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terça-feira, 29 de julho de 2025

Crianças e adolescentes com câncer ficam mais vulneráveis com queda dos índices de vacinação; saiba os motivos

Dados recentes apontam que Brasil está de volta à lista dos países com mais crianças sem vacina;  especialistas reforçam a importância da imunização para pacientes oncológicos

 

Ao menos 229 mil crianças brasileiras não receberam qualquer dose de vacina no ano de 2024 — volume duas vezes superior ao registrado em 2023 (103 mil). Com o número, o Brasil passa a ocupar a 17ª posição no ranking global "dose zero" e volta a figurar entre os países com mais crianças não imunizadas no mundo. 

Os dados recém-divulgados pela Organização Mundial da Saúde - OMS e Fundo das Nações Unidas - Unicef para a Infância preocupam autoridades e especialistas, principalmente quando se considera o impacto da baixa cobertura vacinal sobre os grupos mais vulneráveis, como crianças e adolescentes em tratamento oncológico. 

A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) reforça a importância da vacinação para o público infantojuvenil e destaca que pacientes com câncer estão entre os mais suscetíveis a infecções, muitas das quais poderiam ser evitadas com a adequada vacinação da população. Entre as principais razões da maior vulnerabilidade, estão:

  • O tratamento com quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea compromete a imunidade;
     
  • Algumas vacinas, principalmente as que usam vírus vivos atenuados, não podem ser administradas durante o tratamento oncológico;
     
  • Infecções comuns, como gripe ou varicela, podem evoluir para quadros graves, com risco de hospitalização e morte;
     
  • Episódios infecciosos podem forçar a interrupção do tratamento contra o câncer, comprometendo os resultados.

Segundo a oncologista pediátrica da SOBOPE, Dra. Carolina Camargo Vince, é preciso reforçar tanto a importância da vacinação populacional quanto a necessidade da prescrição de algumas vacinas para quem está em tratamento contra o câncer: “Infelizmente, ainda há falta de conhecimento mais profundo sobre o esquema vacinal para essa população, o que pode reduzir as possibilidades de proteção desses pacientes”.
 

Guia inédito orienta profissionais

Diante da relevância do tema, a SOBOPE, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lançou em maio a primeira edição do Guia de Imunização para Pacientes Oncológicos Pediátricos. O documento visa orientar oncologistas pediátricos, imunologistas, infectologistas e demais profissionais de saúde sobre esquemas vacinais específicos para crianças e adolescentes em tratamento. 

“A abordagem com quimioterapia, radioterapia, transplante de medula e novas terapias celulares, impacta diretamente na imunidade do paciente, tornando-o vulnerável a uma série de infecções, muitas delas potencialmente graves e preveníveis por vacinas. O Guia representa um ganho significativo de informação precisa e segura”, afirma Dr. Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, vice-presidente da SOBOPE.
 

Vacinar é proteger – inclusive os mais vulneráveis

Em um cenário global onde 14,3 milhões de crianças ainda não receberam nenhuma vacina, o apelo da OMS e do Unicef é claro: a vacinação precisa ser retomada com urgência. “No Brasil, garantir a imunização das crianças e da comunidade ao redor de pacientes oncológicos é mais do que uma medida de saúde pública — é uma ação de proteção, cuidado e solidariedade”, afirma Carolina.

SOBOPE

 

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