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sábado, 8 de março de 2025

O futuro da tecnologia pode ser mais feminino?

Mulheres são minoria no setor, mas o cenário está mudando



A presença feminina na tecnologia sempre foi tema de debate — e com razão. Somos maioria na população brasileira, temos níveis de escolaridade mais elevados, segundo o IBGE, mas essa qualificação não se reflete no mercado de trabalho, especialmente no setor de tecnologia. Hoje, ocupamos apenas 12,3% das vagas em TI, conforme dados do Caged.

Mas há sinais de mudança. E, como profissional da área há mais de dez anos, posso afirmar com entusiasmo: nunca vi tantas mulheres ocupando espaços importantes, dos times técnicos até posições de liderança e C-Level. De acordo com a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), a participação feminina na tecnologia cresceu 1,5 ponto percentual em relação à masculina nos últimos dois anos.

Sim, ainda é tímido, mas é um avanço. O caminho para uma participação equitativa segue longo e desafiador, e é fundamental discutirmos os obstáculos e as soluções que podem acelerar essa transformação.

A exigência de constante atualização profissional, a carga horária extensa e a dificuldade de conciliação entre vida pessoal e profissional são aspectos que pesam ainda mais para as mulheres na TI. Esses fatores, somados às barreiras culturais, dificultam tanto o ingresso quanto a permanência feminina no setor. Para mudar esse cenário, precisamos de políticas corporativas que promovam flexibilidade, programas de mentoria e redes de apoio focadas no crescimento feminino dentro da tecnologia.

E não se trata apenas de justiça social. Equipes diversas entregam resultados melhores. Diversidade impulsiona a criatividade, amplia pontos de vista e aprimora a resolução de problemas. Promover a inclusão feminina, portanto, não é apenas necessário - é uma estratégia inteligente para qualquer empresa que deseja inovar e se destacar.

A educação também desempenha um papel fundamental nesse processo. Incentivar o interesse de meninas em disciplinas como ciência, engenharia e matemática desde a educação básica pode ampliar as oportunidades futuras. Além disso, a visibilidade de mulheres em cargos de liderança é essencial para inspirar novas gerações. Representatividade importa. Quando jovens enxergam histórias de sucesso protagonizadas por mulheres, passam a se ver nesse lugar.

A própria tecnologia pode — e deve — ser aliada nesse processo. Ferramentas de recrutamento baseadas em inteligência artificial podem ajudar a reduzir vieses inconscientes. Plataformas de análise de diversidade permitem que empresas identifiquem e corrijam disparidades salariais. E as comunidades online têm sido fundamentais ao oferecer apoio, networking e oportunidades de crescimento para mulheres no setor.

Minha maior expectativa para quem deseja ingressar no mercado de tecnologia é que deixem para trás o estigma de que esse é um ambiente masculino. O que realmente conta são a competência e o conhecimento. O setor está cada vez mais aberto à diversidade, e é fundamental que mais mulheres ocupem esse espaço com confiança e determinação.

O futuro da tecnologia depende da inclusão e da diversidade. Quanto mais mulheres, mais forte, criativo e justo será o setor. Que venham mais conquistas. Vamos juntas?

 

Adriele Domingues - especialista em Novos Negócios na SIS Innov & Tech, empresa de inteligência tecnológica em inovação e transformação digital

 

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