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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Rotulagem frontal chega dia 9 de outubro: médica cita pontos de alerta

A resolução da Anvisa determina novo rótulo de alimentos

 

As novas regras para rotulagem de alimentos entram em vigor no dia 9 de outubro de 2022. A grande novidade é a adoção da rotulagem nutricional frontal, em formato de lupa, além de mudanças na tabela de informação e nas descrições nutricionais. A Dra. Maria Edna de Melo, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), que acompanha a implementação da rotulagem frontal nas embalagens dos alimentos, traz abaixo alguns pontos de preocupação da comunidade médica quanto à implementação destas regras.

 

Quais as preocupações que ainda cercam os médicos em relação à nova rotulagem?

Uma preocupação que temos é justamente a implementação plena desse modelo de rotulagem, que é extremamente importante para conscientizar de forma fluida e fácil sobre o conteúdo de ingredientes críticos nos alimentos.

 

Porém a maior preocupação é no que concerne à modificação dos ingredientes para fugir dos pontos de corte no qual o produto ganha a sinalização de excesso de açúcar, de gordura saturada e/ou de excesso de sal.

 

Existe uma tendência à modificação na composição dos produtos retirando o açúcar, porém, colocando uma quantidade de adoçantes, que é desnecessária e que não pode – do ponto de vista de saúde - ser oferecida de uma forma indiscriminada para a população em geral. Até porque esses produtos têm o limite de consumo diário, e quando não se sabe quanto estamos consumindo, facilmente podemos ultrapassar esses limites, principalmente as crianças que têm um peso menor, porque os limites são definidos por peso corporal.

 

Bebidas de embalagens retornáveis, como os refrigerantes, ainda têm mais um tempo para se adequar à nova rotulagem. Por que essa demora justamente num produto que tem alto teor de açúcar?

Não há explicação racional para essa demora. Hoje a gente acompanha a diminuição do tamanho dos produtos, isso não só na indústria alimentícia, mas até mesmo na de material de limpeza. Vemos que a indústria consegue reduzir o tamanho da porção ou das embalagens de uma forma rápida para que as vendas não caiam e a comercialização continue num determinado patamar. Então quando se tem algo que é importante para a saúde pública, não tem como justificar. A gente fica esperando que tanto as autoridades que aprovaram a nova rotulagem deem uma explicação, assim como também a indústria, que sempre hasteia uma bandeira de responsabilidade social de forma tão veemente.

 

Quais pontos o consumidor deve estar atento sobre esta adequação na rotulagem?

O consumidor deve que exigir a sinalização dos rótulos dos alimentos. Se um determinado alimento não contém as lupinhas na embalagem, o consumidor precisa sinalizar e denunciar na Anvisa. Temos que somar forças denunciando que algo não está sendo vendido conforme pede a regulamentação. A gente tem que fiscalizar e fazer essa resolução funcionar. Essa discussão sobre rotulagem vem desde 2014, portanto já tivemos um prazo grande para implementação.

 

A nossa regulação do apetite é muito primitiva. As regiões mais desenvolvidas do nosso cérebro participam pouco nesse processo. O córtex pré-frontal participa da tomada de decisão diante de um determinado estímulo, como quando estamos diante de um alimento: então a sinalização com as lupas nos ajuda fornecendo informações para que possamos ponderar e fazer melhores escolhas.

 

Normalmente consumimos alimentos sem ter percepção de que aquilo tem algum ingrediente em excesso que pode prejudicar a nossa saúde. Assim nunca vamos ponderar porque a única informação que vai chegar para nossa consciência é somente o da palatabilidade, ou seja, vou comer o alimento porque é gostoso. Mas a partir do momento que sabemos que determinado alimento tem muito açúcar, muita gordura saturada e muito sal - mesmo aquelas pessoas que não sabem exatamente o prejuízo que esses ingredientes podem causar – seremos auxiliados para escolhas mais saudáveis. 

É lógico que não se espera uma revolução nos números de obesidade e das doenças crônicas com relação a isso, mas é importante saber exatamente, ou pelo menos parcialmente, aquilo que estamos consumindo.

 

SBEM-SP - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo

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