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| Envato: Por lulu8206 |
Alerta da
Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aponta para a necessidade de incluir
informações aprofundadas sobre lactação na rotina de pré-natal
Embora as estatísticas mostrem que entre 60% e 84%
das gestantes brasileiras recebem informações sobre amamentação nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alerta que
estas orientações têm sido superficiais e insuficientes. De acordo com Mayka
Volpato, responsável pelo Departamento de Aleitamento Materno da SBM, são
muitas as mulheres que chegam ao consultório de mastologia com complicações
mais graves relacionadas à amamentação, como mastite, formação de abscessos,
fissuras que não cicatrizam e dor crônica, justamente pela falta de orientação
adequada no pré-natal sobre as peculiaridades e implicações do aleitamento
materno.
“Costumo dizer que toda paciente grávida precisa de
um pré-natal de amamentação”, ressalta. A ponderação da mastologista da SBM tem
uma razão: sem a preparação adequada, as mulheres acabam vivenciando
experiências negativas durante a lactação, com grande prejuízo nutricional para
o recém-nascido, com impacto direto em sua saúde, além de aumentar o impacto
emocional do puerpério.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda o
aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. O leite materno
é rico em vitaminas e minerais, carboidratos, ferro, gorduras, hormônios,
enzimas e anticorpos que atuam contra microorganismos e agentes infecciosos,
garantindo proteção à criança. Entre os nutrientes também estão proteínas como
a lactoalbumina.
Mesmo com um alto índice de mulheres informadas
sobre amamentação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a representante da SBM
pontua que esta orientação é realizada de forma superficial.
A gravidade da situação é exemplificada por um
estudo realizado com mulheres com diabetes gestacional em que o acesso à
informação foi reduzido. “Até 25% não recebe qualquer orientação”, enfatiza dra
Maika. A médica destaca ainda as disparidades regionais. Em municípios menores,
a situação é ainda mais grave, com levantamentos indicando que a falta de
informações pode atingir até 22% das gestantes.
Todas as mulheres que passam pelo pré-natal, na
visão de Mayka Volpato, deveriam questionar ativamente seus médicos sobre
amamentação, procurar orientações com o pediatra que vai acompanhar o bebê e
buscar informações em grupos de apoio de amamentação do SUS (Sistema Único de
Saúde). “Na falta dessas instruções no pré-natal, é importante que elas
recebam, antes da alta hospitalar, orientações sobre a ‘pega’ correta para
alimentação do bebê, o melhor posicionamento do recém-nascido e o que está por
vir em casa na rotina de amamentação”, complementa a médica.
É no ambiente doméstico que dificuldade e
complicações surgem, impactando na jornada da amamentação. Entre elas, a
mastologista destaca o ingurgitamento mamário (“leite empedrado”) e a mastite,
que atinge de 3% a 20% das lactantes. Fissuras que não cicatrizam e dores
crônicas também são relatadas com frequência. “Quando orientadas previamente a
manejar essas situações, as mulheres tendem a passar pelo período de
amamentação com mais tranquilidade”, afirma Maika.
Ao reforçar a importância da amamentação, Mayka
Volpato reitera que o aleitamento materno é a forma natural de estabelecimento
de vínculo e afeto entre mãe e bebê. “Como estratégia de nutrição, contribui
para a saúde da criança e da lactante e a redução da mortalidade infantil no
Brasil”. A SBM defende, portanto, que a qualidade e aprofundamento das
orientações sobre lactação e amamentação no pré-natal são essenciais para
garantir um futuro mais saudável para os brasileiros.

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