Organização
intensifica atividades, mas insegurança impede ação em áreas próximas à
fronteira
À medida em que os ataques
israelenses se intensificam no Líbano, as unidades de saúde nas áreas mais
afetadas pelos bombardeios aéreos estão sendo forçadas a fechar. Isso está
levando a consequências devastadoras para os civis e para seu acesso à
assistência médica.
As equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão
trabalhando incansavelmente para garantir a continuidade do atendimento nas
instalações existentes, ao mesmo tempo em que ampliam as atividades para
atender às necessidades que estão surgindo do conflito em andamento. No
entanto, por causa dos intensos ataques aéreos israelenses, fomos forçados a
suspender algumas atividades em áreas altamente afetadas. Continuamos a adaptar
nossas atividades para fornecer às pessoas os cuidados de saúde de que
necessitam.
MSF pede a todas as partes no
conflito que poupem civis, instalações médicas e profissionais de saúde no
Líbano para garantir que os serviços de saúde vitais possam atender
adequadamente às necessidades médicas urgentes da população.
"Dada a intensidade da
violência, danos nas estradas e a falta de garantias de segurança, atualmente não
conseguimos chegar a todas as áreas afetadas no Líbano, apesar do crescente
aumento das necessidades médicas e humanitárias", diz François Zamparini,
coordenador de emergência de MSF no Líbano.
Na semana passada, MSF foi forçada a fechar
completamente sua clínica no campo palestino de Burj el Barajneh, nos subúrbios
ao sul de Beirute. Também tivemos que suspender temporariamente nossas
atividades em Baalbek-Hermel, no nordeste do Líbano. Essas são áreas fortemente
afetadas pelos ataques.
“Reabrimos parcialmente nossa
clínica em Hermel esta semana para garantir que os pacientes recebam seus
medicamentos, fornecendo a eles um estoque de dois a três meses de remédios
essenciais, dependendo da gravidade de seu estado de saúde e dos riscos
médicos”, acrescenta Zamparini.
Pacientes nessas áreas já são vulneráveis, lutando
para acessar os cuidados de saúde dos quais precisam desesperadamente. O
fechamento de instalações médicas os deixou sem os serviços essenciais de que
precisam, especialmente as pessoas que vivem com doenças crônicas.
As equipes médicas de MSF também continuam
impossibilitadas de operar adequadamente no sul do Líbano devido à falta de
garantias de segurança para nosso pessoal.
“Um dos hospitais que
planejamos apoiar e para o qual doamos medicamentos e kits de trauma, em
Nabatiyeh, a apenas alguns quilômetros da linha de frente ativa, foi atingido
em 5 de outubro”, explica Zamparini.
Uma equipe médica móvel de MSF, que vinha apoiando
ativamente centros de saúde em Nabatiyeh e em outras áreas próximas à fronteira
libanesa desde novembro de 2023, foi forçada a interromper suas atividades. A
equipe, que antes conseguia acessar áreas próximas à fronteira, não consegue
mais fazê-lo e está atualmente limitada a operar apenas até Saida, que fica a
cerca de 50 quilômetros ao norte da fronteira sul, onde as necessidades são
mais urgentes.
Nas últimas duas semanas, ataques israelenses
provocaram a morte de pelo menos 50 paramédicos. Isso eleva o número total de
profissionais de saúde mortos desde outubro do ano passado para mais de 100,
conforme relatado pelo Ministério da Saúde Pública do Líbano[1].
Os pesados bombardeios israelenses também prejudicaram o acesso a cuidados
médicos em todo o Líbano. Em 1º de outubro de 2024, seis hospitais e 40 centros
de saúde fecharam suas portas, pois a intensidade dos combates tornou
impossível trabalhar sem garantias de segurança, de acordo com o Escritório de
Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)[2].
O conflito armado está
piorando uma crise humanitária em andamento, agravando as necessidades já
existentes. O sistema de saúde do Líbano já estava sobrecarregado pela crise
econômica do país, o que causou a saída do país de muitos profissionais de
saúde e sobrecarregou a capacidade e os recursos das instalações médicas. Os
centros de saúde locais, operando no limite, agora enfrentam uma pressão cada
vez maior ao tentar atender às crescentes necessidades médicas das pessoas
deslocadas.
A quantidade de pessoas que tiveram de deixar seus
locais originais de moradia no Líbano supera significativamente a capacidade do
país de fornecer abrigo adequado, com mais de 1 milhão de pessoas deslocadas,
de acordo com o ACNUR. A maioria dos abrigos onde as pessoas buscam segurança está
em condições terríveis. Para responder a essa situação, MSF enviou 12 equipes
médicas móveis para várias regiões do país, incluindo Beirute, Monte Líbano,
Saida, Trípoli, Bekaa e Akkar. Essas equipes estão fornecendo primeiros
socorros psicológicos, consultas médicas gerais e suporte de saúde mental, além
de doar colchões, kits de higiene, refeições quentes e água limpa. No entanto,
as necessidades das pessoas são muito maiores do que podemos atender.
“Devemos garantir a
continuidade do cuidado para aqueles em necessidade”, enfatiza Zamparini.
“Pedimos a todas as partes que respeitem o direito humanitário internacional.
Civis e infraestrutura civil, instalações médicas e profissionais de saúde não
devem ser alvos. Sua segurança deve ser garantida.”
Resposta de MSF à crise
humanitária no Líbano
Em resposta à escalada
contínua do conflito e aos intensos bombardeios israelenses no Líbano, Médicos
Sem Fronteiras (MSF) enviou 12 equipes médicas móveis para várias regiões do
país, incluindo Beirute, Monte Líbano, Saida, Trípoli, Bekaa e Akkar. Essas
equipes estão oferecendo primeiros socorros psicológicos, consultas médicas
gerais, medicamentos e suporte à saúde mental.
MSF também está distribuindo
itens essenciais, como cobertores, colchões e kits de higiene, além de fornecer
água por caminhões para escolas e abrigos onde as pessoas deslocadas se
reuniram. Além disso, estamos oferecendo refeições quentes e água potável para centenas
de famílias deslocadas.
MSF também doou combustível e
kits de trauma para vários hospitais, posicionou 10 toneladas de suprimentos
médicos e treinou mais de 100 profissionais de saúde para atendimento a traumas
e gerenciamento de vítimas em massa em todo o país.
[1] Health workers in Lebanon describe deadly Israeli attacks on colleagues and fear more | AP News
[2] https://www.unocha.org/news/todays-top-news-lebanon-occupied-palestinian-territory-and-israel-syria-haiti-ukraine-eastern
Nenhum comentário:
Postar um comentário