Tratamento utiliza medicamentos para estimular o crescimento dos folículos ovarianos e aumentar as chances de gravidez
Engravidar pode
ser uma jornada desafiadora: de 10% a 15% dos casais em idade reprodutiva
enfrentam dificuldades para conceber após um ano de tentativas (Organização
Mundial da Saúde (OMS). Fatores como idade, distúrbios hormonais e qualidade do
esperma podem impactar diretamente a fertilidade. Entre as possibilidades de
tratamento, o coito programado visa aumentar as chances de concepção de maneira
menos invasiva e com menor custo. O professor de Medicina do Centro
Universitário de Brasília (CEUB), Bruno Ramalho, descreve aspectos deste
tratamento e quando ele é recomendado.
O coito programado
é especialmente indicado para mulheres que não ovulam regularmente, como
aquelas com a síndrome dos ovários policísticos. Envolve, em sua essência, uma
estratégia para promover a ovulação e aumentar as chances de concepção. Ao
contrário das técnicas mais invasivas, o coito programado é menos complexo e
inclui a orientação para que o casal mantenha relações sexuais nos dias mais
férteis, após a indução medicamentosa da ovulação e monitoramento da resposta
ovariana.
“O tratamento é
indicado para mulheres que têm dificuldades em ovular espontaneamente. Essa
indução da ovulação, associada ao acompanhamento por ultrassonografia, faz com
que aconteça uma janela fértil, quando as chances de gravidez são mais altas”,
explica Bruno. No entanto, alerta o especialista, a técnica não é indicada para
mulheres que não têm problemas com a ovulação ou para quem apresenta outros
fatores de infertilidade, como alterações no esperma ou obstrução das trompas.
Exames e
acompanhamento prévios
Antes de iniciar o tratamento do coito programado, o casal deve passar por uma
avaliação médica detalhada, incluindo exames laboratoriais para descartar
problemas de fertilidade tanto femininos quanto masculinos, como a análise do
esperma. A avaliação da permeabilidade das trompas também é fundamental, pois o
tratamento é ineficaz se ambas estiverem obstruídas. O acompanhamento
ultrassonográfico é recomendado para monitorar o desenvolvimento dos folículos
ovarianos, permitindo identificar o melhor momento para as relações sexuais.
Confira as
diferenças deste e de outros tratamentos de reprodução:
• O
coito programado se diferencia principalmente pelo fato de não envolver a
manipulação dos gametas fora do corpo da mulher.
• A
inseminação artificial consiste na introdução de espermatozoides diretamente no
útero para aumentar a chance de fertilização.
• Já
a fertilização in vitro, envolve a fecundação do óvulo em laboratório, com a
transferência do embrião para o útero.
“O coito programado não chega
a ser uma técnica de reprodução assistida propriamente dita, já que não ocorre
manipulação de óvulos ou espermatozoides fora do corpo da mulher”, esclarece.
De acordo com o docente do CEUB, o tratamento pode ser tentado por até seis
meses, sobretudo para mulheres com menos de 35 anos que não ovulam
regularmente. Em paralelo, o especialista sugere monitorar a idade da mulher e
as condições do parceiro, já que fatores como a qualidade do esperma e a saúde
reprodutiva de ambos impactam diretamente as chances de sucesso.
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