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sábado, 19 de julho de 2025

Rotina sem aulas em dias frios, psicóloga ensina a lidar

Psicóloga especialista em crianças alerta para riscos do excesso de eletrônicos, mudanças no sono e ensina como equilibrar lazer online e offline nos dias frios
 

Férias escolares de inverno e muitas famílias enfrentam o mesmo dilema: como entreter as crianças nos dias gelados sem que elas passem horas a fio diante de telas? A psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em comportamento infantil, alerta que, embora seja natural recorrer aos eletrônicos como passatempo, o excesso pode trazer consequências importantes para a saúde física e mental das crianças.

“Nos dias frios, a tendência é que as famílias fiquem mais tempo dentro de casa, e os dispositivos eletrônicos acabam se tornando o grande recurso para entreter as crianças. Mas é justamente aí que mora o risco: horas excessivas em frente às telas podem prejudicar o sono, aumentar a irritabilidade, interferir na socialização e até favorecer quadros de ansiedade ou depressão”, explica Tatiana.

Segundo a especialista, as férias de inverno exigem ainda mais atenção porque a rotina habitual das crianças é interrompida. Sem os horários fixos das aulas, muitos acabam dormindo e acordando mais tarde, o que facilita o uso prolongado de celulares, tablets e videogames, especialmente durante a noite. Além disso, a redução de atividades físicas — muito comum nos dias frios — contribui para um ciclo de sedentarismo que impacta não apenas o corpo, mas também o humor.
 

Inverno e sono: dormir mais ou menos é normal?

Outro aspecto que costuma se alterar nas férias de inverno é o padrão de sono das crianças. Tatiana Serra explica que o frio pode aumentar a vontade de ficar na cama, mas também há crianças que acabam dormindo menos, seja por estímulos noturnos (como eletrônicos) ou por alterações na rotina.

“Um pouco mais de sono nos dias frios é esperado, pois o organismo tende a querer conservar energia. Porém, quando a criança passa a dormir excessivamente, ou, ao contrário, apresenta dificuldade para pegar no sono ou desperta várias vezes à noite, é sinal de que algo não está bem — seja ansiedade, uso excessivo de telas ou mudanças emocionais”, alerta a psicóloga.

Tatiana recomenda que os pais fiquem atentos à qualidade do sono e aos horários, mesmo nas férias. A ausência de uma rotina clara pode bagunçar completamente o relógio biológico das crianças, trazendo efeitos no humor, na atenção e até na imunidade.

Como equilibrar lazer online e offline?

Para evitar que os eletrônicos dominem os dias frios, Tatiana Serra dá algumas dicas práticas para manter uma rotina mais saudável e divertida mesmo nas férias:

  • Estabeleça horários definidos para uso de telas e comunique-os claramente às crianças. “Elas precisam saber o que esperar”, orienta a psicóloga.
  • Intercale momentos online com atividades offline, como jogos de tabuleiro, leitura conjunta, culinária ou brincadeiras criativas dentro de casa.
  • Inclua pausas ativas, mesmo em ambientes internos, como circuitos de obstáculos improvisados, dança ou alongamentos.
  • Estimule a socialização presencial, quando possível e seguro, convidando amigos ou primos para atividades caseiras.
  • Cuide dos horários de sono, mantendo horários de dormir e acordar semelhantes aos do período escolar, mesmo que com alguma flexibilidade.
  • Dê o exemplo: reduza também o uso de telas dos adultos durante o tempo em família.

Para a psicóloga, férias bem aproveitadas são aquelas em que há equilíbrio entre descanso, lazer, e a oportunidade de as crianças explorarem o mundo — mesmo que, por alguns dias, ele fique restrito às paredes de casa.
 

Tatiana Serra - psicóloga e neuropsicóloga - CRP: 06/123778. Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e Transtorno do Espectro do Autismo e desenvolvimento de famílias e equipe.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Janeiro Branco


Psicóloga fala sobre a saúde mental e a campanha do mês 


Criada em 2014, a campanha Janeiro Branco visa psicoeducação da população em geral e das autoridades públicas, conscientizando-as sobre a importância da saúde mental e emocional. A campanha busca estratégias e ações de políticas públicas, sociais e culturais para que o adoecimento emocional seja discutido e, assim, prevenido e evitado.

Durante todo o mês de janeiro, diversos profissionais da saúde e da psicologia realizam, sem fins lucrativos, palestras, cursos, entrevistas e atividades em geral, com a finalidade de promoção da saúde emocional das pessoas. “Através de palestras presenciais e/ou online, levamos informações sobre as diversas possibilidades de cuidados com a saúde mental e, assim, atendemos ao primeiro princípio da campanha: o tema da Saúde Mental e da Saúde Emocional em máxima evidência na sociedade. Para isso, são feitas divulgações, através da internet, panfletagem abordando os temas de saúde emocional e as formas de prevenção, construindo, fortalecendo e disseminando uma cultura para Saúde Mental na humanidade”, esclarece Tatiana Serra, diretora e psicóloga do Núcleo Tatiana Serra.

Janeiro foi escolhido para a campanha por ser o primeiro mês do ano, momento em que as pessoas fazem uma reflexão de vida, traçam novos planos e um novo estilo de vida. Os criadores da campanha aproveitaram esse clima para lembrar a importância de cuidar da mente.  “Durante todo o mês de janeiro, promovemos o acolhimento das pessoas e refletimos sobre possíveis ações de mudança de estilo de vida, contribuindo para a valorização da subjetividade humana e o combate ao adoecimento emocional das pessoas”, comenta a especialista.

Atualmente, doenças como ansiedade e depressão vêm crescendo pelo mundo. As mudanças ocorridas na sociedade contemporânea contribuem para o desenvolvimento de doenças relacionadas à mente. “A campanha traz a oportunidade do acesso às informações, transmitidas pelos mais diversos especialistas na área, que contribuem para o desenvolvimento e a disseminação do conceito de ‘psicoeducação’ entre as pessoas e as instituições sociais; contribuindo para o desenvolvimento e a valorização de políticas públicas relativas aos universos da Saúde Mental”, finaliza.






Tatiana Serra – Psicóloga. Diretora/psicóloga do Núcleo Tatiana Serra - Intervenção e Formação Comportamental. Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Psicóloga clínica com ênfase em ansiedade e transtornos do desenvolvimento, especializando-se em Análise do Comportamento pela USP.


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

No Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa tira a própria vida, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)

 

Sinais que merecem atenção

Mudanças no comportamento, como isolamento repentino, alterações de sono e alimentação, frases de desesperança ou desistência, podem ser sinais de alerta para o sucídio. “É preciso prestar atenção ao que muitas vezes é visto como ‘drama’ ou ‘fase’. Pequenos indícios podem revelar um grande sofrimento”, afirma a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, falar sobre o tema é fundamental. “Existe um mito de que falar sobre suicídio pode incentivar alguém, mas isso não é verdade. O silêncio, sim, pode ser fatal. Quando oferecemos escuta ativa e sem julgamentos, abrimos caminhos para que a pessoa se sinta acolhida e busque ajuda”, explica.


Porque falar é tão importante

Mesmo que ainda exista receio de falar sobre suicídio, a psicóloga reforça que conversar salva vidas. “Trazer o assunto para rodas de conversa, família ou escola ajuda a normalizar a busca por ajuda psicológica e mostra que não há vergonha em admitir dor emocional”, explica.


Nas redes sociais

Em um mundo tão conectado, Tatiana ainda ressalta o papel das redes sociais também precisa ser considerado. Segundo ela, a pressão para se adequar a padrões irreais pode aumentar a vulnerabilidade emocional. “Entre jovens, a comparação constante e a sensação de não ser suficiente estão entre os gatilhos mais comuns. Precisamos educar para o uso consciente da internet e estimular espaços de autenticidade”, orienta.


No trabalho

O sofrimento psíquico também aparece nas empresas. “Assédio, excesso de pressão por resultados e ausência de diálogo interno podem ampliar riscos. As organizações precisam investir em programas de saúde mental e criar canais de apoio ao funcionário, para que ele não se sinta sozinho em momentos de fragilidade”, reforça a psicóloga.


Na escola

Na adolescência, a escola é espaço essencial de prevenção. “Professores e colegas podem ser agentes de escuta e acolhimento. Capacitar educadores para identificar sinais de risco e criar projetos que combatam bullying são medidas fundamentais”, acrescenta Tatiana Serra.


Como prevenir

Além da busca por apoio profissional, práticas simples podem ajudar no dia a dia. “Escrever um diário, praticar exercícios de respiração, manter uma rede de apoio e cuidar da qualidade do sono são recursos acessíveis que fazem diferença”, explica a especialista que ainda afirma que pessoas que buscaram ajuda e conseguiram ressignificar a dor são exemplos reais de que há saída. “Isso fortalece a mensagem de que pedir ajuda não é fraqueza, mas um ato de coragem”, finaliza. 



Tatiana Serra - psicóloga e neuropsicóloga - CRP: 06/123778. Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e Transtorno do Espectro do Autismo e desenvolvimento de famílias e equipe.


sábado, 11 de outubro de 2025

Brincadeiras infantis moldam a inteligência emocional, especialistas explicam


No Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, muito se fala sobre presentes e consumo, mas pouco se reflete sobre a essência da data: o brincar. Para além da diversão, a brincadeira é uma das principais ferramentas para o desenvolvimento emocional e social das crianças.

De acordo com a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, o ato de brincar é um verdadeiro “laboratório da vida”, no qual as crianças aprendem a lidar com sentimentos, frustrações, conquistas e relações.

“A inteligência emocional, que tanto valorizamos nos adultos, começa a ser construída na infância, e é no brincar que a criança ensaia situações do mundo real de forma segura”, explica.
 

O papel da brincadeira na regulação emocional: criatividade, memória e empatia

Brincadeiras de faz de conta, jogos em grupo e até atividades físicas simples, como correr ou pular corda, ajudam as crianças a entender regras, compartilhar, esperar a vez e lidar com perdas.

“Quando a criança perde em um jogo, por exemplo, ela vivencia a frustração e, com a mediação de um adulto, pode aprender a lidar com esse sentimento de forma saudável. Isso é inteligência emocional em formação”, destaca Tatiana.

Pesquisas em neurociência apontam que o brincar ativa áreas cerebrais ligadas à criatividade, à memória e à empatia. Para Tatiana Serra, esse é um ponto crucial:

“Crianças que têm espaço para brincar livremente, sem excesso de direcionamentos ou tecnologia, desenvolvem maior autonomia e capacidade de resolver problemas.”
 

Brincar em família: vínculo e saúde mental

A especialista também alerta que, em tempos de telas, é fundamental que pais e responsáveis se envolvam nas brincadeiras.

“O melhor presente no Dia das Crianças é o tempo compartilhado. Brincar junto cria memórias afetivas, fortalece vínculos e transmite segurança emocional — bases que vão sustentar a vida adulta dessa criança”, afirma.
 

O olhar pedagógico: brincar livre, brincar estruturado e “trabalho”

Na perspectiva pedagógica, o brincar também é parte central do crescimento. Para a pedagoga Mariana Ruske, fundadora da Senses Montessori School, a infância é um momento em que aprender e brincar se entrelaçam. No método Montessori, isso acontece de três formas principais:

  • Brincar livre, quando a criança explora de forma espontânea, criando regras próprias e deixando a imaginação fluir.
  • Brincar estruturado, em que há um direcionamento leve como jogos de construção ou de regras simples.
  • “Trabalho”, conceito usado por Maria Montessori para descrever a dedicação intensa e prazerosa em atividades escolhidas pela própria criança, como cuidar de uma planta ou organizar blocos.

“Essas três experiências se complementam. O brincar livre abre portas para a criatividade, o estruturado desenvolve habilidades específicas e o trabalho fortalece a concentração e a autonomia. Tudo isso ajuda a criança a construir disciplina interna e autoestima de forma natural”, explica Mariana.

Para a pedagoga, a principal lição é que o brincar não deve ser visto como algo secundário, mas como parte da formação integral da criança.

“Quando respeitamos o tempo da infância, damos espaço para que ela cresça explorando, criando e se desafiando. Esse é o verdadeiro poder do brincar”, conclui.

Neste Dia das Crianças, especialistas reforçam: mais do que presentes, brincar é a base da inteligência emocional, da autonomia e das memórias que a criança levará para toda a vida.
 

Brincadeiras de criança antigas estimulam a inteligência

A dica do Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, é voltar no tempo das brincadeiras de antigamente e compreender como elas podem estimular os mais diversos tipos de inteligência. “Quando comparamos amarelinha, pega-pega, par ou ímpar, telefone sem fio, entre outras, com o mundo atual que é muito mais on-line, conseguimos avaliar o quanto o mundo atual das telas comprometer o desenvolvimento do cérebro”, avisa o médico.

Algumas brincadeiras bem simples, fáceis de produzir e de brincar podem auxiliar na educação das crianças e cada uma delas estimula um tipo de inteligência especifica e as habilidades mentais. São elas:

  • Stop, telefone sem fio ou trava língua: Aqui a inteligência linguística e comunicação são estimuladas para potencializar matérias escolares como português e inglês;
  • O que, o que é? Pedra, papel e tesoura, par ou ímpar e jogo da velha: Promovem a inteligência lógico matemática e melhoram as habilidades com fazer contas;
  • Esconde-esconde ou bola de gude: Tudo o que engloba a inteligência espacial, aquelas que envolvem noção de espaço, melhoram o conhecimento para andar de bicicleta e até dirigir no futuro, já que estruturas profundas do cérebro, como cerebelo e gânglios da base, são utilizadas nestas brincadeiras;
  • Perna de lata, jogar amarelinha, cama de gato, pular corda, elástico, andar de carrinho de rolimã ou de pega-pega: Como mexer com o corpo físico desperta a habilidade motora, a inteligência corporal sinestésica é trabalhada nestas brincadeiras que, além disso tudo, ainda queimam calorias e pode ser uma boa introdução ao esporte;
  • Bater bafo (bater figurinhas): Estimulam a inteligência emocional;
  • Colecionar figurinhas: A memória, a atenção e outras habilidades sociais são saudavelmente provocadas com esse hábito que aciona o circuito do prazer;
  • Ter um pet: Trabalha a empatia, desenvolve sentimentos e emoções além de aquecer as habilidades sociais;
  • Empinar pipa: Essa brincadeira envolve vários processos desde a psicomotrocidade ao montar a pipa, compreender o mundo físico como o vento que fará a pipa voar e assim, a inteligência física e interpessoal são estimuladas;
  • Vivo ou morto, gato-mia e passa anel: Ponderar atitudes provocam o controle inibitório nesses tipos de brincadeiras que ainda estimulam a atenção.

 



Dr Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. Há 12 anos atua como comunicador, já tendo passado pela TV Globo por seis anos como consultor fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (2013 a 2019), por um ano (2020) na TV Band no programa Aqui na Band como apresentador do quadro de saúde “E Agora Doutor?” e dois anos (2020 a 2022) como Corresponde Médico da TV CNN Brasil. Desde 2020 comanda seu programa semanal no Youtube ‘Olho Clínico com Dr. Fernando Gomes’ Link. É também autor de 10 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena a unidade de ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro


Tatiana Serra - psicóloga e neuropsicóloga - CRP: 06/123778 - Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e Transtorno do Espectro do Autismo e desenvolvimento de famílias e equipe.
Link

Mariana Ruske - Pedagoga da Senses Montessori School, pedagoga, fundadora da Senses Montessori School, referência em bilinguismo e educação Montessori no Brasil. Sua trajetória inclui formações em engenharia e astrofísica antes de encontrar sua vocação na pedagogia, impulsionada pela paixão pelo cérebro humano e seu desenvolvimento. Palestrante e ativista, dedica-se a disseminar informações sobre a proteção infantil contra abuso e violência. Defende que a educação infantil é a base do futuro e vê na Pedagogia Científica de Maria Montessori a ferramenta ideal para um desenvolvimento integral.



Brincadeiras infantis moldam a inteligência emocional, especialistas


No Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, muito se fala sobre presentes e consumo, mas pouco se reflete sobre a essência da data: o brincar. Para além da diversão, a brincadeira é uma das principais ferramentas para o desenvolvimento emocional e social das crianças.

De acordo com a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, o ato de brincar é um verdadeiro “laboratório da vida”, no qual as crianças aprendem a lidar com sentimentos, frustrações, conquistas e relações.

“A inteligência emocional, que tanto valorizamos nos adultos, começa a ser construída na infância, e é no brincar que a criança ensaia situações do mundo real de forma segura”, explica.


 

O papel da brincadeira na regulação emocional: criatividade, memória e empatia

Brincadeiras de faz de conta, jogos em grupo e até atividades físicas simples, como correr ou pular corda, ajudam as crianças a entender regras, compartilhar, esperar a vez e lidar com perdas.

“Quando a criança perde em um jogo, por exemplo, ela vivencia a frustração e, com a mediação de um adulto, pode aprender a lidar com esse sentimento de forma saudável. Isso é inteligência emocional em formação”, destaca Tatiana.

Pesquisas em neurociência apontam que o brincar ativa áreas cerebrais ligadas à criatividade, à memória e à empatia. Para Tatiana Serra, esse é um ponto crucial:

“Crianças que têm espaço para brincar livremente, sem excesso de direcionamentos ou tecnologia, desenvolvem maior autonomia e capacidade de resolver problemas.”
 

Brincar em família: vínculo e saúde mental

A especialista também alerta que, em tempos de telas, é fundamental que pais e responsáveis se envolvam nas brincadeiras.

“O melhor presente no Dia das Crianças é o tempo compartilhado. Brincar junto cria memórias afetivas, fortalece vínculos e transmite segurança emocional — bases que vão sustentar a vida adulta dessa criança”, afirma.
 

O olhar pedagógico: brincar livre, brincar estruturado e “trabalho”

Na perspectiva pedagógica, o brincar também é parte central do crescimento. Para a pedagoga Mariana Ruske, fundadora da Senses Montessori School, a infância é um momento em que aprender e brincar se entrelaçam. No método Montessori, isso acontece de três formas principais:

  • Brincar livre, quando a criança explora de forma espontânea, criando regras próprias e deixando a imaginação fluir.
  • Brincar estruturado, em que há um direcionamento leve como jogos de construção ou de regras simples.
  • “Trabalho”, conceito usado por Maria Montessori para descrever a dedicação intensa e prazerosa em atividades escolhidas pela própria criança, como cuidar de uma planta ou organizar blocos.

“Essas três experiências se complementam. O brincar livre abre portas para a criatividade, o estruturado desenvolve habilidades específicas e o trabalho fortalece a concentração e a autonomia. Tudo isso ajuda a criança a construir disciplina interna e autoestima de forma natural”, explica Mariana.

Para a pedagoga, a principal lição é que o brincar não deve ser visto como algo secundário, mas como parte da formação integral da criança.

“Quando respeitamos o tempo da infância, damos espaço para que ela cresça explorando, criando e se desafiando. Esse é o verdadeiro poder do brincar”, conclui.

Neste Dia das Crianças, especialistas reforçam: mais do que presentes, brincar é a base da inteligência emocional, da autonomia e das memórias que a criança levará para toda a vida.
 

Brincadeiras de criança antigas estimulam a inteligência

A dica do Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, é voltar no tempo das brincadeiras de antigamente e compreender como elas podem estimular os mais diversos tipos de inteligência. “Quando comparamos amarelinha, pega-pega, par ou ímpar, telefone sem fio, entre outras, com o mundo atual que é muito mais on-line, conseguimos avaliar o quanto o mundo atual das telas comprometer o desenvolvimento do cérebro”, avisa o médico.

Algumas brincadeiras bem simples, fáceis de produzir e de brincar podem auxiliar na educação das crianças e cada uma delas estimula um tipo de inteligência especifica e as habilidades mentais. São elas:

  • Stop, telefone sem fio ou trava língua: Aqui a inteligência linguística e comunicação são estimuladas para potencializar matérias escolares como português e inglês;
  • O que, o que é? Pedra, papel e tesoura, par ou ímpar e jogo da velha: Promovem a inteligência lógico matemática e melhoram as habilidades com fazer contas;
  • Esconde-esconde ou bola de gude: Tudo o que engloba a inteligência espacial, aquelas que envolvem noção de espaço, melhoram o conhecimento para andar de bicicleta e até dirigir no futuro, já que estruturas profundas do cérebro, como cerebelo e gânglios da base, são utilizadas nestas brincadeiras;
  • Perna de lata, jogar amarelinha, cama de gato, pular corda, elástico, andar de carrinho de rolimã ou de pega-pega: Como mexer com o corpo físico desperta a habilidade motora, a inteligência corporal sinestésica é trabalhada nestas brincadeiras que, além disso tudo, ainda queimam calorias e pode ser uma boa introdução ao esporte;
  • Bater bafo (bater figurinhas): Estimulam a inteligência emocional;
  • Colecionar figurinhas: A memória, a atenção e outras habilidades sociais são saudavelmente provocadas com esse hábito que aciona o circuito do prazer;
  • Ter um pet: Trabalha a empatia, desenvolve sentimentos e emoções além de aquecer as habilidades sociais;
  • Empinar pipa: Essa brincadeira envolve vários processos desde a psicomotrocidade ao montar a pipa, compreender o mundo físico como o vento que fará a pipa voar e assim, a inteligência física e interpessoal são estimuladas;
  • Vivo ou morto, gato-mia e passa anel: Ponderar atitudes provocam o controle inibitório nesses tipos de brincadeiras que ainda estimulam a atenção. 

 



Dr Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. Há 12 anos atua como comunicador, já tendo passado pela TV Globo por seis anos como consultor fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (2013 a 2019), por um ano (2020) na TV Band no programa Aqui na Band como apresentador do quadro de saúde “E Agora Doutor?” e dois anos (2020 a 2022) como Corresponde Médico da TV CNN Brasil. Desde 2020 comanda seu programa semanal no Youtube ‘Olho Clínico com Dr. Fernando Gomes’ Link. É também autor de 10 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena a unidade de ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro



Tatiana Serra, psicóloga e neuropsicóloga - CRP: 06/123778 - Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e Transtorno do Espectro do Autismo e desenvolvimento de famílias e equipe.
Link

 
Mariana Ruske - Pedagoga da Senses Montessori School, pedagoga há 12 anos, especializada no método Montessori e fundadora da Senses Montessori School, referência em bilinguismo e educação Montessori no Brasil. Mãe de dois meninos, sua trajetória inclui formações em engenharia e astrofísica antes de encontrar sua vocação na pedagogia, impulsionada pela paixão pelo cérebro humano e seu desenvolvimento. Palestrante e ativista, dedica-se a disseminar informações sobre a proteção infantil contra abuso e violência. Defende que a educação infantil é a base do futuro e vê na Pedagogia Científica de Maria Montessori a ferramenta ideal para um desenvolvimento integral.


sexta-feira, 4 de abril de 2025

Os desafios do diagnóstico do autismo invisível: por que a detecção precoce é crucial

Os impactos do diagnóstico tardio e destaca avanço recente aprovado pelo FDA para identificar sinais do transtorno já a partir dos 16 meses de idade
 

O autismo pode estar presente, mas não ser percebido — e é justamente esse o maior desafio para milhares de famílias. No mês de abril de Conscientização do Autismo, a referência em psicologia e neuropsicologia e saúde mental em todas as fases da vida, a especialista Tatiana Serra, da capital paulista, reforça a importância de olhar com atenção para o chamado “autismo invisível”: casos em que os sinais são sutis, muitas vezes atribuídos a traços de personalidade ou fases do desenvolvimento.

“Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de intervenções eficazes que melhorem a qualidade de vida da criança e da família. O cérebro infantil é altamente plástico nos primeiros anos de vida, e intervenções precoces podem fazer toda a diferença”, explica a psicóloga.

Embora o diagnóstico precoce ainda enfrente barreiras — tanto pela dificuldade de acesso a profissionais especializados quanto pela escassez de instrumentos objetivos — um novo avanço traz esperança, no ano passado, uma técnica de rastreamento ocular recebeu aprovação do FDA (a agência reguladora dos EUA) como ferramenta diagnóstica oficial para o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“O exame, indicado para crianças de 16 a 30 meses, consiste na apresentação de uma sequência de vídeos infantis enquanto um computador rastreia 120 vezes por segundo os movimentos oculares da criança. A tecnologia analisa para onde o olhar é direcionado em cada cena e compara com os padrões de crianças típicas da mesma idade. A partir dessa análise, é possível identificar em minutos se há padrões de atenção característicos do espectro autista”, explica Tatiana.

“É um avanço promissor porque permite um diagnóstico menos subjetivo, baseado em evidências visuais e comportamentais, que muitas vezes escapam mesmo aos olhos mais atentos dos pais ou professores”, comenta. A psicóloga ainda lembra que, muitas vezes, crianças com autismo leve ou com boas habilidades verbais passam despercebidas nos primeiros anos escolares. “Essas crianças podem sofrer silenciosamente com dificuldades de socialização, crises sensoriais ou hiperfoco, sem receber apoio adequado”, afirma.

Tatiana ainda ressalta que o diagnóstico não deve ser temido, mas compreendido como um passo fundamental para o desenvolvimento da criança. “Saber é o primeiro passo para acolher. Quando a família entende o que está acontecendo, pode buscar estratégias que respeitem e fortaleçam a individualidade da criança.”

O mês de abril reforça que conscientizar é também democratizar o acesso à informação, ao diagnóstico e ao cuidado. E, como diz Tatiana, “quando enxergamos além do comportamento, começamos a ver o ser humano por inteiro”.

 

Tatiana Serra, psicóloga e neuropsicóloga - Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e Transtorno do Espectro do Autismo e desenvolvimento de famílias e equipe.


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