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quarta-feira, 30 de julho de 2025

30 de Julho - dia do cirurgião

Cirurgias cardíacas no Brasil revelam desafios persistentes e reforçam a urgência da prevenção 
 

Especialista da Afya Educação Médica de Vitória (ES) analisa a situação das cirurgias cardiovasculares no Brasil e explica a dinâmica da fila de transplantes de coração 

 

O Brasil é um dos países que mais realiza cirurgias cardíacas e procedimentos intervencionistas no mundo, segundo estudo da Braz J Cardiovasc Surg, o que evidencia a crescente pressão sobre o sistema de saúde para lidar com doenças cardiovasculares em estágios avançados. Essa alta demanda reflete, ainda, o envelhecimento populacional, o aumento das comorbidades como hipertensão e diabetes, além da persistência de infecções mal tratadas que impactam diretamente a saúde do coração.


Entre os procedimentos mais comuns estão a revascularização miocárdica (bypass), a troca e o reparo de válvulas cardíacas, angioplastias, ablações e implantes de dispositivos cardíacos, como marcapassos e desfibriladores. De acordo com o Ministério da Saúde e centros de referência como o Instituto do Coração (InCor), doenças como insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio e cardiopatias congênitas continuam entre as principais causas das indicações cirúrgicas no país.


Apesar dos avanços na área, o país ainda enfrenta desafios importantes. A doença reumática, por exemplo, frequentemente decorrente de infecções de garganta não tratadas,  permanece como uma das principais causas de cirurgia valvar em crianças e adultos jovens, o que revela falhas no acesso a cuidados básicos de saúde.


Além das cirurgias convencionais, o país também se destaca internacionalmente em transplantes cardíacos. Em 2024, foram realizados 440 procedimentos, posicionando o Brasil entre os líderes mundiais em volume. No entanto, a fila de espera segue significativa, com centenas de pacientes aguardando um novo coração.


Para o Dr. Antônio Avanza, professor de Cardiologia da Afya Educação Médica Vitória, o cenário exige uma resposta sistêmica. “Precisamos ampliar os investimentos em prevenção, diagnóstico precoce e estrutura hospitalar. Muitas cirurgias cardíacas poderiam ser evitadas com o controle adequado de doenças infecciosas e crônicas. Além disso, garantir acesso a centros cirúrgicos bem equipados é essencial para melhorar os desfechos e reduzir as complicações no pós-operatório”, afirma o especialista.


Diante desse panorama, o especialista da Afya defende a formulação de políticas públicas mais eficazes que unam prevenção, qualificação da atenção primária e ampliação do acesso à cirurgia cardíaca de alta complexidade. Com uma abordagem integrada, o Brasil poderá não apenas salvar vidas, mas também reduzir os custos do tratamento de longo prazo e melhorar a qualidade de vida de milhões de brasileiros.



Entenda o processo de transplante cardíaco 


A cirurgia de transplante cardíaco é um procedimento complexo que depende de uma rigorosa organização para garantir que os corações disponíveis sejam destinados aos pacientes que mais precisam, com base em critérios médicos e éticos. No Brasil, esse processo é coordenado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde. 


Inicialmente, o paciente com insuficiência cardíaca grave passa por uma avaliação criteriosa e, caso haja indicação para o transplante, é encaminhado a um centro transplantador credenciado. Uma equipe multidisciplinar analisa se ele apresenta condições clínicas e psicológicas para receber um novo coração. Caso seja aprovado, o paciente é incluído na lista única nacional de espera, gerenciada pelo SNT. 


A posição na fila não segue a ordem de chegada, mas sim critérios como a gravidade da doença cardíaca, a urgência médica (priorizando pacientes em estado crítico, internados em UTI ou com suporte de dispositivos como ECMO ou balão intra-aórtico), a compatibilidade sanguínea e imunológica, o tamanho corporal (fundamental para a compatibilidade anatômica entre doador e receptor) e, em menor peso, o tempo de espera. 


Quando surge um doador, geralmente uma pessoa com morte encefálica confirmada,  o coração é ofertado à lista, e o sistema cruza os dados em busca dos receptores mais compatíveis. O hospital do paciente em questão é, então, contatado para confirmar se ele ainda está clinicamente apto a receber o órgão. Se estiver, o transplante é autorizado e realizado; caso contrário, o órgão é oferecido ao próximo nome compatível da lista. 


O cardiologista da Afya Educação Médica ressalta que os maiores desafios deste processo envolvem a escassez de doadores, o tempo extremamente limitado para a realização do transplante - o coração precisa ser implantado em até quatro horas após a retirada-, além da complexa logística de transporte e da necessidade de equipes cirúrgicas altamente especializadas. 



Afya
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