Pense no profissional de RH como o coração da
empresa: bombeando energia, resolvendo conflitos e mantendo tudo em harmonia.
Mas, até o coração mais forte precisa de uma pausa, certo? Por anos, a saúde
mental desses “corações” foi deixada de lado, quase como se fossem imunes ao
estresse e à pressão de lidar com pessoas e conciliar as expectativas
corporativas. Agora, felizmente, com a atualização da NR1, quem sempre cuidou
de todos, também será cuidado, através de novas regras que transformação a
segurança e saúde de todos os trabalhadores.
Há um peso invisível na rotina dos profissionais
deste departamento em equilibrar interesses, muitas vezes, conflitantes. De um
lado, são constantemente pressionados por resultados, lidar com escassez de
tempo e exposições emocionais dos times. Do outro, precisam garantir que os
desejos e expectativas de cada profissional sejam atendidos, para que se sintam
felizes, engajados e motivados em seu dia a dia. E, no meio desse turbilhão,
está o RH, sustentando essa linha tênue entre o que a empresa estabelece como
meta, e as ambições de cada trabalhador.
Lidar com pessoas é uma experiência gratificante
para quem se insere nesse meio. Mas, assim como toda moeda tem seus dois lados,
essa rotina também tem seu preço salgado: o esgotamento emocional. Em dados
divulgados na pesquisa “Panorama da Saúde Emocional dos RHs”, 82% desses
departamentos estão com altos níveis de sobrecarga no trabalho – com maior
predominância de casos de ansiedade (42%).
Quando o RH não cuida de si, ele perde sua
capacidade de atuar estrategicamente e, ao invés de impulsionar o crescimento e
capacitação das pessoas, começa a alimentar um sentimento coletivo de desgaste
emocional. Enquanto, por outro lado, quando temos um departamento mais
preparado, organizado e psicologicamente estável para lidar com todos os
desafios do dia a dia, tem profissionais mais saudáveis para tomar as melhores
decisões, conduzir conversas difíceis e construir uma cultura mais sólida
através de programas consistentes de desenvolvimento humano.
É essa virada de chave que estamos vendo agora com
a atualização da NR1, que chegou como um sinal de alerta e, ao mesmo tempo, de
esperança. Pela primeira vez, de forma super clara e bem definida, está sendo
reconhecida a importância da saúde e segurança no trabalho, reestruturando a
maneira pela qual as empresas devem lidar com a gestão de riscos, incluindo a
obrigatoriedade de abordagem dos riscos psicossociais no Programa de
Gerenciamento de Riscos (PGR) em todas as suas áreas.
Isso significa, na prática, que riscos
psicossociais emocionais devem ser mapeados e tratados como qualquer outro
risco ocupacional – definindo diretrizes gerais de segurança e saúde a serem
seguidas e combatidas antecipadamente pelas organizações. Todas essas, medidas
que, obviamente, não serão efetivas se forem encaradas apenas como regras
impressas em um papel.
Um verdadeiro e genuíno cuidado com os
profissionais de RH deve ser um comportamento fomentado desde a alta liderança,
demonstrando para todos quão desgastante emocionalmente é lidar com as
responsabilidades que este departamento cuida diariamente e incentivando este
cuidado como parte da cultura organizacional, implementando políticas e
programas dedicados a essa manutenção.
Uma simples pausa rápida de alguns minutos entre uma
reunião e outra para esticar as pernas ou tomar um café, por exemplo, já faz
uma enorme diferença nesse sentido. Mudanças aparentemente simples, mas que
ajudam – e muito – para que ninguém fique sobrecarregado sem tempo para
respirar, praticamente.
Se uma empresa não cuida de seus times, eles também
não conseguirão garantir o sucesso corporativo. Quem sempre cuidou de todos,
também precisa ser cuidado. A nova NR1 vai muito além de uma determinação
legal, se tornando um guia essencial para um ambiente mais equilibrado e
saudável.
Camila Paiva - diretora de gente e gestão da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de VoiceBot, SMS, e-mail, chatbot e RCS.
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