Ortopedista pediátrico alerta: baixa vacinação pode trazer de volta doença considerada erradicada em todo o mundo
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu alerta em que afirma que países como o Brasil, a República Dominicana, o Haiti e o Peru correm alto risco da volta de casos de paralisia infantil, a poliomielite. Tudo isso por conta da diminuição dos índices de vacinação. Segundo a entidade, a queda na cobertura vacinal no Brasil foi de 79%, a menor desde 1994, ano em que a doença foi considerada erradicada no Brasil.
Segundo o ortopedista pediátrico David Nordon, a pólio não é uma doença tratável. A vacina é a única forma de prevenir. A doença tem o poder de causar paralisia irreversível em alguns casos, mas pode ser facilmente evitada por meio da vacinação ministrada à população mundial desde o ano de 1955. “A cura da doença não é conhecida. Contudo, com três doses de vacina é possível chegar a quase 100% de imunidade”, explica o ortopedista.
Não há casos confirmados de paralisia infantil na América Latina ou no Caribe, mas é preciso que todos os países da região reforcem a importância da vacinação para 100% da população. No início de setembro, o Estado de Nova York, nos EUA, viu o vírus da poliomielite reaparecer e se espalhar de forma silenciosa e rápida em comunidades com baixa cobertura vacinal. Esse panorama obrigou a governadora do estado, Kathy Hochul, a declarar emergência, em uma tentativa de acelerar a vacinação dos moradores contra a paralisia infantil depois que o vírus foi identificado na água em quatro regiões do estado.
Ainda de acordo com o médico, que também é professor da disciplina de Saúde Pública da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Campus Sorocaba – PUC Sorocaba, a verificada diminuição da cobertura vacinal para todos os tipos de vacina causada pela pandemia de Covid-19 deixou muitas pessoas desprotegidas dos mais diversos vírus e não foi diferente com a paralisia infantil. “Por isso é importante ficar sempre atento à carteirinha de vacinação do seu filho”, alerta.
A pólio é uma doença viral que acomete o sistema nervoso, compromete o sistema periférico, a medula e aparece de forma aguda. As crianças são as mais atingidas pela forma grave do vírus. Inicialmente, há um enfraquecimento dos membros inferiores que, com o avançar da doença, ficam completamente imóveis. Casos de paralisia infantil adquiridos no passado são tratados até hoje no nosso país. Porém, segundo Nordon, como a doença deixou de ser vivenciada pela população por conta da erradicação ocasionada pela vacina, boa parte das famílias brasileiras não a conhecem. “A desinformação sobre a poliomielite pode estar desencadeando a baixa procura pela vacina durante a campanha”, conclui o médico.
“A erradicação da pólio foi uma grande vitória para o Programa Nacional de Imunização. Contudo, não vivenciar a doença há 28 anos e a desinformação fecham o ciclo do problema encontrado agora. A única solução é a vacinação”, finaliza.
No Brasil, o Ministério da Saúde prorrogou várias vezes a campanha de vacinação contra a pólio para tentar aumentar a cobertura vacinal. Ela agora segue até o dia 30 de setembro.
David Nordon -
médico ortopedista pediátrico pelo HC FMUSP - Professor da disciplina de Saúde
Pública da PUC-SP (Campus Sorocaba) e de ortopedia e medicina preventiva do
Estratégia MED (curso preparatório On-line para provas de Residência Médica),
Mestrando da USP, Pesquisador do Instituto de Ortopedia do Hospital das
Clínicas (HCFMUSP) e idealizador do Projeto Pequenos Passos, projeto
filantrópico de tratamento de pé torto congênito.
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