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terça-feira, 25 de março de 2025

Mulheres no trabalho: encontro geracional pode ajudar a impulsionar carreiras, defende especialista

Sororidade, rede de apoio e escuta ativa; Wilma dal Col, do ManpowerGroup, mostra como enriquecer o encontro geracional nas organizações


A dinâmica do mercado de trabalho se transforma com a convivência de diferentes gerações nas empresas. Se, por um lado, a competitividade acirrada e as mudanças tecnológicas impõem desafios, por outro, a troca de experiências entre profissionais de diversas faixas etárias virou fonte de aprendizado e empoderamento. Para as mulheres, esse encontro intergeracional pode ser um caminho decisivo para o fortalecimento de sua presença nas lideranças corporativas. 

E elas têm, sim, conquistado mais espaços nas organizações: já ocupam 39,1% dos cargos de liderança no Brasil, de acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Ainda não estamos na configuração ideal de equidade no mercado de trabalho, mas avançamos no ambiente corporativo, onde hoje vejo mais mulheres conquistando cargos de destaque. A geração baby boomer, por exemplo, não tinha tanto acesso a diretoria, gerência e supervisão, e passou por situações desafiadoras no ambiente de trabalho devido à falta de equidade. Felizmente, vejo isso com menos recorrência entre a Geração Z”, comenta Wilma Dal Col, diretora de Recursos Humanos no ManpowerGroup com mais de 30 anos de experiência na área. 

A colaboração entre profissionais 50+ e suas colegas mais jovens pode transformar a trajetória no ambiente corporativo. Para a especialista, é essencial haver redes de apoio para que as mulheres criem um espaço de encorajamento na busca por crescimento profissional, em que as gerações possam compartilhar ideias e as colaboradoras mais experientes possam dar apoio às mais jovens. 

“Na carreira, a ideia é contribuir para o desenvolvimento profissional e suporte emocional umas das outras. Hoje, com quatro gerações no mercado, recomendo que as mulheres busquem aquela pessoa que as inspira, pois todas nós temos alguém que admiramos no trabalho. Mulheres que se apoiam são fundamentais para a promoção e inserção de outras”, explica Wilma. 

A especialista recomenda a escuta ativa e a comunicação assertiva como elementos fundamentais para o empoderamento. “Alguns ambientes corporativos podem fazer com que mulheres não se sintam ouvidas. Por isso, explorar cada vez mais a capacidade de comunicação, a fim de saber se expressar de maneira clara, empática e autoconfiante são elementos que vão ajudar ainda mais”, diz. 

A busca por qualificação também é primordial para aquelas que desejam alcançar novos objetivos na carreira. Apesar de ser essencial para o crescimento profissional de todos, a especialista alerta para um cenário preocupante: ainda de acordo com dados do IBGE, as mulheres ainda ganham 21% menos que homens, apesar de estudarem por mais anos (12 para mulheres contra 10,7 para homens, também segundo a CNI). 

“Como a desigualdade de gênero no trabalho ainda é uma realidade, a determinação se torna ainda mais importante. Mulheres que sonham com cargos de alto escalão sofrem com a incessante necessidade de demonstrar valor e capacidade. Mas acredito que, hoje, podemos conquistar espaços que antigamente seriam quase impossíveis”, comenta a diretora. 

“As mulheres, por sua natureza colaborativa e habilidade intrínseca para influenciar e conciliar diferenças, desempenham um papel crucial em ambientes de trabalho multigeracionais. Essa capacidade de promover diálogo e entendimento entre diversas faixas etárias e demais diversidades não apenas favorece a criação de um ambiente mais harmonioso, mas também potencializa a inovação, já que a diversidade de ideias e perspectivas é fundamental para o crescimento das organizações. A presença feminina em posições de liderança fortalece, assim, a capacidade das organizações de se adaptarem e prosperarem em um cenário em constante evolução e pluralidade”. 

Por fim, despertar o sentimento de propósito ainda pode ser um desafio das empresas que buscam engajar os profissionais de diferentes gerações. Enquanto um grupo tem responsabilidades na vida familiar, por exemplo, o outro busca equilibrar melhor a vida pessoal e a profissional. “Reter talentos tão distintos vai exigir que as empresas entendam profundamente as necessidades geracionais, onde elas convergem e onde se diferenciam”, conclui.


Wilma Dal Col, diretora de RH no ManpowerGroup Brasil


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