Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o país registra
uma morte por conta de acidente de trabalho a cada três horas e 43 minutos
O Brasil registra um acidente de trabalho a cada 49
segundos e uma morte por conta de acidente de trabalho a cada três horas e
quarenta e três minutos. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no
Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT).
O empreendedor Francisco Farias, de 42 anos, do
Distrito Federal, perdeu um terço da mão em um acidente de trabalho há cerca de
20 anos. Na época, ele servia o Exército e teve que fazer alguns cavaletes,
para uma ação de trânsito.
Segundo ele, os equipamentos que usava eram rústicos
e a máquina de corte, utilizada para serrar madeira e chapa de metal, deceparam
parte da mão dele.
“A madeira embolou no disco. O disco tem uma
rotação de 1.200 voltas por segundo. Ou seja, um dente passa 1.200 vezes no
mesmo lugar em um segundo. Então, ele embolou ali e puxou a minha mão. Minha
mão passou sobre aquela serra ali, cortou um terço. Se você olhar para a sua
mão, você divide ela em três, ela cortou um terço. Aí cortou o osso, o tendão,
meu dedo mindinho, um osso de um dedo anelar e, então, eu fui levado as pressas
para a enfermaria, o Exército me assistiu, depois eu fui para o HFA (Hospital
das Forças Armadas) e lá fiquei fazendo o tratamento por algum tempo”, conta.
Outra história de acidente no trabalho ocorreu com
o professor de artes marciais Roger Chedid, de 52 anos, morador de São Paulo.
Em 1995, ele foi fazer uma demonstração, junto com outros profissionais, em um
centro de treinamento de futebol. O gramado estava molhado e, quando ele menos
esperava, um colega escorreu e caiu sobre cabeça dele. Com dificuldades de
equilíbrio, coordenação motora e sensibilidade devido ao acidente, atualmente
Roger é personal de lutas, mais voltado para o preparo físico, e também dá
palestras motivacionais.
“O local não era adequado, o gramado estava
molhado, fazendo o movimento, um companheiro meu de um metro e noventa, cem
quilos, escorreu no gramado e caiu sobre a minha cabeça. Eu bati o queixo no
meio do peito e fiquei estatelado no gramado. Consegui me levantar, me levaram
para o departamento médico, colocaram os eletrodos no meu pescoço e, durante quarenta
minutos, eu fiquei tomando choque e saí de lá como se nada tivesse acontecido.
Dezessete anos depois, eu fui descobrir que eu estava com o pescoço quebrado
por causa deste acidente”, disse.
Segundo o especialista em Direito do Trabalho,
Daniel Moreno, os dados informados pelo Observatório de Segurança e Saúde no
Trabalho podem não condizer com a realidade por conta das subnotificações.
“Esse número de acidentes, de um acidente a cada a
cada 49 segundos e um acidente fatal a cada três horas e quarenta minutos no
Brasil, esse número com certeza é ainda maior. Os dados estatísticos do
Ministério do Trabalho levam em consideração como acidente de trabalho apenas
os acidentes em que a empresa abre o CAT, que é o Comunicado de Acidente de
Trabalho. As empresas que abrem o CAT, obviamente, são as empresas que têm seus
funcionários registrados. Porque hoje, no Brasil, a gente tem muitos
trabalhadores trabalhando informalmente”, afirma.
Segundo a Lei nº 8.213/91, o acidente de trabalho é
aquele "que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho".
Fonte:
www.agenciadoradio.com.br/
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