a estabilidade da articulação, especialmente em movimentos de rotação e no deslocamento da tíbia para frente. Localizado no centro do joelho, ele se cruza com o ligamento cruzado posterior (LCP) e tem como principal função impedir movimentos excessivos da tíbia. “Quando o LCA é rompido, há uma destruição do ligamento, e o joelho perde a capacidade de evitar os movimentos normais da articulação. A ausência do ligamento faz com que o joelho passe a ter determinados movimentos anômalos. Aumenta muito a instabilidade dessa articulação”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), Dr. João Grangeiro.
Diversos jogadores já sofreram essa lesão, como o atacante Ryan Francisco, uma das principais promessas do São Paulo. Ele acaba de passar por uma cirurgia para reconstrução do ligamento cruzado e regularização de lesão meniscal do joelho esquerdo. O tempo de recuperação é de, pelo menos, seis meses.
No Brasil, durante o ano de 2024, foram registrados 28 casos de lesão no LCA.
O problema também atingiu, em 2023, Neymar Junior, durante uma partida da Seleção Brasileira contra o Uruguai. Na ocasião, ele sofreu uma torção no joelho após um choque com o adversário, contato seguido de mau apoio no gramado. A recuperação demorou cerca de um ano.
No
futebol feminino, Marta Vieira da Silva também passou pelo mesmo drama. A
jogadora sofreu a ruptura do ligamento em 2022, durante um jogo oficial pelo
Orlando Pride, após uma colisão no ar e queda em falso. Depois de 12 meses de
recuperação, Marta voltou aos gramados em um amistoso contra o Japão, em
fevereiro de 2023.
Tratamento
e recuperação
“O tratamento para a lesão no LCA pode ser cirúrgico ou não cirúrgico, vai depender da gravidade e do perfil de cada paciente. Em casos de lesões parciais, ou em pessoas que não praticam atividades físicas com frequência, a recuperação pode ser feita por meio de fisioterapia, fortalecimento muscular e uso de anti-inflamatórios. Já nas rupturas totais, especialmente entre atletas, a cirurgia de reconstrução do LCA é frequentemente necessária para restaurar a estabilidade do joelho e permitir o retorno ao esporte”, explica o presidente da SBRATE.
Depois do procedimento, o cuidado com o joelho continua sendo essencial para garantir uma recuperação segura e eficaz. “O pós-operatório envolve cuidados com dor, inchaço, reabilitação e retorno gradual às atividades. A fisioterapia é fundamental para recuperar a força e a amplitude de movimento, começando com exercícios sem impacto e evoluindo até a retomada esportiva. O paciente geralmente recebe alta no mesmo dia da cirurgia e deve seguir com repouso, uso de gelo, elevação do membro operado e auxílio de muletas para locomoção”, afirma.
A recuperação completa é o que todo atleta busca ao passar por uma cirurgia no joelho. Para isso, o tratamento tem como foco devolver a estabilidade da articulação e permitir o retorno seguro ao esporte. “Hoje, a proposta do tratamento cirúrgico é devolver a estabilidade do joelho e reparar aquelas lesões que porventura estejam associadas. Sem dúvida alguma, isso confere ao atleta possibilidade de retorno ao esporte de maneira plena”, completa.
Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte - SBRATE
Nenhum comentário:
Postar um comentário