O processo natural de respiração, que envolve a
entrada e saída do ar pelo nariz, classificado como respiração nasal, é uma
missão quase que impossível para algumas crianças. Para elas, esse fluxo ocorre
pela boca, ocasionando consequências negativas à saúde. De acordo com o
pediatra do Hospital Edmundo Vasconcelos, Rubens Tadeu Bonomo, o problema pode
ter diferentes causas.
O hábito, classificado como respiração oral, pode
ser desenvolvido por quatro motivos: infecções de repetição das amigdalas,
desvio do septo, crescimento das adenoides e rinite alérgica. No primeiro caso,
o médico explica que as sucessivas infecções nas amígdalas acabam aumentando o
tamanho do órgão, e consequentemente, dificultando a respiração nasal.
Essa dificuldade ocorre também quando há o
crescimento das adenoides, que reduz o espaço existente entre o nariz e a
faringe, e em casos de rinite alérgica, que em seu estágio leve pode ter o
tratamento ignorado, levando a um problema crônico, como lembra o médico.
"Em alguns casos da rinite crônica a criança
pode apresentar o bruxismo- dormir apertando e rangendo os dentes, e provocando
dores de cabeça, dificuldades para engolir e falar, insônia e sonolência
diurna", enfatiza Bonomo.
Mas respirar pela boca acarreta ainda outras
consequências negativas à saúde dos pequenos. Segundo o médico, isso implica em
receber um ar que não foi filtrado, umidificado e aquecido a temperatura ideal,
e, portanto, eleva as chances da criança roncar, babar demasiadamente,
desenvolver crises de apneia- parada momentânea da respiração por, pelo menos,
dez segundos, e ter mais infecções de garganta, ouvido e gripes.
Os prejuízos, nos casos mais graves, são sentidos
também no desenvolvimento do crânio. "Nestas situações, a respiração oral
provoca um crescimento mais vertical do crânio, predispondo a formação de um
palato, céu da boca, em forma de V invertido, diminuído o espaço destinado à
erupção dentária, resultando no crescimento errado dos dentes e interferindo
também na alimentação, deixando o ato de mastigar e engolir mais
cansativo", exemplifica o médico.
O
pediatra esclarece que o diagnóstico precoce pode evitar esses problemas à
saúde da criança. "Investigar e detectar a causa é primordial para
designar o tratamento indicado, que na maioria das vezes envolve diferentes
profissionais. Quanto mais cedo isso for feito, menor o risco de
sequelas", conclui.
Hospital Edmundo Vasconcelos
Rua Borges Lagoa, 1.450 - Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo.
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