Conselho manifesta preocupação com a continuidade do SUS
O panorama político do estado de São Paulo após as eleições municipais de 2024, segundo levantamento realizado pelos apoiadores do COSEMS/SP, revela desafios expressivos para a defesa da continuidade dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Com 41% dos municípios sob nova gestão, 44% com prefeitos reeleitos e 14% em situação de sucessão administrativa, a transição política exige esforços significativos, especialmente em regiões onde o SUS desempenha um papel crucial na garantia de acesso a serviços de saúde.
A organização da saúde no estado está estruturada em regiões, compostas por 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS) e 62 Comissões Intergestoras Regionais (CIR), que são instâncias colegiadas para a tomada de decisões em nível municipal e estadual. Cada estrutura tem um papel distinto, autônomo e interdependente; e a descontinuidade política pode afetar essa organização. Além dessa estrutura no estado, há 18 RRAS (Redes de Atenção à Saúde), definidas como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, com diferentes densidades tecnológicas, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão. As RRAS buscam garantir a integralidade do cuidado em um determinado território. O estabelecimento de governança nos territórios do SUS é complexo e desafiador, e as mudanças políticas de gestores afetam as decisões consensuais.
O levantamento realizado pelo COSEMS/SP destaca diferentes níveis de instabilidade na gestão municipal e regional, com impacto direto na gestão de saúde. Das 18 RRAS, 9 (50%) contarão com um grande número de novas gestões, o que pode gerar riscos de descontinuidade de políticas públicas e de assistência em saúde. Essa situação envolve 265 municípios (41% do estado), sendo que 136 terão novos gestores. Há também as sucessões municipais, quando o prefeito consegue eleger seu sucessor. Esse caso envolve 12 RRAS e 88 municípios. Esses sucessores também são considerados novos gestores nesses cenários.
A situação é especialmente crítica em
regiões como a DRS I (Grande São Paulo), que inclui áreas como o ABC Paulista e
o Alto Tietê, apresentando desafios adicionais devido à densidade populacional
e às demandas crescentes. Outro exemplo relevante é a RRAS 12, que abrange 2
DRS (São José do Rio Preto e Araçatuba), envolvendo 142 municípios (22% do estado)
e contando com 53,5% de gestores novos ou em sucessão.
Dados Reveladores
do IEPS
Estudo do Instituto de Estudos para
Políticas de Saúde (IEPS) reforça a preocupação com a continuidade dos serviços
durante as transições políticas. Segundo os dados, a mortalidade infantil
aumenta, em média, 6,7% quando o segundo trimestre de gestação coincide com
períodos de transição governamental em contextos eleitorais competitivos. Há
também uma redução significativa nas consultas pré-natais e na realização de exames
para detecção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ampliando os
riscos para gestantes e bebês.
Posicionamento do
COSEMS/SP
O COSEMS/SP manifesta preocupação com a
continuidade do SUS. “É fundamental garantir que o Sistema Único de Saúde permaneça
funcional durante e após a transição”, destacou Geraldo Reple, presidente da
entidade. Ele alerta que a descontinuidade administrativa compromete
atendimentos essenciais, expondo a população a riscos à saúde. Segundo o
COSEMS/SP, a reeleição municipal também não garante a manutenção do mesmo
gestor de saúde no município, o que pode gerar mais desafios do que o previsto
nesse panorama.
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