Presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy, a substância mostra resultados que vão além da redução de peso e controle do diabetes
A semaglutida, princípio ativo de medicamentos como Ozempic e
Wegovy, tem ganhado destaque não apenas no tratamento do diabetes tipo 2 e da
obesidade, mas também pelos seus efeitos positivos sobre a saúde
cardiovascular. Estudos recentes apontam que a substância pode contribuir para
a prevenção e o controle de doenças do coração em grupos específicos de
pacientes. Ainda assim, é essencial entender o contexto dessas descobertas e a
importância do acompanhamento médico ao longo de todo o tratamento.
A semaglutida pertence à classe dos agonistas do receptor GLP-1
(peptídeo-1 semelhante ao glucagon), ajudando no controle da glicemia e
promovendo saciedade. Além desses efeitos já conhecidos, pesquisas indicam que
ela pode ter uma ação anti-inflamatória, colaborando na proteção contra eventos
cardiovasculares como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
A chefe do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular do Hospital
Moinhos de Vento, Carisi Anne Polanczyk, destaca que os estudos
“revelam a capacidade da semaglutida de melhorar significativamente a qualidade
de vida, com proteção cardiovascular”, e reforça que a perda de peso também
desempenha papel importante nesse cenário, já que “ajuda a reduzir os riscos
metabólicos e cardíacos associados à obesidade”.
Os benefícios cardiovasculares da semaglutida foram comprovados em
estudos clínicos de grande porte, como o SELECT, que avaliou pacientes com
sobrepeso ou obesidade e com doença cardiovascular pré-existente, mas sem
histórico de diabetes. Neste estudo, a dose de 2,4 mg, encontrada no
medicamento Wegovy, reduziu em 20% o risco de um evento cardiovascular
importante ao longo de um acompanhamento médio de quase 40 meses, como morte
por causa cardíaca, infarto não fatal ou AVC não fatal.
Outro estudo, o FLOW, investigou pacientes com diabetes tipo 2 e
doença renal crônica. A dose de 1 mg de semaglutida reduziu em 24% o risco de
complicações renais graves, eventos cardiovasculares e mortalidade por todas as
causas. Vale destacar que em todos esses estudos, o uso de semaglutida veio
acompanhado de alguns efeitos adversos, como náuseas, intolerância
gastrointestinal e distúrbios da vesícula.
Recentemente, o 44º Congresso da Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo (Socesp), apresentou um estudo que demonstrou melhora
significativa nos sintomas de insuficiência cardíaca com fração de ejeção
preservada em pacientes com obesidade, com ou sem diabetes, também com a dose
de 2,4 mg de semaglutida, benefícios ampliados a internações, função cardíaca e
qualidade de vida.
É importante lembrar que os benefícios observados nestas análises
se aplicam a grupos específicos: pessoas com diabetes tipo 2, pacientes com IMC
acima de 30, ou com IMC igual ou superior a 27 que tenham doenças
cardiovasculares já diagnosticadas. “Não há estudos com semaglutida em pessoas
que não têm obesidade/sobrepeso nem diabetes. É fundamental esclarecer que os
efeitos positivos da substância sobre o coração foram avaliados em pacientes
com IMC acima de 30, ou com sobrepeso e comorbidades relacionadas”, reforça a
cardiologista.
Por isso, o uso da semaglutida deve ser sempre individualizado e
orientado por um médico. Embora represente um avanço importante no cuidado
cardiovascular e metabólico, fatores como custo, adesão ao tratamento e
necessidade de uso prolongado devem ser considerados com atenção. Logo, a
orientação profissional é essencial para garantir segurança e efetividade no
uso da medicação.
Hospital Moinhos de Vento
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