Psicóloga perinatal explica algumas
frases ouvidas por gestantes e ajuda a identificar e tratar emoções difíceis na
gravidez, parto, luto e maternidade real
Crédito: Drazen Zigic
É
comum que muitas mulheres escutem frases como “gravidez não é doença”, “toda
mãe dá conta”, ou “depois que o bebê nascer, tudo melhora”. Mas, na prática,
nem sempre é assim. Mudanças físicas, emocionais e sociais intensas tornam o
período da gestação e do puerpério um dos mais vulneráveis para a saúde mental.
Apesar
disso, muitas famílias ainda não conhecem a psicologia perinatal, área da
psicologia voltada ao cuidado emocional antes, durante e depois da gravidez. A
seguir, a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, referência nacional no tema e
fundadora do Instituto MaterOnline, esclarece os principais mitos e verdades
sobre esse cuidado essencial.
Tristeza
no pós-parto é normal e passa sozinha
Mito. Não necessariamente. Algumas mulheres vivem o
chamado “baby blues”, que é comum e passageiro. Mas em outros casos, a tristeza
pode ser sinal de depressão perinatal, que afeta até 1 em cada 4 mulheres. Se
os sintomas forem persistentes, intensos ou atrapalharem o vínculo com o bebê,
é fundamental procurar ajuda profissional.
Cuidar
da saúde mental na gestação protege também o bebê
Verdade. Altos níveis de estresse, ansiedade ou
tristeza profunda podem afetar o desenvolvimento da criança ainda na barriga.
Também influenciam no vínculo após o parto e na amamentação. Cuidar da saúde
emocional da mulher é cuidar da saúde de toda a família.
A
psicologia perinatal é só para quem tem depressão
Mito. Essa área também atua de forma preventiva.
Ajuda mulheres e famílias a lidar com inseguranças, medo do parto, dificuldades
com a amamentação, exaustão, sobrecarga, crises no relacionamento, luto e
muitas outras questões do ciclo da maternidade.
O
puerpério é um dos períodos mais delicados da vida da mulher
Verdade. Muita gente romantiza o pós-parto como um
momento de plenitude, mas a ciência mostra que é o período de maior risco para
o surgimento de transtornos mentais na vida da mulher. Ter apoio psicológico
nesse momento pode fazer toda a diferença.
Só
mulheres com parto traumático ou perdas precisam de ajuda emocional
Mito. Mesmo em gestações planejadas e partos
tranquilos, muitas mulheres se sentem culpadas, sobrecarregadas ou
emocionalmente distantes do bebê. A psicologia perinatal ajuda a entender e
acolher esses sentimentos, sem julgamento.
A
psicologia perinatal também está presente no SUS
Verdade. O atendimento psicológico no pré-natal e
pós-parto já é garantido por lei (Lei 14.721/2023). Muitas unidades de saúde
oferecem esse cuidado gratuitamente, e também existem clínicas-escola e
projetos sociais que facilitam o acesso.
Procurar
um psicólogo nesse período é sinal de fraqueza
Mito. É exatamente o contrário. Buscar ajuda
emocional na gestação ou no pós-parto é um ato de coragem, responsabilidade e
cuidado com a própria saúde e com a do bebê. A mulher não precisa dar conta de
tudo sozinha, e não deve se sentir culpada por pedir apoio.
Psicologia
perinatal é só para a mulher grávida
Mito. Não é. A atuação também
envolve o companheiro ou companheira, avós, irmãos, cuidadores e qualquer
pessoa que faça parte da rotina da mãe e do bebê. Quando a rede de apoio também
recebe orientação, escuta e acolhimento, o impacto do cuidado é maior e mais
duradouro. A chegada de um bebê transforma a vida de todos, e todo mundo pode
se beneficiar desse suporte emocional.
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