Ginecologista e Nutricionista explicam que: comer e evitar certos alimentos e ter alguns cuidados podem reduzir ou prevenir infecções por fungos no verão
Vivemos no Brasil, onde o clima costuma parecer brutalmente quente o ano todo. É importante nos protegermos, não só esquecendo do “protetor solar”. Reconhecer que o calor pode impactar no nosso corpo de maneira geral, e especificamente em relação à saúde ginecológica.
Com
a chegada do verão, aumentam os casos de uma das doenças que mais afetam a
saúde feminina, a candidíase. Trata-se de uma infecção localizada nas regiões
da vulva e da vagina, causada por um fungo, em geral a Cândida Albicans. Para
evitá-la, evitar certos alimentos e os cuidados com a higiene pessoal devem ser
redobrados nesta época do ano, em que há o aumento da temperatura.
A
ginecologista carioca Dra. Camila Ramos (@dracamilaramos),
explica que o calor causa a alteração da acidez na vagina e a redução dos
bacilos de defesa da flora de proteção, facilitando a proliferação da doença.
“Inchaço, coceira, inflamação vulvar e vaginal, além de secreção esbranquiçada
e densa, são os principais sintomas da candidíase. A doença tem a alteração da
flora vaginal, sua principal causa”, ressalta a profissional.
No
entanto, vários alimentos e mudanças na dieta também podem ajudar, explica a Nutricionista
das celebridades Luna Azevedo @lunanutri.
A
saúde de seu sistema digestivo depende muito de um bom equilíbrio entre as
bactérias “boas” e “más” que vivem em seu intestino.
As
bactérias “boas” que normalmente residem em seu intestino são importantes para
a digestão, pois ajudam a processar amidos, fibras e alguns açúcares. Quando a
microbiota intestinal fica desequilibrada, você pode ter problemas digestivos,
incluindo prisão de ventre, diarreia, náusea, gases, cólicas e distensão
abdominal.
Da
mesma maneira, tendo em vista que todos nós temos o fungo Candida albicans naturalmente
presente na região genital e na pele, porém, o seu crescimento aumentado em
desequilíbrio (disbiose) resulta na candidíase, gerando prejuízos para nossa
saúde. Estudos recentes indicam que hábitos alimentares saudáveis contribuem
para o tratamento e prevenção da candidíase. Ressalta a nutricionista.
CONSIDERE
ESTAS DICAS GINECOLÓGICAS AO ENFRENTAR O CALOR NESTE VERÃO:
Se
viajar, planeje com antecedência - Tente marcar uma
consulta com a sua ginecologista, leve uma receita com medicamento antifúngico
para o caso de emergência. Assim se a candidíase aparecer, não vai atrapalhar
sua viagem.
Tenha
cuidado quando se trata da depilação - Durante o verão,
as mulheres tendem a remover os pelos pubianos com frequência. Dependendo do
método de remoção, a limpeza pode causar pêlos encravados, queimaduras
incômodas com lâmina de barbear e infecções dos folículos capilares ou
foliculite. A limpeza também pode causar lesões na pele, incluindo queimaduras
por cera quente, cortes ao barbear e até micro-abrasões expostas aos olhos,
todas as quais podem ser infectadas e aumentar o risco de infecções sexualmente
transmissíveis (DSTs), incluindo o vírus do papiloma humano ( HPV) e molusco
contagioso. Também é importante manter uma boa higiene após qualquer tipo
de depilação e manter a área limpa enquanto monitora quaisquer sinais de
infecção.
Não
seja excessivamente agressivo com a higiene vaginal - A
vagina não precisa de atenção extra ou limpeza apenas por causa do clima mais
quente; é uma parte incrível da anatomia feminina, com a capacidade de suportar
todos os tipos de mudanças no pH de fluidos como sangue menstrual e ejaculação
pós-relação sexual. Sua vagina pode se ajustar rapidamente às condições normais
por conta própria, e isso não mudará durante o verão. Apesar ducha vaginal
poder dar um conforto
As
infecções vaginais por fungos podem ser evitadas?
Mantenha
sua área vaginal limpa. Use água e sabão neutro sem cheiro. Enxague bem.
Depois
de usar o banheiro, limpe da frente para trás para evitar espalhar leveduras ou
bactérias de seu ânus para a vagina ou trato urinário.
Use
roupas íntimas que ajudem a manter a área genital seca e não retenha o calor e
a umidade. Uma boa opção é a roupa íntima de algodão.
Evite
roupas justas, como meia-calça e jeans justos. Isso pode aumentar o calor
corporal e a umidade na área genital.
Troque
o maiô molhado imediatamente. Vestir um maiô molhado por muitas horas pode
manter sua área genital quente e úmida.
Troque
os absorventes ou tampões com frequência.
Não
use desodorantes ou sprays, perfumes. Esses itens podem alterar o equilíbrio
normal dos organismos em sua vagina.
ALIMENTOS
PARA COMBATER INFECÇÕES CAUSADAS POR CANDIDÍASE.
As
infecções por fungos são um problema para muitas pessoas.
No
entanto, vários alimentos e mudanças na dieta também podem ajudar.
Aqui
estão 5 dicas sobre alimentação e alguns minerais e vitamina importantes para
combater infecções por fungos vaginais.
1.
óleo de coco
As
plantas têm suas próprias defesas contra leveduras e outros fungos, e algumas
produzem compostos que são tóxicos para os fungos.
Um
bom exemplo é ácido láurico e caprílico, que quando convertidos em
monolaurina e monocaprina exercem função antifúngica (rompem a membrana que
envolve o fungo), e assim, tem seus efeitos antimicrobianos e antifúngicos.
O
óleo de coco tem quase 50% de ácido láurico. Isso o torna uma das fontes
dietéticas mais ricas desse composto, que raramente ocorre em grandes
quantidades nos alimentos.
2.
Probióticos
Vários
fatores podem tornar algumas pessoas mais propensas a infecções por Candida,
incluindo diabetes e um sistema imunológico enfraquecido ou suprimido.
Os
antibióticos também podem aumentar o risco, já que dosagens fortes às vezes
matam uma parte das bactérias benéficas em seu intestino.
Essas
bactérias fazem parte das defesas naturais do seu corpo contra as leveduras
Candida. Eles protegem contra infecções competindo com eles por espaço e
nutrientes.
Os
probióticos podem ajudar a restaurar essas populações de bactérias benéficas.
Probióticos
são bactérias vivas frequentemente encontradas em
alimentos fermentados, como iogurte com culturas ativas e em suplementos,
possuem o papel de manter e microbiota equilibrada, deixam menos substrato para
o desenvolvimento de fungos (pois competem entre si), inibem a adesão do fungo
na parede vaginal.
As
cepas mais indicadas para o tratamento da candidíase são as cepas de Lactobacillus
Crispatus, elas promovem a imunomodulação e restauração da
microbiota saudável no intestino e na vagina (CHEE ET AL, 2020).
Porém,
o tratamento com probióticos depende do grau de desequilíbrio das bactérias
intestinais, da gravidade da candidíase e da existência de outras doenças, como
a SIBO (síndrome do supercrescimento bacteriano), onde o uso de
probióticos muitas vezes deve ser evitado. Por isso, é importante que o consumo
de probióticos seja sempre orientado por um médico ou nutricionista.
3.
Uma alimentação com baixo teor de açúcar
As
leveduras crescem mais rápido quando o açúcar está prontamente disponível em
seu ambiente. Na verdade, altos níveis de açúcar na corrente sanguínea aumentam
o risco de infecções por Cândida, uma vez que, o principal substrato para a
proliferação fúngica é a glicose. Por isso, vale a pena moderar o consumo de
carboidratos de alto índice glicêmico.
4-
Diminuição do consumo de leites e derivados
A
lactose, açúcar do leite, é um tipo de carboidrato altamente fermentável, sendo
assim, o seu consumo pode favorecer ainda mais a proliferação de fungos e
bactérias lácteas, grandes causadoras de doenças como candidíase e cistite.
Além de que, leite e derivados para pessoas intolerantes podem piorar os
quadros de infecção.
5.
Alho
O
alho é um alimento vegetal com fortes propriedades antifúngicas, devido à alicina,
uma substância que se forma quando o alho fresco é esmagado, uma de suas
funções é a inibição do crescimento fúngico pela destruição das suas membranas,
além de conter considerável teor de selênio agindo como antioxidante.
O
alimento pode ser consumido na forma crua, de preferência amassado na comida ou
na forma de extrato fresco, seco ou envelhecido (manipulado pelo nutri).
Lembre-se
de que usar alho cru em áreas sensíveis ou íntimas, pode ser prejudicial e
causar queimaduras químicas graves.
Vitaminas
e minerais importantes:
FERRO:
a deficiência de ferro se relaciona com a diminuição de
citocinas produzidas pelos linfócitos T e de capacidade fagocitária de
neutrófilos, prejudicando o sistema imunológico;
ZINCO:
a deficiência está relacionada com a diminuição da
atividade de linfócitos T, o que pode aumentar a proliferação fúngica;
SELÊNIO:
faz parte da glutationa peroxidase (enzima antioxidante),
que protege as membranas celulares; sua deficiência diminui linfócitos T
e altera citocinas, diminuindo a ação do sistema imune;
VITAMINA
E: tem capacidade antioxidante e modula a resposta de células
fagocitárias NK, importante para a defesa do organismo contra infecções
O
resultado final
Se você acha que tem uma infecção por fungos, consulte seu médico para obter um medicamento antifúngico.
Se
você tende a ter muitas dessas infecções, seguir uma dieta saudável ou tomar
suplementos como probióticos pode ajudar.
Por si só, essas estratégias de dieta
estão longe de ser um tratamento eficaz. Mas como medida preventiva, ou junto
com a medicação, eles podem fazer a diferença.
Dra. Camila Ramos - ginecologista com ênfase em
reprodução humana e climatério - CRM: 52-95691-0 - http://instagram.com/dracamilaramos
Dra Luna Azevedo -
Nutricionista incentivadora da alimentação consciente , com grande influência
com o público Vegetariano/Vegano. CRN: 1410020 | https://www.instagram.com/lunanutri/?hl=pt-br