Mulheres são minoria no setor, mas o cenário está mudando
A presença feminina na tecnologia sempre foi tema
de debate — e com razão. Somos maioria na população brasileira, temos níveis de
escolaridade mais elevados, segundo o IBGE, mas essa qualificação não se
reflete no mercado de trabalho, especialmente no setor de tecnologia. Hoje,
ocupamos apenas 12,3% das vagas em TI, conforme dados do Caged.
Mas há sinais de mudança. E, como profissional da
área há mais de dez anos, posso afirmar com entusiasmo: nunca vi tantas
mulheres ocupando espaços importantes, dos times técnicos até posições de
liderança e C-Level. De acordo com a Brasscom (Associação das Empresas de
Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), a
participação feminina na tecnologia cresceu 1,5 ponto percentual em relação à
masculina nos últimos dois anos.
Sim, ainda é tímido, mas é um avanço. O caminho
para uma participação equitativa segue longo e desafiador, e é fundamental
discutirmos os obstáculos e as soluções que podem acelerar essa transformação.
A exigência de constante atualização profissional,
a carga horária extensa e a dificuldade de conciliação entre vida pessoal e
profissional são aspectos que pesam ainda mais para as mulheres na TI. Esses
fatores, somados às barreiras culturais, dificultam tanto o ingresso quanto a
permanência feminina no setor. Para mudar esse cenário, precisamos de políticas
corporativas que promovam flexibilidade, programas de mentoria e redes de apoio
focadas no crescimento feminino dentro da tecnologia.
E não se trata apenas de justiça social. Equipes
diversas entregam resultados melhores. Diversidade impulsiona a criatividade,
amplia pontos de vista e aprimora a resolução de problemas. Promover a inclusão
feminina, portanto, não é apenas necessário - é uma estratégia inteligente para
qualquer empresa que deseja inovar e se destacar.
A educação também desempenha um papel fundamental
nesse processo. Incentivar o interesse de meninas em disciplinas como ciência,
engenharia e matemática desde a educação básica pode ampliar as oportunidades
futuras. Além disso, a visibilidade de mulheres em cargos de liderança é
essencial para inspirar novas gerações. Representatividade importa. Quando
jovens enxergam histórias de sucesso protagonizadas por mulheres, passam a se
ver nesse lugar.
A própria tecnologia pode — e deve — ser aliada
nesse processo. Ferramentas de recrutamento baseadas em inteligência artificial
podem ajudar a reduzir vieses inconscientes. Plataformas de análise de
diversidade permitem que empresas identifiquem e corrijam disparidades
salariais. E as comunidades online têm sido fundamentais ao oferecer apoio,
networking e oportunidades de crescimento para mulheres no setor.
Minha maior expectativa para quem deseja ingressar
no mercado de tecnologia é que deixem para trás o estigma de que esse é um
ambiente masculino. O que realmente conta são a competência e o conhecimento. O
setor está cada vez mais aberto à diversidade, e é fundamental que mais
mulheres ocupem esse espaço com confiança e determinação.
O futuro da tecnologia depende da inclusão e da
diversidade. Quanto mais mulheres, mais forte, criativo e justo será o setor.
Que venham mais conquistas. Vamos juntas?
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