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sábado, 8 de março de 2025

Neurologista explica sobre o TDAH em Mulheres Adultas

No Mês da Mulher, é crucial falarmos sobre uma condição frequentemente mal compreendida e subdiagnosticada em mulheres adultas: o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Segundo o Dr. Matheus Trilico, neurologista referência em TDAH em adultos, este transtorno vai muito além da simples desatenção, apresentando nuances e desafios únicos que merecem foco especial e ação imediata.

 

O Enigma do Diagnóstico Tardio

"O diagnóstico de TDAH em mulheres adultas é frequentemente um quebra-cabeça complexo", explica o Dr. Matheus. Uma pesquisa recente publicada no Journal of Child Psychology and Psychiatry revela que mulheres são diagnosticadas significativamente mais tarde que homens. "Isso se deve, em parte, à apresentação atípica dos sintomas e ao mascaramento por outras condições como ansiedade e depressão", acrescenta o especialista.

 

Prevalência e Desafios no Brasil

Estudos recentes buscam elucidar a prevalência do TDAH em adultos no Brasil. "Um estudo realizado em uma área metropolitana brasileira encontrou uma prevalência de 4,59% em adultos", informa o Dr. Trilico. Embora esses dados não especifiquem a prevalência em mulheres, o neurologista ressalta que "a prevalência de TDAH tende a ser menor em mulheres em comparação com homens, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador."

 

Manifestações Diversas do TDAH

O TDAH pode se manifestar de três formas: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo ou combinado. "É crucial entender que a manifestação do TDAH em adultos difere significativamente daquela observada em crianças", explica Dr. Matheus Trilico. 

Na infância, meninos tendem a exibir mais sintomas de hiperatividade e impulsividade, enquanto meninas são mais propensas a apresentar sintomas de desatenção. "Essa diferença na apresentação pode contribuir para o diagnóstico mais tardio em meninas, já que os sintomas de desatenção são menos disruptivos", observa o especialista.

 

Além da Hiperatividade Visível

Contrariamente à crença popular, o TDAH em mulheres adultas nem sempre se manifesta como hiperatividade física. "Muitas mulheres experimentam o que chamamos de 'hiperatividade interna' - uma agitação mental constante e dificuldade em desacelerar os pensamentos", esclarece Dr. Trilico. Esta forma de hiperatividade pode passar despercebida por anos, levando a diagnósticos equivocados ou tardios.

 

O Desafio das Comorbidades

Um estudo publicado no Journal of Attention Disorders destaca que mulheres com TDAH frequentemente apresentam comorbidades psiquiátricas. "Ansiedade e depressão podem mascarar o TDAH, criando um 'ofuscamento diagnóstico' que dificulta a identificação do transtorno", alerta o neurologista. Este fenômeno ressalta a importância de uma avaliação clínica abrangente e sensível às particularidades femininas.

 

Impacto na Vida Adulta

O TDAH não tratado pode ter consequências significativas na vida adulta. "Vemos impactos em relacionamentos, carreira e bem-estar emocional", observa Dr. Matheus. Uma pesquisa recente publicada no Neuroscience and Biobehavioral Reviews revela que mulheres adultas com TDAH são mais propensas a relatar sintomas como "distração fácil", "dificuldade em organizar tarefas" e "fala excessiva", além de experimentarem impactos adversos significativos em suas vidas pessoais.

 

Estratégias Iniciais de Manejo 

Dr. Trilico sugere algumas estratégias iniciais que mulheres podem implementar em suas vidas diárias:

  1. Estabeleça rotinas estruturadas e use lembretes visuais.
  2. Pratique técnicas de mindfulness para melhorar o foco.
  3. Divida tarefas grandes em etapas menores e mais gerenciáveis.
  4. Utilize apps de organização e gerenciamento de tempo.
  5. Busque apoio de amigos, familiares ou grupos de suporte. 

"Essas estratégias podem ajudar no manejo dos sintomas, mas não substituem o diagnóstico e tratamento profissional", enfatiza o especialista, que é referência em TDAH em adultos no Brasil.

 

Inspiração e Esperança 

Figuras públicas como Simone Biles, ginasta olímpica, e Greta Gerwig, diretora de cinema, são exemplos inspiradores de mulheres que alcançaram o sucesso apesar - e talvez até por causa - de seu TDAH. "Estas mulheres mostram que o TDAH não é um obstáculo intransponível, mas uma parte de quem elas são", ressalta Dr. Matheus Trilico.

 

O Caminho para o Autoconhecimento

O neurologista encoraja as mulheres que se identificam com os sintomas descritos a buscarem ajuda profissional rapidamente. "O diagnóstico preciso é o primeiro passo para o tratamento adequado e uma vida plena", afirma. 

"Entender o TDAH em mulheres é mais do que um desafio médico; é um passo crucial para a equidade em saúde mental", conclui Dr. Trilico. No Mês da Mulher, que esta discussão sirva como um catalisador para maior compreensão, empatia e suporte às mulheres que vivem com TDAH. A ação é urgente: quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento, melhor a qualidade de vida. 



Dr. Matheus Luis Castelan Trilico - CRM 35805PR, RQE 24818. Médico pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA); Neurologista com residência médica pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR); Mestre em Medicina Interna e Ciências da Saúde pelo HC-UFPR; Pós-graduação em Transtorno do Espectro Autista.
https://blog.matheustriliconeurologia.com.br/

 

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