Quem
tem parentes ou passa por emoções fortes em áreas de conflitos armados podem desenvolver
ansiedade ou até Transtorno de Estresse Pós-traumático
As vítimas da violência diária do cotidiano, como
assaltos, sequestros e violência doméstica, podem sentir o mesmo de quem está
em zonas de guerra. Ambas podem sofrer Transtorno de Estresse Pós-traumático.
Segundo o professor de Psiquiatria do Centro Universitário São Camilo, Alfredo
Simonetti, ao passar diante de uma guerra ou violência urbana, a pessoa fica
atordoada, devido à ameaça à vida, podendo desenvolver ansiedade ou, em casos
mais graves, o Estresse Pós-traumático. Ele explicou as diferenças entre as
duas situações e como é feito o tratamento psicológico para atravessar esses
momentos dolorosos.
“Algumas pessoas choram, sofrem e se desesperam na hora da crise, mas depois têm a sensação de que a vida segue para elas, enquanto outras ficam tão abaladas, que simplesmente desabam, são tomadas pela angústia e têm a sensação de que a vida trava.
Sobre essas, dizemos que estão em estresse
pós-traumático. Há uma distinção entre sofrimento e trauma. No momento do
incidente, acontece o estresse agudo, mas se os sintomas permanecem, fica
caracterizado como Transtorno de Estresse Pós-traumático TEPT)”,
explicou.
O TEPT é mais comum entre cidadãos que vivenciaram conflitos armados, como os brasileiros repatriados, devido à guerra entre Israel e o Hamas. De acordo com o professor Simonetti, o TEPT possui três sintomas. O primeiro é de flashback, quando o paciente fica revivendo o trauma; em um segundo estágio, desenvolve um quadro depressivo, de apatia, isolamento, embotamento afetivo e, por último, aparece um quadro de evitação, quando o paciente evita qualquer coisa que lembre o trauma, como sair de casa.
O Brasil não está efetivamente no cenário da guerra, mas
o conflito pode criar em algumas pessoas preocupação, desânimo e desesperança
com a humanidade. De acordo com o professor de psiquiatria, isso pode ser
chamado de Ansiedade do Fugitivo. É um sentimento de quem tem medo da violência
cotidiana. Quando alguém viveu os horrores da guerra, como os reféns
sequestrados em Israel ou os moradores de Gaza, pode passar a ter a Ansiedade
do Prisioneiro, que é a sensação de não poder sair do local de conflito. Ambos
têm o sentimento de que o presente congela, a sensação de não haver mais futuro.
Um outro é a Ansiedade do Sobrevivente, que é quando acontece o estresse pós-traumático, ou seja, pessoa sente culpa de ter sobrevivido ante os demais que faleceram, com forte sentimento de dor ser somatizado.
Tratamento - O tratamento inicial é o acolhimento
psicológico, o manejo do ambiente, ao deixar a pessoa em um local estruturado,
além de protegê-la para que a não sofra desestruturação psíquica. “A
terapia para quem viu amigos ou parentes serem mortos é escutar, deixar a
pessoa falar caso queira e mostrar o caminho para ter a própria dor, sem que
ela a desestruture, Na terapia do Estresse Pós-traumático você ajuda a pessoa a
sofrer e ver um caminho para que a vida continue, sem negar a perda e nem a
realidade”, finalizou o Dr. Alfredo Simonetti.
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