Falta de informação, mitos e
descumprimento da lei afetam o aprendizado de mais de 10 milhões de brasileiros
Muita gente nem
imagina, mas para mais de 10 milhões de brasileiros, a língua de sinais ganhou
status de idioma. Desde a aprovação da Lei 10.436/2002 e a regulamentação pelo
Decreto 5.626/2005, a LIBRAS tornou- se uma segunda língua oficial para
brasileiros com surdez e baixa audição e deve ser inserida como disciplina
curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício
do magistério. Mas, quantos de fato aprendem a se comunicar com os
alunos surdos?
No dia Nacional
da Educação do Surdo, celebrado em 23 de abril, é importante que o assunto
volte a ser discutido como forma de conscientizar a sociedade sobre inclusão no
sistema de ensino. Sorrir, acenar, desenhar e falar com o intérprete como
formas de se reportar a eles não contribuem para uma educação inclusiva.
De acordo com Nilza Montanari, consultora em desenvolvimento
inclusivo, os surdos possuem particularidades cognitivas, linguísticas e
sociais que devem ser levadas em consideração. “Eles têm uma cultura própria.
Como é um idioma completo, somente o surdo pode efetivamente contribuir para a
educação de outro surdo e a construção de projeto pedagógico bilingue, não
basta ter um interprete de LIBRAS na sala de aula, a metodologia e o currículo
escolar tem que ser pensado e formatado com ambos os vieses”.
A especialista ressaltou que a desinformação ainda é o principal
motivo de alguns mitos que ainda permanecem na sociedade. “Por exemplo, não é
correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque
não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, outras não. Gritar nunca
adianta. Aumentar o tom de voz só é necessário se a pessoa pedir”, afirmou
Nilza Montanari que ainda orientou quanto as formas adequadas de comunicação
com os surdos. “Se ela não estiver prestando atenção em você, acene ou toque em
seu braço levemente. Fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas
não exagere na velocidade, não fale muito rápido e nem devagar demais. Fale
diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Faça com que a sua boca
esteja sempre visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna
impossível a leitura labial. E por fim, se você souber alguma linguagem de
sinais, tente usá-la- Seja expressivo ao falar. Se for necessário, comunique-se
através de bilhetes. O importante é se comunicar”, finalizou.
NILZA MONTANARI - Cadeirante, profissional de RH e
Educação, formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Campinas -
UNICAMP, pós-graduada em Pedagogia Empresarial e com MBA em Gestão Estratégica
de Pessoas, palestrante e participante de seminários e fóruns de discussão
sobre o tema da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Atuou
em fundação privada sem fins lucrativos nas áreas de inclusão social e
voluntariado, em Recursos Humanos de grandes empresas desenvolvendo
programas e projetos sociais e institucionais sobre diversidade, sobretudo em
relação à inclusão de pessoas com deficiência no ambiente organizacional e
treinamento técnicos e corporativos. Atualmente, é diretora da Montanari
Desenvolvimento Inclusivo, que defende o compromisso de alinhar conceitos e
implementar práticas que possam promover boas experiências envolvendo a
diversidade, buscando equidade de oportunidades de qualificação e inserção das
pessoas com deficiência no mercado, dentro de um ambiente organizacional
voltado para resultados positivos para o negócio.
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