Segundo especialista em segurança, Glauco Splendore, consumo e tráfico de drogas impulsionam crimes
A sensação de insegurança vivida pela população
parece crescer a cada dia. Pesquisa recente, denominada “Retratos da sociedade
brasileira – Segurança Pública”, realizada pelo IBOPE em 141 municípios
brasileiros revela que quase sete em cada dez brasileiros (68%) consideram a
situação da segurança no Brasil ruim ou péssima (eram 51% em uma pesquisa
similar realizada em 2011). O percentual é ainda mais alto se levada em
consideração a percepção dos moradores das cidades periféricas (80%).
Comparando com três anos, 60% acreditam que a situação no país, em 2017, está
pior. Os reflexos: os cidadãos e as próprias entidades têm buscado alternativas
para garantir a proteção, seja individual ou coletiva.
O levantamento, encomendado pela Confederação
Nacional da Indústria (CDI), mostrou que quatro em cada dez famílias tiveram
alguma vítima de assalto no último ano e que 86% dos brasileiros atribuem às
drogas o aumento da violência nas cidades. Além disso, sete em cada dez pessoas
afirmaram ter mudado hábitos para se prevenir contra a violência.
Para o especialista em segurança e sócio da
Splendore Blindagem – empresa que atua no segmento de blindagem de veículos -,
Glauco Splendore, as pessoas estão mais cautelosas e têm evitado, de diversas
formas, a exposição ao risco. “As famílias têm equipado suas casas e veículos
buscando algum tipo de blindagem contra o terror. Instalam alarmes, grades e a
contratação de diversos seguros extras, além de investir, cada vez mais na
blindagem veicular”, destacou.
Segundo ele, o aumento do tráfico e consumo de
drogas, sobretudo o crack, tem trazido uma onda de assaltos e agressões em
proporções inéditas. “Basta dizer que hoje, há um crescimento bastante
significativo de assaltos a veículos e latrocínios (roubo seguido de morte)
justamente para sustentar o vício. Também nota-se, sob esta mesma lógica
argumentativa, uma altíssima incidência relacionada ao roubo de celulares e
residências”, diz.
Dados recentes da Secretaria de Segurança Pública
(SSP), em São Paulo, apontam que, somente no mês de fevereiro de 2017, foram
registrados 296 casos de homicídio - um aumento de 3,14% em referência ao mesmo
mês de 2016. Já os latrocínios, subiram bem mais. São 34 casos, contra 24. Mais
de 40% de elevação, se comparados a fevereiro de 2016.
Blindagem veicular
Uma das grandes mudanças, detectadas pelo
especialista em segurança, Glauco Splendore, acerca das medidas tomadas pela
sociedade para garantir a proteção, é a blindagem de veículos. Além de
investimentos crescentes de empresas públicas e privadas neste procedimento, é
cada vez mais frequente a participação das famílias brasileiras.
Segundo informações obtidas junto ao Exército Brasileiro, em 2016, foram blindados 18,5 mil veículos. São Paulo é responsável por 70% desta frota. “Antes, a blindagem era um privilégio exclusivo de artistas e da classe política. Hoje, empresários e famílias de classe média têm optado intensamente por esta prática”, destaca Splendore, que afirma que o segmento de blindagem deverá ter um crescimento de até 20% em 2017.
O especialista esclarece, ainda, que a blindagem
mais comum é o nível III-A, que protege contra qualquer armamento de mão e
exige a autorização do Exército. Ele não indica a blindagem para todo o tipo de
veículo. “É aconselhável que o automóvel tenha um motor mais potente (a partir
de 1.4), pois o veículo fica em torno de 160 quilos mais pesado”.