No mundo executivo atual, a figura do gestor se encontra cada vez mais no centro de um furacão de demandas. Diante de tantas mudanças constantes impulsionadas pela digitalização e globalização, há uma complexidade extra em assegurar o destaque competitivo, o que vem elevando a sobrecarga e estresses desses profissionais. Por mais que esse desafio seja um efeito cascata natural da crescente conectividade do mercado, o RH pode combater essa tensão através de agendas voltadas à saúde mental que ajudem esses talentos a terem uma melhor gestão de suas tarefas, visando uma rotina mais equilibrada e eficiente.
Não há dúvidas quanto aos impactos que o cenário
macroeconômico gera nesse acúmulo de funções. Afinal, as flutuações
financeiras, novas demandas dos consumidores, tendências emergentes e eventos
externos como guerras e acordos comerciais, por exemplo, tornam este ambiente
altamente instável e, por vezes, imprevisível, exigindo dos gestores
estratégias mais eficazes que otimizem seus gastos e mantenham o destaque
competitivo corporativo.
Os desafios em responder adequadamente essas
pressões, contudo, não estão sendo bem conduzidas por todos. Segundo dados do
Relatório Tendências Gestão de Pessoas 2024, 75% dos líderes de RH relatam que
os gestores estão sobrecarregados devido à ampliação de suas responsabilidades,
ressaltando a importância de uma redefinição das prioridades de cada organização
e um melhor investimento em ferramentas de suporte que auxiliem em tomadas de
decisões mais assertivas que contribuam com a conquista das metas desejadas.
Embora, há alguns anos, esse trabalho excessivo até
fosse visto, por muitos, como um comportamento positivo associado a
profissionais dedicados e comprometidos, apelidados como “workaholics”, hoje,
com a maior compreensão e fomento à saúde mental no mercado, não é mais
incentivado. Essa compulsão extrema para trabalhar, muitas vezes em sacrifício
a outros aspectos da vida, como relacionamentos pessoais, saúde e lazer, merece
um questionamento bastante delicado quanto a capacidade desses gestores em como
organizam suas tarefas, sem detrimento à qualidade de vida.
É papel individual de cada profissional dimensionar
a melhor maneira de organizar suas responsabilidades visando o equilíbrio em
sua longevidade de carreira – algo que está diretamente relacionado com sua
capacidade de autoconhecimento. Nenhuma sobrecarga deve ser constante nas
rotinas de trabalho e, se isso está acontecendo, algumas provocações são
necessárias.
Suas tarefas são compatíveis com suas habilidades,
ou está tendo um esforço muito maior em cumprir com os entregáveis pela
dificuldade em conduzir esses processos? Sua equipe está bem-preparada para
assumir essa frente, ou acaba te solicitando apoio constante para ajudá-los
nessas obrigações? A rotina que enfrenta hoje, é condizente com suas aspirações
e ambições profissionais, abrindo caminho para que se desenvolva e alcance as
posições desejadas?
Nem sempre, ter claro essas respostas é algo
simples de ser descoberto. E é aqui que entra o departamento de recursos
humanos, devendo assumir um papel crucial para desmistificar a sobrecarga no
ambiente de trabalho e promover campanhas que os auxiliem a compreender a causa
dessa tensão, para que saibam como ter um melhor gerenciamento de suas tarefas
e, com isso, ter uma melhora em sua saúde mental, visando uma longevidade em
suas carreiras.
Em 2024, quase meio milhão dos afastamentos no
trabalho foram justificados por transtornos mentais, segundo dados do
Ministério da Previdência Social – o maior número em, pelo menos, dez anos.
Mas, muitos desses casos são derivados da falta de gestão adequada de cada
profissional em seu dia a dia, ao invés de um acúmulo de funções direcionadas
pelas próprias empresas, como muitos acreditam.
Precisamos inverter esse jogo e trazer a responsabilidade de sobrecarga para cada um de nós, ao invés de terceirizá-la. É nosso dever de casa termos essa dose de autoconhecimento e refletir de que forma queremos viver nossas vidas, para que saibamos como equilibrar esses pratos sem elevar a tensão e, com isso, prejudicar cada vez mais nossa saúde mental.
Ricardo Haag - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento executivo focado em posições de alta e média gestão.
Wide
https://wide.works/
Nenhum comentário:
Postar um comentário