A imunização deve ser realizada antes
do início da vida sexual. Especialista fala sobre importância da prevenção e
riscos da doença
Durante todo o mês, Janeiro Verde vem
para alertar sobre a importância da conscientização contra o câncer de colo de
útero, doença que ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus
Humano (HPV). A infecção sexualmente transmissível é a mais comum em todo o
mundo, atingindo de forma massiva as mulheres.
Diversos especialistas acreditam que na
pandemia as medidas restritivas impostas para evitar o aumento do contágio pela
covid-19, assim como o fechamento das escolas, pode ter impactado em uma menor
procura pela vacinação contra o HPV, uma vez que muitas das campanhas são
realizadas nas instituições de ensino.
Apesar da pandemia, é importante
reforçar que a cobertura vacinal contra o HPV é considerada insatisfatória há
algum tempo. As entidades de saúde consideram ideal que as taxas sejam de 80%
tanto para as meninas, quanto para os meninos. Mas, a realidade é outra: no
Acre, apenas 33,6% do público-alvo está vacinado, no Rio Grande do Norte,
46,2%, Pará, 43,9%, Rio de Janeiro, 44,6%, Santa Catarina, 65,2%, Minas Gerais,
66,8% e Paraná com 72,7%.
Desde 2014, a vacina é oferecida nas
UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todo o Brasil para meninas de 9 a 14 anos e
meninos de 11 a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras
sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o
ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao
menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a
dez anos.
"Geralmente, a infecção genital
por HPV é bastante frequente e, na maioria dos casos, é assintomática e
autolimitada, ou seja, até os 30 anos de idade grande parte das mulheres tem a
infecção resolvida. Mas, quando ocorre a persistência do vírus nas células do
colo do útero, elas podem avançar para o desenvolvimento de câncer",
comenta Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
De olho na
prevenção
Diante dessa realidade, é importante
reforçar que a ferramenta essencial na luta contra o câncer do colo do útero é
a vacinação contra o HPV. "A imunização pode prevenir também o câncer de
vulva, ânus e vagina nas mulheres e de pênis nos homens. Por isso, o ideal é
que esse cuidado ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja
uma exposição ao vírus".
Além da vacinação, que é considerada
uma prevenção primária, é importante realizar os exames de rotina ginecológica,
como o Papanicolau (anualmente e depois a cada três anos), dos 25 aos 64 anos
de idade. "Ele é muito importante para identificar lesões pré-cancerosas e
agir rapidamente contra o câncer do colo do útero", alerta Marcela. Vale
lembrar ainda que os exames devem ser feitos mesmo se a mulher for vacinada
contra o HPV, pois o imunizante não protege contra todos os tipos oncogênicos
da doença.
Primeiros sinais
A doença em estágios iniciais é
assintomática, mas a dor na relação sexual ou sangramento vaginal pode estar
presente. Por isso, é muito importante o rastreamento com o exame Papanicolau
de rotina.
No entanto, se a doença estiver mais
avançada, pode ser que a paciente tenha anemia - devido a perda de sangue -
dores nas pernas e costas, problemas urinários ou intestinais e perda de peso
não justificada. "Geralmente, os sangramentos acontecem durante a relação
sexual, mulheres que já estão na menopausa ou ainda fora do período menstrual.
Por isso, é muito importante buscar pelo aconselhamento de um
especialista", orienta a oncologista.
Diagnóstico da
doença em estágio inicial aumenta chances de sucesso no tratamento
A oncologista da Oncoclínicas São Paulo
explica que podem ser realizadas cirurgias, radioterapia e/ou quimioterapia.
"Na cirurgia, ocorre a retirada do tumor, ou ainda do útero quando
necessário. Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são realizadas
sessões de radioterapia e quimioterapia", comenta Marcela Bonalumi.
Apesar da doença ser bastante
silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver uma redução de até 80% na
mortalidade pelo câncer do colo do útero. "Muitas mulheres não descobrem
na fase inicial. Sempre aconselho as pacientes a realizarem periodicamente seus
exames de rotina, como o Papanicolau. Além disso, é fundamental que sejam
consumidas informações de qualidade, sendo essa uma das principais aliadas ao
combate do HPV", finaliza.
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