Mulheres que estão tentando engravidar têm o hábito
de observar vários sinais de saúde para compreender completamente seu ciclo
mensal e ficar sabendo quais são os dias mais férteis no mês para elas – mais
ou menos do mesmo jeito que um atleta monitora seu tempo e compara as respostas
dadas pelo organismo. Sobre isso, pode-se dizer que uma das chaves de leitura
da fecundidade feminina está na produção do hormônio estrógeno, responsável por
formar um muco
na cérvix, região próxima ao colo do útero.
É nas diferentes texturas dessa secreção que se
baseia o Método de Ovulação Billings (MOB) - especialmente por ser natural, a
técnica tem se tornado cada vez mais popular, já que através dela também é
possível evitar uma gestação indesejada, sem o uso de contraceptivo
hormonal.
Isso porque o MOB se enquadra entre os métodos
naturais de planejamento familiar, denominados também de “comportamentais”.
Vários pilares abrangem essas técnicas, a exemplo da periodicidade da
fertilidade e infertilidade, o fato da mulher ovular
somente uma vez a cada ciclo, a capacidade limitada do óvulo de ser fertilizado
– apenas de 12 a 24 horas, depois da ovulação – e a vida útil reduzida do
espermatozoide (de 3 a 5 dias após a ejaculação).
Em linhas gerais, o muco anuncia a proximidade da
ovulação, e a relação sexual, nos dias com a presença dele, potencializa a
probabilidade de fecundação. Portanto, conhecendo esse sinal da fertilidade a
mulher pode, junto com o parceiro, decidir ter relações ou abster-se delas,
conforme o desejo de gestar ou não.
Por outro lado, é importante enfatizar que sendo o
Billings usado como método contraceptivo, há outros meios mais efetivos para
isso e que ele não protege contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis
(IST's), conforme destacou a ginecologista e obstetra, especialista em
Reprodução Humana e integrante da Famivita, Dra. Malu Frade.
Vale ressaltar que as chances da relação sexual
resultar em gravidez variam de acordo com a ovulação da mulher: 4% de chance se
a relação sexual acontecer 5 dias antes da ovulação; de 25% a 28% se isso se
der nos dois dias antes da ovulação; de 8% a 10% nas 24 horas após a ovulação;
e praticamente nula nos demais dias do ciclo menstrual. Nessas variáveis, é
preciso que se inclua, ainda, a idade da mulher, um fator preponderante.
A evolução do muco fértil se dá à medida que se
aproxima a ovulação. Começa em pequena quantidade, espesso, de cor mais
esbranquiçada, viscoso e sem elasticidade; ao progredir, surge um muco de
transição, em maior quantidade, que passa a afinar, tornando-se mais
translúcido e levemente elástico. No ápice da fertilidade, o muco é brilhante,
transparente e muito elástico, semelhante à clara de ovo – para se ter uma
ideia, dá para ser pinçado com o polegar e o indicador até esticar cerca de 5
cm. “É nesse estado que ele protege e facilita o transporte dos
espermatozoides”, explicou a profissional da Famivita.
Parece fácil, mas o Método Billings requer uma
observação apurada do próprio corpo e bastante atenção, por isso a sugestão é
que se anote tudo, de modo a identificar o padrão de fertilidade do organismo.
Inclusive, para abarcar todos os detalhes dele, muitas mulheres optam por fazer
um curso sobre MOB, já que ele dispõe de instrutores espalhados por todo o
Brasil, cadastrados através da Confederação Nacional de Planejamento Familiar
(Cenplafam).
O Método é igualmente interessante para quem tem
apenas curiosidade a respeito do funcionamento do organismo e, como vantagem
adicional, pode ajudar a detectar quando existe algo errado, pois com o tempo e
a perfeita utilização dele é possível saber, por exemplo, se a secreção está
normal ou se é hora de buscar um especialista para tratar problemas com a
ovulação ou mesmo relacionados à corrimento.
Planejamento familiar em foco
Não há dúvida de que a possibilidade de planejar o
momento de ter um ou mais filhos e de evitar a gravidez enquanto isso,
significou para as famílias, e principalmente para as mulheres, uma ampliação
de horizontes no que se refere ao desenvolvimento profissional e pessoal.
“Porém, para que isso ocorra da maneira correta, é fundamental que os
envolvidos tenham conhecimento dos métodos contraceptivos existentes e como
atuam, para poder, junto com o profissional que os acompanha, eleger o melhor
para a fase da vida em que estão”, acrescentou a especialista.
"Parece uma escolha simples, muitas vezes de
fato é, quando a mulher ou casal se adapta facilmente a um método, mas em
alguns casos podem surgir efeitos colaterais indesejáveis, por exemplo, ou a
paciente apresentar alguma contraindicação. Nesse sentido, é essencial lembrar
disso quando se planeja uma consulta, para que haja essa conversa entre o casal
e o médico”, pontuou a Dra. Malu.
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