Pesquisa da MaisMei revela que mulheres
empreendedoras estudam mais, mas ganham menos que os homens
No Brasil, as mulheres representam 43,7 dos Microempreendedores
Individuais (MEIs), mas a desigualdade de gênero no mercado ainda persiste.
Embora tenham maior nível de escolaridade, elas faturam menos do que os homens,
segundo a pesquisa “O Corre do MEI em 2024”, realizada pela plataforma MaisMei. O estudo aponta que apenas 16,3% das mulheres MEI ganham
acima de R$ 4 mil, enquanto entre os homens esse percentual chega a 33,1%.
Quando o recorte é de faturamento acima de R$ 6 mil mensais, a disparidade
cresce ainda mais: 11,3% dos homens atingem esse patamar, contra apenas 4,9%
das mulheres.
Apesar dos desafios, o empreendedorismo tem sido um caminho para
que as mulheres conquistem autonomia financeira e flexibilidade. De acordo com
o levantamento, a principal motivação para formalizar um negócio é o desejo de
ter um empreendimento próprio (26,11%), seguida pela necessidade de
formalização (18,99%) e pelo aumento da renda (10,65%). Além disso, a busca por
flexibilidade de horários (7,70%) e o acesso a benefícios do INSS, como
aposentadoria e auxílio-maternidade (7,15%), são fatores determinantes para a decisão
de empreender.
“O empreendedorismo feminino no Brasil reflete um forte movimento
de busca por independência financeira e estabilidade. As mulheres não apenas
dominam o cenário MEI, mas também estão cada vez mais qualificadas. No entanto,
a disparidade de faturamento ainda é um desafio que precisa ser combatido”,
afirma Mateus Vicente, CEO e cofundador da MaisMei.
A pesquisa mostra que a maior parte das empreendedoras individuais
no Brasil são negras (53,9%), incluindo 42,1% que se identificam como pardas.
Em relação à idade, a maior concentração está na faixa de 35 a 44 anos (31,7%),
e 37,6% possuem ensino médio completo, enquanto 20,9% chegaram ao ensino
superior. A maioria delas empreende na região Sudeste (34%), seguida pelo Sul
(20,8%) e pelo Nordeste (19,9%).
As áreas de atuação também evidenciam diferenças de gênero.
Enquanto 27,8% das mulheres MEI trabalham com comércio e vendas, há uma forte
concentração nos setores de beleza e estética (16,76%) e alimentação (14,96%),
enquanto os homens se destacam na construção civil e reparos.
Mulheres estudam mais, mas faturam menos
Um dos principais alertas da pesquisa da MaisMei é a contradição
entre o nível de escolaridade e a renda. O estudo aponta que 22,2% das mulheres
MEI possuem ensino superior completo, contra apenas 8,8% dos homens. Mesmo
assim, elas continuam faturando menos: somente 16,3% das empreendedoras
individuais ganham mais de R$ 4 mil mensais, enquanto entre os homens esse
percentual é mais do que o dobro (33,1%).
Além da diferença de faturamento, as mulheres MEI tendem a dedicar
menos horas ao negócio em comparação aos homens, o que pode estar relacionado à
sobrecarga de trabalho doméstico e familiar. O levantamento sugere que muitas
delas buscam um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, enquanto os
homens, em média, dedicam mais tempo ao seu negócio.
“Os dados mostram que a educação não é suficiente para garantir
equidade financeira no empreendedorismo. Mesmo com maior escolaridade, as
mulheres enfrentam barreiras estruturais que impactam diretamente seus ganhos.
Esse cenário reforça a necessidade de políticas de incentivo, acesso a crédito
e suporte para que as mulheres possam expandir seus negócios”, destaca Kályta
Caetano, head contábil da MaisMei.
A desigualdade de ganhos entre mulheres e homens MEI não pode ser
explicada apenas pela carga horária ou setor de atuação. Segundo a pesquisa,
33,1% dos homens faturam acima de R$ 4 mil, mesmo que tenham níveis de
escolaridade mais baixos e atuem em segmentos igualmente competitivos. Esse
cenário aponta para desafios estruturais, como dificuldade no acesso a crédito,
redes de apoio menores e menor valorização do trabalho feminino.
O levantamento também indica que as mulheres empreendedoras
enfrentam mais dificuldades para crescer. Enquanto 11,3% dos homens superam a
marca dos R$ 6 mil mensais, entre as mulheres esse percentual é menos da metade
(4,9%). Além disso, muitas delas acumulam jornadas duplas ou triplas,
conciliando o negócio com tarefas domésticas e cuidado com filhos.
Apesar dessas barreiras, as mulheres continuam a representar a maioria dos MEIs no Brasil (43,7%), mostrando que o empreendedorismo segue sendo uma ferramenta essencial de independência e inclusão econômica. No entanto, os dados da pesquisa reforçam a urgência de políticas públicas e iniciativas privadas que incentivem a equidade no mercado.
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