Apesar de parecerem
simples, concussões podem representar problemas mais graves do que você
imagina. Aprenda o que fazer nesses casos
A cena é clássica: alguém esquece a porta
do armário da cozinha aberta e topa com ela ao se levantar. Ou o filho tropeça,
cai e bate a cabeça contra um móvel. Qual a reação mais comum? Esfregar o
local, exclamar que não foi nada e seguir com a rotina. Mas será que não foi
nada mesmo? Esses episódios, na maioria das vezes, não são levados a sério,
mas, em alguns casos, a avaliação médica é determinante para evitar
complicações.
Dados da Associação Brasileira de
Traumatismo Crânio Encefálico (ABTCE) registram 1,1 milhão de traumas desse
tipo por ano, sendo que cerca de 40% deles são moderados ou graves. “O
principal parâmetro para levar uma pessoa ao pronto-socorro é observar
eventuais alterações no nível de consciência de quem sofreu a pancada. Tontura,
dor de cabeça, vertigem, apatia e confusão mental são sinais de que é preciso
procurar ajuda”, alerta Renato Anghinah, coordenador do Núcleo de Neurologia do
Hospital Samaritano Higienópolis (São Paulo).
O médico complementa que, quando uma
criança se machuca dessa forma, é esperado que ela chore, fique nervosa e,
consequentemente, cansada, querendo dormir. “O importante é avaliar se ela está
agindo como faria em seu estado normal. No entanto, como é difícil para os pais
fazerem essa avaliação, o ideal é levar a criança ao hospital, sobretudo se ela
estiver abatida, com uma reação não habitual a estímulos sonoros e visuais”,
completa.
O bom senso também é válido. Se uma criança
pequena cai da própria altura, provavelmente o trauma será menor do que se a
queda ocorrer de um local mais alto, como um beliche. Na dúvida, vale uma ida
ao hospital, onde os médicos normalmente solicitam um exame de tomografia em
busca de indícios de lesão, inchaço ou sangramento. Mesmo que o resultado dê
negativo, eles podem complementar com uma ressonância magnética, que fornece
informações mais detalhadas das condições do cérebro. Porém, a avaliação
clínica é que determina a necessidade de observação por mais tempo no hospital,
independentemente dos resultados de imagem.
Outra circunstância que exige atenção são
os acidentes de carro. “Mesmo que não ocorra um impacto diretamente na cabeça,
a desaceleração brusca é capaz de afetar as células nervosas. O mesmo vale para
traumas repetitivos, como no caso de lutadores e outras atividades que promovem
batidas subsequentes na cabeça. Não à toa, nos Estados Unidos, é proibido
cabecear a bola na prática do futebol antes dos 14 anos de idade”, afirma
Anghinah.
Agora que você já sabe o que fazer diante
de um episódio desses, que tal conhecer algumas medidas de prevenção de
concussões? Veja só como é possível minimizar bem os riscos:
• Evite sacudir crianças pequenas ou
jogá-las para cima, mesmo que seja por brincadeira;
• Carregá-las na sua bicicleta pode ser
perigoso. O melhor é que ela vá pedalando em sua própria bike, ao seu
lado. E sempre com capacete!;
• Atenção aos parquinhos. Oriente seu filho
a não passar na frente ou atrás de uma criança que esteja em um balanço. Dê
preferência a playgrounds com piso emborrachado. Note se o escorregador
tem proteção lateral, na parte mais alta, e redobre a atenção no gira-gira.