Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sem a Covid-19, a expectativa de vida dos brasileiros teria crescido de 76,6 anos, em 2019, para 76,8 anos, em 2020, sendo um aumento de 2 meses e 26 dias. Em cinco anos, a expectativa de vida subiu 1,3 ano, enquanto em dez anos houve um crescimento de 3,3 anos.
Um dos fatores responsáveis por essa longevidade é
a medicina preventiva, que consiste em evitar o desenvolvimento de doenças,
reduzindo os impactos de eventuais problemas na saúde dos pacientes e,
consequentemente, proporcionando uma melhor qualidade de vida para pessoas que
fazem algum tipo de tratamento.
O conceito de medicina preventiva surgiu no século
XX, com o objetivo de mudar o foco da prática médica, que se concentrava apenas
no tratamento das doenças, para uma visão mais voltada à promoção da saúde.
Essa área da saúde possui técnicas e estratégias voltadas para prevenção e
intervenção precoce de doenças.
Por essa razão, o tratamento pode começar a partir
de qualquer idade. O teste do pezinho é uma forma de medicina preventiva, sendo
feito em crianças recém-nascidas e realizado a partir das gotas de sangue
coletadas do calcanhar do bebê, permitindo identificar doenças graves
assintomáticas ao nascimento e que podem causar sérios danos à saúde, caso não
sejam diagnosticadas e tratadas precocemente.
Diante disso, as primeiras horas de vida de um
recém-nascido são determinantes para a eventual descoberta de enfermidades,
principalmente doenças relacionadas à imunodeficiência primária. Tratam-se de
condições de difícil diagnóstico e que por vezes são assintomáticas ao
nascimento. As melhores chances para quem sofre com essas doenças estão
relacionadas ao diagnóstico precoce para que o melhor plano de tratamento e
cuidado sejam iniciados o quanto antes.
Quando falamos sobre a importância da medicina preventiva
para os recém-nascidos, fazer o teste do pezinho figura entre os fatores
essenciais, visto que a realização do exame possibilita reduzir mortalidade,
sequelas, sofrimento e custo social, causadas por doenças congênitas graves.
Atualmente, o exame foi ampliado e envolve até 50 novas doenças raras,
incluindo a triagem das imunodeficiências. Antes, o teste do pezinho englobava
apenas seis doenças. O Governo Federal sancionou o Projeto de Lei em maio de
2021 e o Sistema Único de Saúde (SUS) ficou responsável pela implementação, que
deve durar quatro anos.
Além do teste do pezinho, outras formas de medicina
preventiva para recém-nascidos são a realização de exames periódicos de rotina
desde o nascimento. O Ministério da Saúde sugere um calendário mínimo de
consultas, sendo o total de sete nos primeiros 18 meses de vida. Aliado a isso,
está o calendário de vacinação, que deve ser cumprido com responsabilidade e
rigor pelos pais.
A medicina preventiva é um processo que pode ser
construído ao longo da vida de uma pessoa, começando quando bebê e se
estendendo até a terceira idade. O principal objetivo é tentar garantir saúde e
qualidade de vida, evitando o desenvolvimento e agravamento de possíveis
doenças que podem nos acometer ao longo dos anos.
Os primeiros 1000 dias de vida são determinantes no
desenvolvimento da criança e futuro adulto. Devemos zelar por todas medidas de
medicina preventiva cabíveis para a proteção da criança. Destacamos o teste do
pezinho, feito logo ao nascimento. A sociedade brasileira deve estar atenta e
exigir dos governantes o cumprimento da lei de ampliação da triagem neonatal,
que como mencionei, passou de 6 para 50 doenças detectadas, dentre as quais a
triagem dos erros inatos da imunidade.
Antonio Condino-Neto -, médico e pesquisador, é sócio-fundador da Immunogenic, primeiro
laboratório especializado em triagem neonatal dos Erros Inatos da Imunidade por
meio do teste do pezinho. Condino-Neto fez pós-doutorado em Medicina molecular
na Universidade de Massachusetts, é PhD em Farmacologia pelo Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), no qual foi
Professor Titular e coordenador do Laboratório de Imunologia Humana. O
especialista é livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Com mais de 35 anos de experiência, Condino-Neto atua, ainda, como Diretor na
Fundação Jeffrey Modell São Paulo, instituição americana voltada para o
conhecimento das Imunodeficiências Primárias, e é membro do Comitê de Erros
Inatos da Imunidade (EII) da Academia Americana de Asma Alergia e Imunologia.
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