56% dos brasileiros afirmaram usar dermocosméticos devido a maior preocupação com os efeitos do envelhecimento
Segundo
o último relatório da consultoria IQVIA, o Brasil é líder de vendas de
dermocosméticos em farmácias. Em 2021, o país alcançou um volume de vendas de
US$3,54 bilhões (aproximadamente R$17,6 bilhões), o que representa mais de 20%
do total global de US$17 bilhões (cerca de R$84,6 bilhões).
Já uma pesquisa
realizada pela MindMiners mostrou que 76% dos brasileiros utilizam algum
produto de cuidado com a pele. Esse percentual é significativamente maior entre
as mulheres (88%) em comparação com os homens (64%).
Ademais, 56%
afirmaram usar os dermocosméticos devido a maior preocupação com os efeitos do
envelhecimento, além da eficácia comprovada por estudos clínicos.
Para entender
melhor os dermocosméticos, Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP, diretora
técnica da Formularium, e membro da ABC (Associação Brasileira de Cosmetologia);
tira as principais dúvidas sobre os produtos:
O que torna
os dermocosméticos tão atrativos? Os
dermocosméticos são elaborados a partir da combinação de determinados ativos
farmacológicos, como ácido retinoico/retinol, ácido glicólico (pertencente ao
grupo dos alfa-hidroxiácidos), ácido hialurônico, bakuchiol, ácido salicílico,
vitaminas A, C, E; entre outros.
“Por atuar nas camadas mais profundas da pele e modular seu ciclo de renovação
celular, os dermocosméticos são indicados em tratamentos dermatológicos para
prevenir ou atenuar sinais de envelhecimento da pele, como rugas, manchas e
flacidez”.
Entretanto, segundo a farmacêutica, vale olhar os ativos mais de perto e
compreender suas principais ações:
Ácido retinóico ou retinol: é uma molécula derivada da
vitamina A que possui uma ação direta sobre receptores na pele, causando uma
compactação da camada mais superficial da pele e modulando o ciclo de renovação
celular. Isso faz com que a pele fique mais firme, uniforme e viçosa.
“O uso do ácido
requer muito cuidado, já que a substância é extremamente forte, podendo causar
desde alergia até queimaduras graves”, alerta Paula Abdo.
Ácido
glicólico: esse derivado da
cana de açúcar pertence ao grupo dos alfahidroxiácidos, possui uma ação
esfoliante sobre a pele, minimizando as rugas menos visíveis. Pode ser usado em
concentrações baixas nos dermocosméticos ou altas, em consultórios, na forma de
peeling.
Vitamina E: a vitamina lipossolúvel possui uma excelente ação
hidratante e antioxidante sobre a pele, fazendo parte de vários séruns e cremes.
Vitamina A: possui os mesmos efeitos dos retinóis, porém,
precisa ser usada em concentrações muito maiores para alcançar os efeitos do
ácido retinóico. “Possui um papel importante no tratamento da acne: muitas
vezes, é prescrita até mesmo via oral para auxiliar no tratamento desta
patologia”.
Colágeno: essa macromolécula é parte importante e fundamental
do tecido que preenche nossa pele, porém, seu uso em cosméticos não é tão
eficaz como se pensa, já que a pele não consegue absorve-la.
Ácido hialurônico: a molécula tem uma compatibilidade grande com a água, daí seu efeito preenchedor. Segundo Paula Molari, é comum sua presença nos cosméticos, mas, para resultados eficazes, é preciso orientação de um especialista quanto ao uso. “Caso contrário, o produto poderá ter apenas efeito hidratante”.
O que diferencia os dermocosméticos dos cosméticos comuns?
Os cosméticos comuns contêm uma menor concentração de ativos farmacológicos,
agindo apenas nas camadas superficiais da pele e proporcionando melhorias
temporárias.
“Já os dermocosméticos são rigorosamente testados e aprovados por estudos
clínicos, garantindo eficácia e segurança para diversos tipos de pele,
inclusive as mais sensíveis”, explica Paula, que também é especialista em
Atenção Farmacêutica pela USP, membro da ANFARMAG (Associação Nacional de
Farmacêuticos Magistrais), e da APhA (American Pharmacists Association).
Como identificar os dermocosméticos nas lojas? Segundo a
especialista, é importante verificar se o produto foi submetido a testes
clínicos, informação geralmente presente na embalagem. “Além disso, a
formulação deve conter ativos farmacológicos, como vitaminas e extratos,
disponíveis em formatos como cremes, séruns, máscaras faciais e géis”.
Qual a diferença entre adquirir o produto na farmácia de manipulação ou
comprar pronto na farmácia comum? Paula Abdo explica que os
dermocosméticos industrializados seguem uma padronização para o público geral,
enquanto os manipulados são personalizados, considerando o tipo de pele,
necessidades específicas e possíveis alergias.
“Isso evita o uso de componentes desnecessários ou que possam causar reações
adversas. Além disso, a farmácia de manipulação pode ajustar concentrações de
ativos, proporcionando eficácia direcionada e maior segurança no uso. Outra
vantagem é o custo: muitas vezes, o manipulado pode ser mais econômico, já que
elimina intermediários e embalagens sofisticadas, sem comprometer a qualidade”.
Os dermocosméticos podem ser usados a partir de qual idade? “O
principal creme anti-idade é o filtro solar, que deve ser iniciado a partir dos
6 meses de idade, com acompanhamento do pediatra. Outros dermocosméticos podem
ser utilizados a partir da adolescência, para auxiliar no tratamento da acne e
oleosidade. Posteriormente, o médico irá adaptar os produtos conforme as
mudanças da pele ao longo das diferentes fases da vida”, pontua a farmacêutica.
Quem não deve usar dermocosméticos? Pessoas com
sensibilidade ao retinol podem apresentar vermelhidão e irritação após a
aplicação. “Indivíduos com rosácea, uma doença cutânea caracterizada por
vermelhidão e sensibilidade, possuem pele altamente reativa e não devem
utilizar ácidos mais potentes, pois estes podem agravar o quadro”.
Quais as limitações dos dermocosméticos? Embora
eficazes, os dermocosméticos não substituem procedimentos estéticos mais
invasivos, como a aplicação de toxina botulínica e preenchimentos injetáveis.
“Vale lembrar a importância de buscar um especialista para orientação adequada,
criando uma rotina de cuidados personalizada, com produtos e frequência de uso
corretos conforme as necessidades da pele”, finaliza Paula Molari Abdo.
Para saber mais, clique aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário