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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Gaslighting – como preparar os filhos para se defenderem


Psicóloga Salma Cortez fala sobre abuso psicólogo


O amor incondicional aos filhos não é suficiente para blindá-los dos abusos psicológicos que possam vir a sofrer durante a vida. A psicóloga Salma Cortez sugere cuidados com o preparo dos filhos para que possam se defender de violências emocionais como o Gaslighting, que é uma forma de abuso psicológico, no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas, para favorecer o abusador ou simplesmente, inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria capacidade de perceber e julgar os fatos, inibindo completamente seu senso de livre-arbítrio por fazê-la sentir-se completamente incapaz de discernir sobre fatos e dados de realidade.

"Casos de Gaslighting podem variar da simples negação por parte do agressor, de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram com a vítima, até a realização de eventos bizarros pelo abusador com a intenção de desorientar a vítima", explica Cortez.

É importante perceber que este conceito está necessariamente ligado a um contexto estrategicamente gerado para que duvidemos de nós mesmos a respeito de tudo o que estamos vendo, ouvindo ou percebendo, reduzindo nossa autoconfiança
 a zero.
"O mais importante é percebermos que ser vítima de Glaslighting pode ter suas raízes psicológicas em nossa infância pela forma de como fomos ensinados, ou não, a lidarmos com nossas emoções", afirma Cortez.
A terapeuta dá dicas básicas para os pais ajudarem seus filhos a crescerem emocionalmente saudáveis e blindados contra todo e qualquer tipo de abuso psicológico.
  • Não ignorar ou banalizar as emoções negativas dos filhos, distraindo a atenção para que se esqueçam do que estão sentindo e não desmereçam os acontecimentos que causaram a emoção. De nada adianta demonstrar aceitação pela emoção sem orientação, sem ajudar a criança a resolver problemas por meio de métodos que a suportem neste sentido. Agindo desta forma a criança não aprende a regular as emoções, tem dificuldade em se concentrar, de fazer amizades, de se relacionar com outras crianças, além da dificuldade em lidar com limites e haver baixo nível de resiliência e resistência à frustração.
  • Não acreditar que problemas emocionais vão se resolver com o tempo, porque não vão. Comportamentos assim farão com que os filhos aprendam que seus sentimentos são errados, impróprios, inadequados, correndo o risco de interpretarem que há algo intrinsicamente errado com eles por causa do que sentem. Em decorrência, desenvolverão contato superficial com suas emoções, podendo ter dificuldade em regular os próprios sentimentos, não sabendo lidar com seu universo interno. As consequências para as crianças são tensão emocional, forte tendência a stress, somatizações ligadas ao sistema osteo-muscular, incluindo Disfunção Temporomandibular, já que a criança cresce sem saber lidar com seus sentimentos, a não ser reprimindo-os constantemente.
Salma Cortez sugere também que os pais façam uma autoavaliação, percebendo nas emoções negativas uma oportunidade de aproximação de si próprio, desenvolvendo recursos internos, melhorando a capacidade de gerenciamento emocional para que então possam ajudar os filhos a se sentirem autorresponsáveis, autoconfiantes e com a autoestima bem embasada.

"As dicas para alcançar estes níveis ficam por conta de perceber e valorizar as próprias emoções, desenvolvendo uma refinada capacidade de sentir as nuances emocionais: não dizer nunca o que deveria ou não sentir, usar os momentos de maior emoção para permitir se escutar, demonstrar empatia em relação a si próprio, ajudar a nomear a emoção (qual a cor, textura, tem efeito sobre o corpo, onde está), aprender e utilizar técnicas de gerenciamento emocional, como por exemplo, respirar profundamente durante cinco minutos de modo que se altere as frequências eletroencefálicas e se dê a oportunidade de perceber o contexto a partir de um novo ponto de vista, fazer um diário das emoções pois é uma excelente técnica para ganharmos consciência de nossas emoções, principalmente quando temos medo do que estamos sentindo, perguntar-se: o que sinto agora ou normalmente mais sinto? Dar um nome como felicidade, afeição, interesse, excitação, orgulho, desejo, gratidão, tensão, mágoa, amor, tristeza, irritação, raiva, piedade, desgosto, culpa, inveja, arrependimento, vergonha e etc., colocar-se também no lugar do filho, tentando perceber a situação do ponto de vista dele e a partir daí, construir 'uma ponte emocional' que traga uma forma mais saudável de lidar com o processo, e por fim, procurar ajuda de um especialista da área comportamental caso perceba que precisará ser apoiada no processo" finaliza Cortez.

Por meio deste caminho é possível ensinar os filhos a aprender a confiar em si, regular as próprias emoções, não ser refém delas, elevar a autoestima e aumentar a capacidade de criar relacionamentos saudáveis com as pessoas.





Salma Cortez - formada em psicologia pela USP, mestre em Reiki e membro da SBDOF (Sociedade Brasileira de Dor Orofacial). Terapeuta especializada em tratamento da DTM, desenvolvimento da qualidade de vida e aprofundamento do autoconhecimento por meio dos Florais Joel Aleixo e da EFT (Emotional Freedom Techniques ).


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