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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Gravidez, parto e puerpério: mitos e verdades sobre saúde mental nesse período

Crédito: Drazen Zigic
Psicóloga perinatal explica algumas frases ouvidas por gestantes e ajuda a identificar e tratar emoções difíceis na gravidez, parto, luto e maternidade real

 

É comum que muitas mulheres escutem frases como “gravidez não é doença”, “toda mãe dá conta”, ou “depois que o bebê nascer, tudo melhora”. Mas, na prática, nem sempre é assim. Mudanças físicas, emocionais e sociais intensas tornam o período da gestação e do puerpério um dos mais vulneráveis para a saúde mental.

 

Apesar disso, muitas famílias ainda não conhecem a psicologia perinatal, área da psicologia voltada ao cuidado emocional antes, durante e depois da gravidez. A seguir, a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, referência nacional no tema e fundadora do Instituto MaterOnline, esclarece os principais mitos e verdades sobre esse cuidado essencial.

 

Tristeza no pós-parto é normal e passa sozinha

 

Mito. Não necessariamente. Algumas mulheres vivem o chamado “baby blues”, que é comum e passageiro. Mas em outros casos, a tristeza pode ser sinal de depressão perinatal, que afeta até 1 em cada 4 mulheres. Se os sintomas forem persistentes, intensos ou atrapalharem o vínculo com o bebê, é fundamental procurar ajuda profissional.

 

Cuidar da saúde mental na gestação protege também o bebê

 

Verdade. Altos níveis de estresse, ansiedade ou tristeza profunda podem afetar o desenvolvimento da criança ainda na barriga. Também influenciam no vínculo após o parto e na amamentação. Cuidar da saúde emocional da mulher é cuidar da saúde de toda a família.

 

A psicologia perinatal é só para quem tem depressão

 

Mito. Essa área também atua de forma preventiva. Ajuda mulheres e famílias a lidar com inseguranças, medo do parto, dificuldades com a amamentação, exaustão, sobrecarga, crises no relacionamento, luto e muitas outras questões do ciclo da maternidade.

 

O puerpério é um dos períodos mais delicados da vida da mulher

 

Verdade. Muita gente romantiza o pós-parto como um momento de plenitude, mas a ciência mostra que é o período de maior risco para o surgimento de transtornos mentais na vida da mulher. Ter apoio psicológico nesse momento pode fazer toda a diferença.

 

Só mulheres com parto traumático ou perdas precisam de ajuda emocional

 

Mito. Mesmo em gestações planejadas e partos tranquilos, muitas mulheres se sentem culpadas, sobrecarregadas ou emocionalmente distantes do bebê. A psicologia perinatal ajuda a entender e acolher esses sentimentos, sem julgamento.

 

A psicologia perinatal também está presente no SUS

 

Verdade. O atendimento psicológico no pré-natal e pós-parto já é garantido por lei (Lei 14.721/2023). Muitas unidades de saúde oferecem esse cuidado gratuitamente, e também existem clínicas-escola e projetos sociais que facilitam o acesso.

 

Procurar um psicólogo nesse período é sinal de fraqueza

 

Mito. É exatamente o contrário. Buscar ajuda emocional na gestação ou no pós-parto é um ato de coragem, responsabilidade e cuidado com a própria saúde e com a do bebê. A mulher não precisa dar conta de tudo sozinha, e não deve se sentir culpada por pedir apoio.

 

Psicologia perinatal é só para a mulher grávida

 

Mito. Não é. A atuação também envolve o companheiro ou companheira, avós, irmãos, cuidadores e qualquer pessoa que faça parte da rotina da mãe e do bebê. Quando a rede de apoio também recebe orientação, escuta e acolhimento, o impacto do cuidado é maior e mais duradouro. A chegada de um bebê transforma a vida de todos, e todo mundo pode se beneficiar desse suporte emocional.

 

Profª-Dra. Rafaela de Almeida Schiavo - psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil. Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade.

 

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