“Não existe vento favorável para o marinheiro que
não sabe aonde ir”. A
famosa frase do filósofo Sêneca – um dos mais célebres advogados, escritores e
intelectuais do Império Romano – se encaixa perfeitamente nas discussões sobre
educação executiva responsável, uma vez que, encontrar seu valor vai muito além
da simples propagação de princípios. As instituições focadas em formação de
líderes responsáveis precisam despertar uma visão global das mudanças que são
necessárias para impactar de forma positiva a sociedade.
O diretor do
Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Nova York,
Vinícius Pinheiro elenca os principais desafios relacionados à três
áreas-chaves:
Economia
digital: os avanços em tecnologia, robótica e automação podem contribuir
positivamente para melhorar as condições de vida das pessoas. Por outro lado,
podem ampliar as desigualdades sociais.
Mudanças
climáticas e transição para a economia verde: representam uma mudança nos
processos produtivos e uma releitura do uso dos recursos naturais disponíveis
no planeta. Além disso, tem o potencial de geral 18 milhões de empregos no
mundo, impactando os outros pilares do tripé da sustentabilidade: o social e o
econômico.
Transição
demográfica: considera a realidade inegável e já bastante
discutida de que a população mundial em idade para trabalhar irá diminuir progressivamente.
Com exceção da África que terá um incremento de 12% de pessoas nesse grupo, há
uma previsão de redução de 14% para a Europa. É um cenário que precisa ser
pensado e planejado.
Entre as
inovações disruptivas há o receio de que as pessoas sejam dispensáveis perante
a supremacia das máquinas. A alta tecnologia domina todos os setores
produtivos: na indústria, no mercado, na saúde, nas linguagens, nas nossas
escolas, na nossa casa. As novas formas de consumo questionam nossas
referências, nosso próprio modelo de vida e são acompanhadas de um constante
medo do desconhecido, como profissões que sequer existem ainda. E para atender
a tudo isso, não podemos mais ficar sentados atrás de grandes mesas ou a frente
de quadros negros das escolas sem olhar para o que está acontecendo no mundo ao
redor.
A sala de aula
como costumava ser tinha o professor como detentor do conhecimento. Hoje, um
aluno com um celular na mão tem acesso a muito mais informações do que o
professor é capaz de memorizar. A sala de aula deve fazer parte dessa
transformação e se tornar um espaço para compartilhamento, no qual cada um dos
envolvidos tem um potencial valioso que não pode ser limitado a formalidades,
mas deve ser medido por sua capacidade de participação, articulação e contribuição
para o aprendizado em comunidade.
Paulo Freire
foi um grande educador, pedagogo e filósofo brasileiro que há décadas defende a
necessidade de mudança no papel da educação. Como grande defensor do aluno
protagonista do conhecimento, em suas colocações afirma que “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou sua construção”.
Há vinte anos,
o ISAE Escola de Negócios defende essa abordagem, acreditando no potencial de
transformação da educação. Ao adotarmos um modelo educacional que associa
teoria e a prática, valorizamos a experienciação, a avaliação por meio de
resultados aplicáveis e o grau de comprometimento do aluno. Somos defensores do
ensino transversal, do aluno como protagonista de seu próprio aprendizado e
vemos o professor como facilitador desse processo e instigador da busca por
mais conhecimento.
Nosso maior
objetivo é honrar nosso compromisso de estar aqui para contribuir com a
sociedade por acreditarmos na educação executiva responsável como grande fator
de transformação social. No entanto, a transformação depende das pessoas. Se as
pessoas não se mobilizarem, a educação sozinha não terá poder algum. Por isso,
mais do que estar consciente das mudanças do mundo do futuro é preciso encará-las
como oportunidades e instigar em nossos alunos a curiosidade, sendo provocador
e despertando o interesse pelo aprendizado e a sede por conhecimento. Somente
assim, quando conseguimos inspirar o outro, deixamos de ser espectadores
passivos e nos tornamos verdadeiros agentes da mudança.
Norman de Paula Arruda Filho
- Presidente do ISAE Escola de Negócios, conveniado à Fundação Getulio Vargas,
professor do Mestrado em Governança e Sustentabilidade do
ISAE/FGV, e Coordenador do Comitê de Sustentabilidade Empresarial
da Associação Comercial do Paraná (ACP).
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