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segunda-feira, 18 de junho de 2018

O VULCÃO SOCIAL


Os geofísicos ensinam que a fusão de rochas com materiais voláteis, quando submetidas a uma temperatura que pode chegar aos 1500º C, resulta em magma, substância existente no interior da terra em uma profundidade entre 15 a 1500 kms. Nas últimas semanas, nossos olhos contemplaram essa massa avermelhada saindo de um vulcão na Guatemala, na América Central, correndo por encostas, cobrindo cidades de fogo e cinzas, devastando paisagens e deixando um grande saldo de mortos e desaparecidos.

A imagem da erupção vulcânica nos remete a uma leve sensação de conforto pelo fato de o Brasil não ter vulcões em atividade, o que não significa que estamos imunes às desgraças com origem noutros fatores. Nossa cultura política, por exemplo, é fonte de desvios e curvas que acabam tirando o país de seu rumo civilizatório. Nem bem saímos da pior recessão da história, sob acolhedora sombra de reformas que prometiam recolocar o trem nos trilhos e resgatar a credibilidade do país, eis que o pessimismo volta a abater o ânimo nacional.

Apesar do alerta do ex-presidente Fernando Henrique (em seus tempos de mando) de que “não podemos cair no catastrofismo”, o futuro é nebuloso e tão cheio de interrogações que não há como escapar à ideia de magmas em formação subindo à superfície do nosso território para explodir na erupção de um vulcão social, caso se eleja no pleito deste ano um perfil de extrema direita ou um de extrema esquerda. A sugestão do próprio FHC de se arrumar consenso em torno de Marina Silva (Rede Sustentabilidade) não resiste à evidente inferência de que essa figura pacata e moderada não reúne condições para enfrentar a real politik. Seria tragada por intermitente tufão político.

Voltemos aos extremos. O espírito beligerante de Jair Bolsonaro, caso o capitão seja eleito, levaria o país para uma posição de continuados conflitos. Estabeleceria, de imediato, a disputa de “cabo-de-guerra” entre militantes, multiplicando arengas e querelas, expandindo posições radicais, e envolvendo classes sociais, levadas a tomar partido diante de confrontos nas ruas e nas casas congressuais. A ingovernabilidade ganharia corpo. O clima social ficaria sob a ameaça de um rastilho de pólvora. Que os bolsonarianos gostariam de jogar aos montes para acender o pavio. O vulcão entraria em erupção diante de gestos tresloucados do governante.

Do outro lado, eventual perfil representando a extrema esquerda e correntes de esquerda reforçaria o refrão do apartheid social, “nós e eles”, que o PT continua a brandir em vídeos, mensagens pelas redes, expressões de seus porta-vozes – Lula, Gleisi, Lindberg Faria, entre os principais. Para montar firme na sela do cavalo, o eleito não deixaria brechas: encheria os tanques da máquina governamental com radicais e enfiaria o Estado na estrutura partidária. Todos os cantinhos seriam ocupados. Projeto de poder de 20 anos, com juros e correção monetária cobrados do impeachment de Dilma. Em suma, teríamos amarração da sociedade ao Estado forte.

O país está dividido. E a hipótese de harmonia social não passa de lorota quando expressa por figuras das extremidades do arco ideológico. O que se vê na farta linguagem de militantes nas redes sociais é a destilação de ódio, infâmias, acusações pesadas, falsidades e enaltecimento às ditaduras. O Brasil volta a sofrer a síndrome de Sísifo, o condenado pelos deuses a depositar a pedra no cume da montanha, tarefa que tenta executar por toda a eternidade.





Gaudêncio Torquato - jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter@gaudtorquato


A Copa política e o Patriotismo


Ainda me lembro das antigas copas do mundo em que realmente se vibrava com o futebol. Não que o futebol brasileiro fosse tão bom quanto os outros, mas a disputa exacerbava algo que estava latente no povo brasileiro, o patriotismo. Milhares saíam às ruas para comemorar, torcer com as bandeiras nas janelas dos automóveis e mandar gritos de amor ao Brasil. Porém, isso foi se perdendo com o tempo. A tal ponto que hoje, o brasileiro, em razão de tanta desesperança e falta de patriotismo, tendo por quase vinte anos nossa bandeira brasileira substituída por uma bandeira vermelha, o Hino Nacional substituído por músicas partidárias compostas por marqueteiros esquerdistas em época de eleições, após tanta desventura política regada de corrupção vindo à tona, se cansou. Hoje não há mais copa do mundo vibrante exalando patriotismo, e sim decepção.

Nunca vi uma Copa do Mundo tão triste como esta, tão sem o elemento de união que por bem ou por mal nos trazia um sentido de nação. A grande verdade é que o que desperta hoje no brasileiro comum é a vontade de mudança política, pois a maturidade ideológica nos leva a uma compreensão de que infelizmente o esquerdismo que vivenciamos após o regime militar destruiu o patriotismo. Hoje preferimos lutar contra a corrupção, lutar contra as mesmas caras políticas que insistem em nos enganar, fazendo uso dos mesmos partidos políticos, e seus donos, que manipulam o desejo do povo brasileiro em prol de seus interesses.

Isto posto, fica fácil entender a enorme adesão a partidos de direita no Brasil, pois nunca houve discursos francos e abertos sobre o conservadorismo. Numa análise pura e simples, entende-se o porquê de se cantar o Hino Nacional com disposição patriótica quando um candidato militar de Direita aparece nos aeroportos, ou seja, a figura do militar empresta confiabilidade, num país onde se perdeu a confiança em todos políticos da mesma cara, do esquerdismo que canta um mantra de luta de classes que até hoje não levou a nada, a não ser a uma corrupção desvairada.

Há poucos dias li uma matéria que informava que cerca de 6 mil estudantes da Universidade de Brasília (UnB) elegeram a direção do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Desta vez, alunos com perfil de direita conquistaram o comando da entidade, ou seja, algo que jamais poderíamos imaginar anos atrás, pois a esquerda dominava as universidades, principalmente as federais e estaduais. 

Essa pode ser uma Copa do Mundo sem interesse, mas com certeza o Brasil está mudando politicamente e se vê claramente a rejeição do povo brasileiro aos políticos de esquerda, os da bandeira vermelha, os que nos fizeram esquecer o Hino Nacional, os que roubaram nosso brilho nos olhos e o amor ao Brasil. Vamos marcar um gol nestas eleições elegendo gente bem-intencionada, sincera, corajosa e acima de tudo patriota. Essa sim será a Copa do Brasil, e não a Copa do Mundo.






Fernando Rizzolo - Advogado, Jornalista, Mestre em Direitos Fundamentais, Professor de Direito


Testosterona e a disfunção sexual feminina


Estudos divulgados pela ginecologista Flávia Fairbanks mostram como esse hormônio atua, por exemplo, contra a falta de libido


Dor, desconforto, falta de excitação e de libido, dificuldade para chegar ao orgasmo. Esses são alguns dos problemas de disfunção sexual que acometem as mulheres.  Eles representam uma questão importante de saúde pública, pois atingem cerca de 40% da população feminina.

 A sexualidade está oficialmente, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre os critérios que avaliam a qualidade de vida do cidadão. Portanto, problemas sexuais influenciam no bem-estar do indivíduo.

 A ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks Lima de Oliveira Marino, membro da Comissão Nacional Especializada de Sexologia da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), fala sobre o tema e explica o papel dos hormônios e dos neurotransmissores na questão da disfunção sexual feminina, inclusive o uso de testosterona para tratar os diversos problemas relacionados à vida sexual das mulheres.

 Segundo a médica, “o papel deles é essencial à resposta sexual feminina, em especial: os androgênios, estrogênios, progesterona, prolactina, ocitocina, cortisol e feromônios, além de óxido nítrico, serotonina, dopamina, adrenalina, noradrenalina e opioides.”

 Para o tratamento dessas disfunções, há vários medicamentos e entre eles está a reposição de testosterona.

 “Mas, antes de iniciar a terapia, é preciso que a paciente seja examinada por um médico. A consulta deverá contar com uma entrevista sobre a saúde dela em geral e sobre a vida sexual, além de um exame físico detalhado. A abordagem multiprofissional e multidisciplinar é a mais adequada”, ressalta Flávia.

 Na mulher, explica a ginecologista, os ovários e a conversão periférica dos pré-androgênios produzidos nas suprarrenais respondem pelos níveis de testosterona. Suas principais funções no organismo feminino envolvem a própria conversão em estrogênios, manutenção musculoesquelética, cardiovascular e ação em diversos centros cerebrais, inclusive aqueles ligados à função sexual.

 “A deficiência de testosterona nas mulheres tem implicações que podem contribuir de forma direta ou indireta para a diminuição do desejo sexual feminino”.
       
 Um dos métodos de tratamento com testosterona é a aplicação vaginal que, ressalta Flávia, se mostrou eficaz para aumentar a espessura da mucosa e, consequentemente, reduzir a dor ou o desconforto durante o ato sexual.  

 “O medicamento composto por undecanoato de testosterona adicionado à terapia hormonal convencional pós-menopausa melhorou significativamente a qualidade de vida das mulheres nessa fase. A testosterona transdérmica foi eficaz na melhora da diminuição do desejo sexual”, relata.

 Estudos realizados por especialistas indicam que o uso desse hormônio por período curto, de até 3 anos, é seguro. “Mas existe a necessidade de estudos sobre reposição de testosterona em pacientes com falência ovariana prematura.”

 A resposta terapêutica no emprego da testosterona em mulheres com redução do desejo sexual pode ocorrer após semanas de uso da mesma. Caso não haja resposta terapêutica em até seis meses, o uso da testosterona deve ser encerrado.

 “Como não há estudos sobre segurança do uso do hormônio por períodos longos em mulheres, diversas hipóteses são levantadas: riscos cardiovasculares vinculados a eventos tromboembólicos, hepatopatias e possibilidade do surgimento de alguns tipos de câncer”, informa a médica.

 Flávia prossegue, “em relação ao risco oncológico, uma das maiores preocupações entre usuárias e médicos que optam pelo tratamento com testosterona, nenhum estudo conseguiu estabelecer vínculo real entre eles. Foram analisados os riscos para desenvolvimento de câncer de mama, de endométrio e de ovário e a testosterona transdérmica não se associou à elevação dos mesmos.”

 A associação entre elevação do risco cardiovascular e uso de testosterona também é foco de preocupação, estando, até o momento, estabelecida a relação do uso do hormônio com a elevação do hematócrito, que é a porcentagem de volume ocupada pelos glóbulos vermelhos ou hemácias no volume total de sangue.

Os principais efeitos colaterais reconhecidos e associados à terapia com testosterona são a piora da acne e o hirsutismo (crescimento excessivo de pelos).

 “A conclusão que chegamos é que ainda não há respaldo científico que assegure a prescrição de testosterona por longos períodos. Existe benefício no uso de testosterona transdérmica para o favorecimento da resposta sexual de mulheres pós-menopausa, por período de até seis meses, desde que respeitadas às contraindicações para a administração de terapia hormonal; essas mulheres têm maior benefício quando têm vida sexual satisfatória no período pré-menopausa, pois daí, efetivamente, se verifica uma reconstrução da vida sexual de qualidade e há evidências de efeitos do uso de testosterona em diversos sistemas do organismo, inclusive mecanismos neurobiológicos. Logo sua prescrição deve ser extremamente cuidadosa e requer vigilância e acompanhamento multidisciplinar periódico”, conclui Flávia.



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