É um tempo para redobrar práticas de
caridade, confraternizar com a família e a comunidade, dedicar-se mais às
orações, além de rever e reavaliar hábitos, repensar caminhos, arrepender-se
por atitudes prejudiciais a si mesmo e ao próximo e pedir perdão para os
pecados, para que uma nova etapa se inicie
Entre
os dias 6 de maio e 5 de junho, 800 mil muçulmanos brasileiros viverão seu mês
sagrado, o Ramadan - o nono do calendário lunar islâmico. O período é definido
conforme o posicionamento da lua, por isso, sua data de início e término mudam
ano a ano.
Segundo
a tradição, o mês do Ramadan foi aquele no qual Alcorão, livro sagrado do
Islam, foi revelado ao profeta Muhammad. Ali Zoghbi, vice-presidente da
FAMBRAS, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, explica como este
momento é recordado e vivenciado pelos seguidores da religião: “É um tempo para
redobrar práticas de caridade, confraternizar com a família e a comunidade,
além de dedicar-se mais às orações”.
Mas,
quando se fala em Ramadan, automaticamente vem à mente o jejum que os
muçulmanos fazem durante o período. Quando nasce o sol, se inicia o jejum de
água e comida. O pôr-do-sol marca o momento em que é permitido voltar a
alimentar-se, momento iniciado, geralmente, com o degustar de tâmaras, seguido
de pratos feitos especialmente para a ocasião.
“As
Mesquitas recebem a comunidade para orações noturnas e a leitura do Alcorão. O
jejum e os momentos de reza e congregação promovem reflexões, sobretudo, sobre
as dificuldades e desafios humanos”, completa Zoghbi. “Até mesmo a fome,
consequência do jejum, tem a finalidade de aproximar os muçulmanos da realidade
dos mais necessitados. É por isto que, no Ramadan, são comuns a distribuição de
alimentos e a prática de atos de caridade. É justamente o que o Islam prega:
compaixão pelo próximo e amor”.
A
transformação pessoal, a partir de reflexões e momentos de comunhão com Deus,
também é objetivo do Ramadan. De acordo com Zoghbi, é um período para rever e
reavaliar hábitos; repensar caminhos; arrepender-se por atitudes prejudiciais a
si mesmo e ao próximo; e pedir perdão para os pecados. “É a purificação para
que uma nova etapa de vida possa se iniciar”.
O
final do Ramadan é marcado pela maior festividade do calendário muçulmano, a
Eid al-Fitr. Na quebra final do jejum, os muçulmanos vestem suas melhores
roupas, enfeitam suas casas e oferecem alimentos a outros membros da
comunidade. “É uma grande festa”, finaliza Zoghbi.
Curiosidades sobre o Ramadan
-
O Profeta Muhammad costumava anunciar à sua comunidade a chegada do mês
sagrado. Abu Huraira, que relatou ao mundo muito do que disse o Profeta,
registrou: “Chegou-vos o mês de Ramadan, um mês abençoado. Nele foi-vos
instituído o jejum. Nele as portas do céu se abrem e as portas do inferno são
cerradas. Os demônios são acorrentados. Durante o mês há uma noite equivalente
a mil meses. Quem for privado das virtudes dessa noite, perdeu o melhor das
virtudes do Ramadan”.
-
Recomenda-se o jejum a partir da adolescência. Pessoas que estão em viagem,
mulheres grávidas, mães que estão amamentando, crianças, idosos e pessoas
doentes não devem fazê-lo.
-
Quando o sol se põe, na quebra do jejum, chamado de Iftar, os muçulmanos
costumam comer uma tâmara e tomar um copo de leite ou iogurte, para então
fazerem suas refeições. O valor das tâmaras – como algo adocicado que alivia a
dor - é citado em uma famosa passagem do Alcorão, no capítulo chamado
Maria, versículos 25-6: “E move em tua direção o tronco da tamareira e ela
fará cair sobre ti tâmaras maduras e frescas. Então come e bebe e seja
confortada”. Essa foi a prescrição de Deus para a Virgem Maria no momento
do nascimento de Jesus, para fazer com que o parto fosse fácil e confortável.
-
No ano passado, o atacante egípcio Mohamed Salah, craque do Liverpool, manteve
o jejum do Ramadan durante a decisão da Liga dos Campeões contra o Real Madrid,
de acordo com o jornal egípcio Al-Masry Al-Youm. Segundo a publicação, pessoas
próximas ao jogador afirmaram que ele rejeitou “descumprir o jejum para a
final” que aconteceu em Kiev.
Federação
das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS
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